Viagens ...

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  Eu observava o avião lá em cima. Acho que ele estava pousando. O aeroporto não era tão distante daqui. Sempre gostei de pensar que um avião pode representar várias coisas. Por exemplo, lá pode ter um pai, voltando para sua família depois de trabalhar o ano todo em outro país. Ou um estrangeiro que fugiu das crises em seu antigo lar. Ou até mesmo ...

  - Hello? Você está ouvindo? - vi os dedos finos de Rebeca passando diante de meus olhos.

Pisquei, tentando lembrar do que ela falava ... Falhei.

   - Hum ... Claro! Continua. - eu disse

   Funcionou, como sempre. A Becky nunca ligou realmente se eu estava escutando-a tagarelar. E faz três anos que isso é assim. Eu sempre fui a fim dela, mas quem não foi? Ela é, e sempre foi, a mais gata de toda a cidade! Loira, bronzeada por seus anos na praia, e tinha um corpo de se impressionar. Por isso foi tão difícil de acreditar quando começamos a sair. Tá legal, não tão difícil assim ... Eu tinha acabado de ganhar a final de futebol para o time da escola, ela era líder de torcida, o resto vocês já imaginam.
   Felizmente, meu celular tocou. Era o Isaac dizendo que tinha que falar comigo. Dei um beijo em Rebeca e corri para encontra-lo, a duas ruas dali.
   Nem precisei chegar tão perto para ver onde ele estava. Seus cabelos ruivos já chamavam bastante atenção. Nos conhecemos antes mesmo de nascer. Nossas mães eram melhores amigas desde sempre e ficaram grávidas mais ou menos na mesma época. Crescemos juntos como irmãos, já que somos filhos únicos.
   - E aí, cara? - comprimentei com um aperto de mão.
   - Beleza... - respondeu. - Então, você vai na sexta, né?
   - Claro!
   Estávamos falando da festa na fogueira que tinha todo ano na escola. As aulas começariam segunda e no final da semana, os alunos comemoravam um última vez.
    -Ótimo! Por que meus pais tiraram meu carro! - ele resmungou - Então vou precisar de carona....
    Esse era o problema do Isaac. Ele era um cara legal, mas vivia se metendo em confusão. Colava nas provas que não estudava, fazia festas quando os pais não estavam... Ele não era um desses bad boys que não ligam para nada. O motivo dele ser como é e que, de acordo com ele, " a vida é muito curta para ser levada a sério ". Então ele tentava aproveitar ao máximo.
   - Vou começar a cobrar! - brinquei
   - Você sabe que eu não pagaria ...
    Rimos e fomos em direção de nossas casas. Me despedi dele quando chegamos na divisa que separava nossas ruas e continuei andando.
   Olhei para cima quando ouvi o som de outro avião. Por isso não vi a garota correndo com uma caixa na mão e acabamos trombando.
   - Hey, mais atenção da próxima vez! - ela disse, no chão.
   - Desculpa, eu não te vi!
    Definitivamente eu nunca a tinha visto antes. Tinha cabelos castanhos com ... Como era mesmo o nome daquilo? Acho que é californiana, ou algo assim. Profundos olhos azuis, que nesse momento olhavam irritados para mim.
   Abaixei para ajudar a pegar suas coisas que caíram. Tinha principalmente livros e Cds. Tenho que admitir que ela tinha bom gosto!
   - Bom, obrigada!  - disse ela ironicamente e voltou a correr.
   - Espera! - gritei. Porém ela já havia ido. Eu segurava um pequeno pendrive em minha mão. Parece que teria que encontra-la novamente algum dia...
    - Cheguei! - gritei ao entrar em casa, batendo a porta atrás de mim.
    - Estamos aqui! - a voz de meu pai vinha da cozinha.
   Para chegar até lá, passei pelo que eu chamava desde pequeno de "corredor das fotos". Suas paredes eram cheias de porta - retratos de toda a família e até mesmo algumas antigas dos meus pais. Sorri ao ver a minha favorita, onde eles estavam no baile da escola deles. Minha mãe, toda arrumada com um lindo vestido, e meu pai de jeans e camiseta. Nunca entendi aquilo!
   - Oi, filho! - disse minha mãe, quando me viu.
   - Como foi seu dia? - perguntou meu pai.
   - Legal, eu sai com a Rebeca!
   Percebi uma mínima mudança no olhar de minha mãe. Eu sabia que ela reprovava minha namorada. Não que ela tratasse-a mal, minha mãe podia ser educada até com quem ela acabou de conhecer, porém estava óbvio que não seriam grandes amigas. Meu pai, se sentia o mesmo, não demonstrava.
    - Bom, Anna, vou indo. Tenho que me encontrar com o Igor em meia hora e você sabe como é...
    Meu pai beijou - a na testa e começou a sair. Minha mãe disse:
   - Ah, manda um beijo para a Lívia. Diga a eles para virem nos visitar qualquer dia!
   O legal na minha família é que grande parte das pessoas que eu chamava assim, não tinha o mesmo sangue que eu. Eram amigos de infância de meus pais, que não se separaram. Consequentemente, os filhos e filhas deles acabaram crescendo juntos. Como eu, Isaac, as gêmeas e Clara.
    Naquela noite, deitei-me imaginando o próximo dia. As aulas começariam e a rotina voltaria. A menina que encontrei mais cedo apareceu em minha mente por um segundo. Será que ela estaria na escola? Afastei esse pensamento e logo peguei no sono.

Oiiii! Gente, o que acharam desse primeiro cap? E para confirmar, sim, o Vitor é filho do Dylan e da Anna! Se quiserem posto uma lista dos filhos, mostrando quem são os pais ... Espero que gostem dessa nova história e recebam os filhos com o mesmo amor que tinham pelos pais! Votem e comentem o que acharam. .. bjoos ❤❤❤❤

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