1. Uma noite no pub.

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Colocou novamente na playlist que continha os Réquiens de Mozart, as Sinfonias de Beethoven, os Concertos de Bach e outros tantos que assim como as poesias, lhe fazia companhia nas horas vagas.

Ao som da música clássica em volume altíssimo, ela voltou a mexer nos cabides do guarda roupa.

Escolheu uma blusa azul marinho que tinha desenhos abstratos de animais e corpos celestes na frente, combinou com uma calça jeans preta e voltou ao espelho.

Depois de passar toda maquiagem por sua tez branca e ao redor de seus olhos azulados, ela ajeitou os ondulados cabelos castanhos, deu uma última olhada no espelho e vestiu uma jaqueta marrom antes de finalmente descer as escadas e sair do prédio.

Caminhou calmamente pela rua iluminada. O bar, ou pub como gostavam de chamar os habitantes daquele país, ficava próximo ao seu apartamento. Laura observou o céu, queria ver as estrelas, mas tudo que conseguia enxergar claramente eram as luzes da cidade à noite e no horizonte uma torre, com um grande relógio e um sino gigante, que era conhecido como o símbolo daquela grande cidade.

Ela chegou ao bar, os amigos lhe receberam com absurda algazarra, eles levantaram os copos cheios de cerveja e um dos que estavam sentados na mesa bradou:

— Agora que os copos estão cheios e nenhum dos convidados está ausente, podemos começar esta noite!

Laura sentou-se ao lado de Manuel e respondeu:

— Cala-te Johann! Mal eu cheguei neste lugar e parece que tu já passaste o dia ao reflexo das taças!

— Ora Laura, que melhor maneira de começarmos essa noite do que com animação e copos cheios?! — retrucou outro moço enquanto levantava a mão — Garçom! Traga mais um copo, pois agora começaremos realmente a beber!

O garçom trouxe mais um copo e colocou-o diante de Laura, o moço que o havia chamado encheu-o até a borda.

— Obrigado Bertram, então que faremos nessa noite? Antes que o sono da embriaguez pese nas pálpebras destes jovens libertinos que aqui se encontram ou que a lua desmaie pela luz do amanhecer que chega para iluminar as janelas e a consciência dos homens?

Um conviva levantou a cabeça, parecia mais velho que os demais e tinha os cabelos claros iluminados pela luz do bar.

— Ora! O que há demais para fazer se não apenas apreciar essa bebida que um dia foi objeto de oração dos sacerdotes e que já foi fabricada nomesmo lugar onde a água era abençoada e onde os pecadores se redimiam de seus pecados? Ou também onde as moças faziam seus votos de eterna servidão e castidade?

— Solfieri! És um insensato! Como pode adorar tanto uma bebida e se esquecer dos companheiros aqui presentes? Bebamos! Bebamos até que nossas visões fiquem turvas ou até que entremos em um sono profundo como os animais selvagens quando chega o inverno! Mas não nos esqueçamos do entretenimento dos companheiros aqui presentes, porque graças a eles que temos essa noite! A nós os sonhos da união.

— Claudius! Deveras que estais certo! Os companheiros que bebem conosco devem se entreter e não desejo dormir tanto assim, pois ainda quero beber com vocês mais vezes!

— Olha Solfieri! Finalmente estais entendendo o verdadeiro sentido de estarmos todos aqui sentados nessa noite!

— Agora se levantem moças e rapazes! Porque finalmente está na hora de fazermos o toast que iniciará essa noite de alegrias! — disse Solfieri erguendo seu copo no alto.

Todos se levantaram.

— Ao sentimento que nos trouxe aqui e a bebida que nos mantém neste mesmo lugar. Saudemos a amizade e a cerveja!

— A amizade e a cerveja! — todos bradaram.

Os copos caíram na mesa, todos vazios.

Após isto Solfieri se sentou e continuou a falar:

— Agora ouvi-me companheiros! Tenho uma ideia para passarmos essa noite. Quando todos bebem o primeiro gole da cerveja, suas cabeças ainda não doem e seus cotovelos ainda estão firmes sobre a mesa. O que nos cabe é uma história, um conto fantástico que nos faça suspirar, rir, e permanecer nessa mesa para que continuemos a beber juntos!

—Solfieri! Solfieri! Aí vens com teus sonhos! — disse Johann balançando a mão livre

— Conte!­ Mas antes dessa história, deixe me perguntar Solfieri, por que esse nome?— disse Bertram.

— Diz o meu pai que era o nome de um personagem de um livro que ele leu durante a sua juventude. — Respondeu Solfieri. — Agora, vamos à história.

Solfieri falou: os demais fizeram silêncio.


Histórias de uma noite no PubWhere stories live. Discover now