34 - Dias chuvosos & Consequências pesadas

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— Como foi a sua semana? — sussurrei enquanto o filme não começava.

— Boa, e a sua? — perguntou apoiando a cabeça em meu ombro e passei meu braço pelo seu ombro me acomodando melhor na cadeira.

— Agitada, mas boa. — sorri beijando o topo da sua cabeça enquanto o mesmo colocava o gorro sobre o colo.

...

O filme estava quase na metade quando meu celular começou a vibrar no bolso. Louis desviou os olhos da tela para olhar para mim e peguei o aparelho.

— Desculpa, amor. Tenho que atender, vai ser rapidinho. — sussurrei lhe dando um selinho rápido e sai me agachando para não atrapalhar os outros.

"Pode falar." murmurei assim que atendi o telefone.

"Senhor, aqui é o André. Conseguimos aquele contrato com a Sims."

"Sério?!"

"Sim, senhor, mas eles querem um almoço ainda hoje. Precisam esclarecer alguns termos deles."

"Agora? Mas eu não estou em casa, estou no cinema com o meu namorado."

"Senhor, a nossa concorrente está no encalço, se negarmos perderemos essa."

"Droga, tudo bem, eu te ligo daqui a cinco minutos."

"Sim, senhor."

— Harry? — olhei para trás e Louis estava parado segurando a porta da sala de cinema. — Está perdendo o filme.

— É... Amor, eu...

— Precisa ir? — perguntou.

— Eu prometo que passo na sua casa, assim que acabar isso, eu prometo. — falei e o mesmo assentiu.

Entrei na sala apenas para pegar seu gorro e seu casaco e sai, em seguida os entregando para ele. Saímos do shopping e caminhamos para o meu carro.

— Tudo bem? — questionei tirando o carro do estacionamento e Louis assentiu.

— Está sim, fique tranquilo. — sorriu ajeitando o gorro na cabeça e encostou a cabeça na janela observando a chuva fina que começava a cair.

Parei o carro novamente em frente a casa de Louis e olhei para ele.

— Eu posso levá-lo até-

— Não precisa, está bom aqui.

— Louis, você não está bem, o que foi?

O que foi? Sério? — perguntou virando-se para mim e vi seus olhos marejados.

— Amor, o que você tem?

— Harry, não me pergunte o óbvio, mal nos vimos a semana inteira e quando finalmente chega o fim de semana, não ficamos nem quarenta minutos fora de casa e você tem que voltar para o maldito trabalho, e não adianta me dizer que virá mais tarde, porque eu sei e você mesmo sabe que não virá. — e saiu do carro.

— Louis, espere! — exclamei retirando o cinto e saindo do carro também.

A chuva irritante estava lá novamente caindo sobre nós dois. Louis tinha a ponta do nariz avermelhado como sempre ficava por conta do frio, e os olhos tristes e marejados. Como eu odiava vê-los dessa forma, e por minha culpa.

— Quer saber, Harry? Não volte. — disse balaçando a cabeça em negação. — Não precisa voltar, sabe o por quê?

— Louis... — sussurrei angustiado.

— Porque se você voltar vai ser mais outra decepção que me joga cada vez mais para baixo. Na semana que vem será o que? "Amor, estou preso na minha maldita vida de dinheiro, luxo e montes de relatórios e não posso ter um mísero minuto para o meu próprio namorado?" Você nem sabe mais o que faz comigo.

— Isso não é verdade, eu amo você. — afirmei dando alguns passos à frente e Louis balançou a cabeça em negação, erguendo a mão para me impedir de andar na sua direção.

— O que é amor para você, Harry? Tudo o que temos feito é nos distanciarmos um do outro, por culpa sua, vamos deixar bem claro. Tudo a sua volta gira em torno dessa maldita empresa, mais isso não dá mais pra mim, Harry. — disse olhando para seus pés.

— É só você me dizer... Eu posso melhorar, ser melhor, apenas me diga como.

— Eu não posso, Harry. Você tem que saber o que fazer sozinho, isso é algo a dois e eu não posso pensar por mim e por você. Eu preciso de mais, Harry. Um mais que você não consegue me dar.

— Louis, por favor, vamos conversar com calma mais tarde, nós podemos-

— Não! Você não vê, Harry? Nós não podemos deixar para mais tarde, a minha vida não pode esperar para quando você tiver tempo para mim!

— Você está terminando? Está terminando tudo? — questionei sentindo um nó em minha garganta e Louis respirou fundo, tirando o gorro molhado da cabeça frustrado.

— Eu estou.

— Eu amo você, será que isso não basta? — perguntei em pânico, minha voz embargada e trêmula.

— Olha em volta, Harry. Olha para nós dois e me diz... Isso basta? Todo o seu amor supera a sua ausência? Olha para a nossa situação, Harry, e me diga, Isso basta para você? Porque para mim é pouco demais.

— Não... Isso não basta. — confessei sentindo meus olhos arderem por tentar conter as lágrimas.

— Quer saber? Vai para casa, ou para o seu almoço, não sei, vá para onde tem que ir. Eu apenas tenho que ficar sozinho agora. — disse andando para trás até chegar aos degraus da sua casa.

— Louis... — chamei e ele apenas me olhou. — Não me deixe, por favor.

— Você já me deixou muito antes de percerber isso. — e se virou, entrando para dentro de casa e fechei meus olhos.

Eu havia perdido aquele que jurei que jamais iria perder, tudo porque voltei a ser uma pessoa que prometi não ser nunca mais.

"Agora nós somos jovens demais para reconhecer

Nada permanece o mesmo

Prometo que não vou ser o único culpado

Porque o tempo não te ama mais

Mas eu ainda estou batendo na sua porta

Oh, o tempo não te ama como eu te amo."

dark greens ❀ {lwt+hes+mpreg}Onde histórias criam vida. Descubra agora