Capítulo II

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─ Dá licença um pouquinho, Pequena. Preciso trocar uma ideia com o Gogó de Ouro aí.

Sem cerimônia, André afastava Felipe e Mariana que trocavam um longo beijo na parte mais escurinha das arquibancadas do ginásio.

─ Nem pensar, André. Quem você pensa que é pra... – Mariana parecia zangada com a interrupção.

André, sem ligar a mínima para o chilique da coleguinha de Milena, tirou calmamente uma nota de dois reais do bolso, cortando com a ação a fala da menina.

─ Posso saber o que isso significa? – Ela o encarava com aqueles olhos verde-água delicadamente cobertos por várias camadas de lápis preto.

─ Toma. – Entregou. – Para você comprar de pirulito. Não precisa trazer troco, viu?

Mariana puxou a nota com violência das mãos de André para imediatamente jogá-la na cara dele. Deu um grito de indignação e saiu bufando dali batendo seus all stars azuis no chão com toda força. Queria que o irmão de Milena explodisse. Quando ela se afastou, André sentou-se ao lado de Felipe.

─ Agora, nós dois. – Disse com ares de companheiro, para a surpresa de Lipe, que nunca tinha trocado uma palavra com o presidente do grêmio. – Só queria dizer que você merece minha reverência, Gogó de Ouro. – André fez um gesto abaixando a cabeça em cumprimento ao outro. – Golpe de mestre. Você é uma promessa, garoto. – Deu um tapinha carinhoso nas costas de Felipe.

─ Ok! – Felipe estava desconfiado daquele papo esquisito. Mas achou melhor não contrariar. – Valeu!

─ Sério, cara. – André sorriu. – Não precisa ficar nervoso. É Felipe, seu nome, não é? - O garoto fez que sim com a cabeça e André continuou. – Deixa eu te falar uma coisa, eu estava mesmo preocupado, porque hoje termina uma era. Eu e meu amigo Vini fizemos história aqui dentro. Você sabe disso?

─ Faço ideia. – Não encompridou mais a conversa.

─ Pois é... – André olhava para o vazio como quem se lembrasse de um passado muito prazeroso. – Foi bom, mas agora acabou. Temos de curtir gatinhas de outro nível, gatinhas universitárias. E, por um momento, eu pensei que o Santa Inês iria ficar às moscas. Sem ninguém para preencher os sonhos dessas adolescentes encantadoras. Fico feliz em saber que alguém vai assumir o posto com tamanha categoria.

─ Cara, você é muito maluco! Que papo esquisito!

─ Maluco? Eu? Você sabe muito bem que nós dois não somos malucos, não é, Felipe? Apesar do estilo diferente, eu e você somos feitos do mesmo material, somos dois caras-de-pau, isso sim. Ou você vai me dizer que não é maluquice cantar e rebolar daquele jeito em cima do palco para a escola inteira ver? – Trocou um olhar cúmplice com o rapaz. – Tudo para chamar a atenção de uma garota... – Completou.

Felipe ficou calado. Começava a entender aonde André queria chegar.

─ Como eu disse, foi um golpe de mestre. A frieza de ficar com uma das melhores amigas dela, então? Eu não faria melhor. Você sabe exatamente o que faz, não é, moleque? – Felipe arregalou os olhos. Como aquele cara sabia de tudo. – Já disse que não precisa ficar nervoso. Não precisa fazer essa cara. Sei disso porque tenho experiência e porque presto atenção a tudo aquilo que me interessa. E esse assunto me interessa e muito. – Deu outro tapinha nas costas de Lipe. – Hoje, estou aqui como amigo. Trago minha sincera admiração, porque é preciso muita coragem para fazer o que você fez, muita inteligência também. Mas... – André deu certo tom solene à questão antes de continuar. – Saiba que a moça que você quer é minha irmã...

─ Eu gosto dela. – Resolveu arriscar na sinceridade.

─ Que bom! – Admirou Felipe por mais essa coragem de assumir. - Você sabe que ela é tinhosa, não sabe?

Pra Você Guardei o AmorOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz