Capítulo 22

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  Capítulo dedicado a @PallomaMesquita espero que goste flor.

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Hoje volto a trabalhar e decidi também que procurarei o Leonardo para uma conversa civilizada, não posso ficar com medo do que possa acontecer a qualquer momento com minha filha, preciso pensar nela. Tantas vezes vi minha mãe passar por cima da sua dor para me proteger e me ver feliz, pretendo ser como ela.

Me olho no espelho uma última vez antes de sair. Hoje optei por usar um vestido preto de malha, que tem um leve caimento e que não aperta minha barriga, os cabelos estão soltos e nos pés uma sapatilha, usar salto com esta barriga não é a melhor coisa do mundo, aliso minha barriga e em seguida saio do quarto.

- Bom dia Lau. – Diz Jeremy.

- Bom dia Jemy. – Sorrio pra ele que devora uma panqueca. – Avisa a Ca que já estou de saída. – Digo já com a mão na maçaneta da porta.

- Ow, ow, ow mocinha. Onde você pensa que vai sem tomar café? Pode ir se sentando á mesa.

- No caminho como algo, obrigado pela preocupação.

- Precisa se alimentar direito Laura.

- Eu sei, por isso disse que no caminho eu como algo.

Saio porta a fora e em questão de meia hora chego a empresa. Percebo que Fernando ainda não chegou e aproveito para pôr o serviço em ordem, procuro na agenda eletrônica o telefone da Green Interpraise, está na hora de enfrentar a fera.

- Green Interpraise, bom dia. – Uma voz fina soa no outro lado da linha.

- Bom dia, eu gostaria de falar com o Sr. Green por favor.

- Quem gostaria?

- Diga a ele que é Laura, ele sabe quem eu sou.

- Infelizmente ele está ocupado e não pode atender a ligação. – Vaca! Penso comigo mesma.

- Ok, eu ligo outra hora.

Droga! Preciso falar com ele ainda hoje, como faço? Sou tirada dos meus devaneios com a chegada do meu chefe, que logo após saber se estou mesmo recuperada me põe a par do serviço. Mergulho no trabalho e após algumas tentativas falhas de ligar para o Leonardo, eu tomo por decisão ir até lá. Ligo pra o Jeremy que confirma que ele está na empresa.

...

Assim que o táxi para em frente a empresa onde eu já trabalhei, eu salto do mesmo e me deparo com a mesma imponência de quando o vi pela primeira vez, tudo muito luxuoso. Cumprimento a menina da recepção e minto dizendo a ela que vou encontrar a Carol, e assim tenho a entrada liberada.

Ao chegar no primeiro andar me deparo com minha amiga Bianca, que assim que me vê sai detrás do balcão.

- Lau, o que ta fazendo aqui? Não lembro de termos combinado nada.

- Vim falar com o Leonardo, ter aquela conversa. – Seus olhos se arregalam.

- Jura? Então desejo boa sorte. Ah, não se assuste com a "secreranha". – Faço uma cara de desentendida e aí ela explica. – Secretária com piranha.

Começo a rir e ela me acompanha.

- Você sabe o caminho.

Me despeço dela e sigo rumo ao meu antigo local de trabalho, assim que estou me aproximando da sala da presidência vejo a secretária do Leonardo, e entendo que o apelido faz jus a quem ela é. A mulher é uma siliconada loura e com o corpo repleto de curvas bem distribuídas, seu cabelo é liso e comprido, ela está usando um vestido justo e colado ao corpo, evidenciando "tudo aquilo".

Me aproximo e ela me olha com desdém, resolvo ignorar.

- Olá, gostaria de falar com o Sr. Green.

- E você é...? – Ela me olha de cima a baixo, respiro fundo.

- Laura Fischer, pode verificar se ele pode me receber por favor?

- O Léo, atende apenas com hora marcada, sinto muito. – Dá pra ver na cara dela que ela não sente.

- Eu insisto que diga que estou aqui, com certeza ele vai querer me receber. – Digo tentando soar um pouco mais firme.

- Eu acho que não. – Ela ri irônica.

Antes que eu diga alguma coisa a porta da sala se abre impetuosamente.

- Jenyffer, preciso que reveja esses... – Sua fala morre ao se deparar comigo ali. – Oi Laura.

- Olá. Vim aqui conversar com você, porém sua secretária disse que você atendia apenas com horário marcado, eu ia deixar uma recado com a Carol ou o Jemy, já estava de saída, quando puder me procure por favor? Temos assuntos pendentes a tratar.

Eu viro as costas e sinto alguém segurar meu braço, seu toque é quente e sinto meu corpo se aquecer.

- Espera - Viro e me deparo com seus olhos azuis sobre mim. – Fique.Preciso mesmo ter esta conversa contigo.

- Achei que estivesse ocupado, sua secretária falou que... – Digo puxando meu braço de seu aperto.

- Para quem até pouco tempo atrás ocupava este cargo você anda acreditando em tudo que lhe dizem. – Ele se vira para a secretária que assiste a toda cena calada – Jenyffer, peço que sempre que Laura vir até aqui ou ligar me avise, não importa se estiver em reunião, com cliente, ou em uma ligação. Laura é mãe da minha filha e deve ser priorizada aqui, conseguiu me entender? – Ele diz frio.

- Sim senhor. – Ela gagueja e pousa o olhar sobre a minha barriga.

- Laura, me siga por favor. – Ele anda até a porta de sua sala e abre me dando passagem, resolvo entrar sem pronunciar uma palavra. – Sente-se. – Ele pede e eu o faço.

- Leonardo, não quero entrar em nenhum mérito contigo sobre nós dois, o que aconteceu foi um erro e agora precisamos lidar com as conseqüências. – Ele me observa atentamente e não consigo decifrar sua expressão. – Gostaria de dizer que cometi um erro grave ao não contar sobre a gravidez. Ao contrário do que imagina não quero um centavo do seu dinheiro ou nada que venha de você, você tem sua vida e uma criança só atrapalharia os seus planos, vou criar essa criança sozinha e não se preocupe que não vou te incomodar.

Estava sem fôlego quando terminei, alisei minha barriga e respirei aliviada, era como se um peso tivesse saído das minhas costas.

- Terminou? – Ele sorriu debochado. – Acho incrível a forma como depois de tudo que fez comigo ao longo desse tempo ainda acha que pode ditar as regras por aqui Laura. Aprenda uma coisa: meu jogo, minhas regras. – Percebi que ele estava começando a se alterar, e a última coisa que eu queria era isso. – Quem disse a você que não quero essa criança? Melanie é minha herdeira e será criada por mim. Estarei presente em todas as fases da sua vida, não abrirei mão disso, talvez você tenha me deixado de fora até agora, porque a partir de hoje cuidarei pessoalmente dos seus passos e da sua gestação, não serei um mero expectador. Você tem duas opções: pode se casar comigo e criarmos esta criança como uma família normal ou brigar comigo na justiça por uma guarda, que você sabe que pode perder. Afinal de contas posso pagar os melhores colégios e dar a essa criança uma educação de qualidade e a segurança que ela precisa, que juiz iria se impor diante disto?

A cada palavra dele meu sangue gelava, porque eu sabia que tudo aquilo era real. Infelizmente meu trabalho daria a Melanie uma vida digna, porém sem luxos e com uma educação básica enquanto ele iria proporcionar o melhor a ela. Eu não teria condições de entrar nessa batalha, Leonardo me massacraria e quando estivesse no fim levaria minha filha embora e sabe-se lá se me deixaria vê-la. Eu precisava ser como minha mãe e passar por cima do meu orgulho para ter minha filha perto de mim.

- E então Laura, o que vai decidir?

                                                                         

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