Consequências de um suicídio

Garoto Chato

Como era o primeiro dia de aula não tinha muitos deveres, os professores falavam apenas um pouco e deixam a gente fazer o que quiser.

Arthur estava sentado a minha frente e aquilo me incomodou muito, estava eu distraída desenhando (coisa que na verdade nunca fui boa), ele se virou e ficou encarando o meu patético desenho.

-O que você quer? -Peegunto um pouco grossa, percebi que ele levou um susto com minhas palavras.

-Só quero ser seu amigo! -Fala como se fosse a coisa mais simples, eu reviro os olhos e rasgo a folha do desenho.

-Conta outra Arthur Enzio! -Falo fria e me levanto indo jogar a folha no lixo, ele me segue com o olhar e aquilo me deixa mais irritada.

-Por que não quer ser minha amiga?-Perguntou assim que eu voltei pro meu lugar, aqueles olhos castanhos eram tão enjuativos assim como o dono.

-Não sou amiga de gente burra!-Falo piscando e antes que ele retruque o sinal toca, avisando que seríamos liberados.

Como era o primeiro dia, iríamos embora as 10:30 horário do intervalo.

Ao recolher minhas coisas saio da sala e vou a procurar de Radi mas não a encontro, então decido ir embora.

O caminho sozinha me deixa pensar besteiras, por que ele queria se aproximar? Não devia se aproximar de mim, logo eu.

-Mãe cheguei! -Falo mas ela não está em casa, deve está na casa de alguma patroa trabalhando.

Ela sempre foi minha guerreira queria poder arranjar dinheiro, pra não vê-lá se sacrificando como empregada doméstica.

Minha mãe biológica me manda dinheiro todo mês, é apenas 100 reais desse dinheiro consigo suprir meus pequenos luxos.

Todo mês, compro uma peça de roupa e algum tipo de maquiagem barata, aos poucos eu consigo tudo que quero, minha mãe de criação também me ajuda comprando o básico.

Nunca passei fome, por que mesmo não tendo condições minha mãe de criação é uma batalhadora, todos dessa cidade conhecem ela e digamos que alguns tem inveja.

Por que mesmo não tendo homem, com seu suor ela consegue as coisas aos poucos, não somos aqueles pobres que mal sabem como sobreviver, temos condição de sobreviver mas não temos luxos.

Eu tenho as coisas que quero, meu sonho é comprar um Notebok mas não confio na minha mãe biológica, normalmente ela manda atrasado o dinheiro, então estou juntando a um ano o dinheiro.

Só falta receber esse dinheiro que ela vai mandar e pronto, eu poderei comprar meu Notebok.

Vou pro meu quarto jogo na mochila no canto e me deito na minha cama, tiro as peças de roupa calmante sem me levantar,  até ficar apenas de roupas íntimas.

Me ajeito na cama e fico olhando pro teto enquanto penso na vida, já me aconteceu tantas coisas nesses últimos 13 anos... As vezes me sinto frágil mas lembro que conseguir viver, e que com a ajuda de Deus eu superei tudo.

As vezes penso que não vou conseguir mas no fim, fica tudo bem não é verdade? Sim o que eu penso é no meu fim, a cada dia meu otimismo é mas baixo mas ninguém percebe, é só fala que está tudo bem e todo mundo acredita.

Eu só preciso fugir pra bem longe desse mundo, algum lugar totalmente alternativo que eu poderei ser quem eu sou, sei que aos poucos a depressão me atinge, as vezes nem eu mesma percebo... E com a minha própria máscara me confundo, me levanto e vou até o grande espelho que tinha no corredor.

-Quem sou eu de verdade? Qual é meu objetivo na vida? Por que sofre? Por que da custos? Por que ser eu?-Pergunto a mim mesma, volto ao quarto e vejo a porta deslizo sobre a mesma até encontrar o chão.

Começo a chorar, eu sou um mostro e não consigo ser um ser bom, o que eu faço pra ajudar minha mãe de criação? Nada eu sou um lixo, um resto de um esperma que não deveria ter sido feito, e então nasceu eu uma pobre coitada.

Agora entendo por que não as pessoas se matam, acho injustiça quando alguém aponta o dedo pra alguém e fala que ela esta errada, acho que todos erramos e merecemos uma segunda chance ou não?

Me levanto com um pouco de dificuldade, minha visão escurece e meu corpo fica mole, sinto uma agonia minha pressão abaixa e eu desmaio no chão do quarto...