13 - Confronto no bosque

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Ambos fizeram uma pausa para repor o fôlego. Ventava e os galhos das árvores, em sua grande maioria sem folhas, rangiam atirados uns contra os outros.

– Que merda você foi arrumar, frangote?

– Foi mal, Halle! Vacilei demais. E agora?

– Vamos dar o fora daqui. Não consegui tudo que queria, mas arranjei um bocado de dinheiro com o Mik.

– Mik?

– É, estúpido! O professor Vienko.

– Como você chama um professor catedrático de Mik? – retrucou Ilya indignado.

– Normal, frangote, você que é formal demais.

Seguiram primeiro pela estradinha e depois, tomando um atalho que Ilya indicou. Havia um córrego mais adiante, mas era fácil de pular por cima dele. Então, os pelos da nuca de Ilya se arrepiaram. Ele sentiu um nó no estômago também.

– Estou sentindo alguma coisa... – disse pousando a mão na boca do estômago.

– Espero que não sejam gases – zombou Halle.

Antes que Ilya pudesse reagir, surgiu uma voz desconhecida, vindo de trás de uns arbustos à esquerda.

– Senhores! – A voz era firme e prosseguiu em tom zombeteiro – Acho melhor virem comigo.

Ambos se viraram assustados para encarar um homem que vinha sorrindo na direção deles. Era um sujeito baixo e magro. Trazia um cigarro aceso na mão esquerda. Os cabelos muito pretos e brilhantes pelo uso de gel eram penteados para trás, evidenciando uma testa generosa. A outra mão, dentro do paletó, indicava que poderia sacar uma pistola a qualquer momento. O sujeito tragou o cigarro, expeliu a fumaça e disse com arrogância – Eu sabia que voltariam para a universidade.

– O que quer? – cuspiu Bremmen.

– Prendê-los, naturalmente. – retirou do paletó um estranho jarro ornamentado com cristais. Colocou o cigarro na boca e apertou os olhos e lábios para sugar o último trago. Cuspiu a guimba e pisou nela.

– Mãos para o alto. – ordenou o homem.

Ilya obedeceu e Halle foi rápido em sacar uma pistola apontando-a para o oponente – Que tal revermos?

– Estão armados? Humpf! E então? Vão matar um oficial do exército?

– Se necessário...

– Podem ir, rapazes. – mentiu o oficial – Pegarei vocês outro dia.

– Vem aqui, Ilya, e pega uma grana na minha carteira. – disse com a mira firme e sem tirar os olhos do homem.

O rapaz obedeceu.

– Agora some daqui. Vamos nos encontrar no local combinado.

Ilya olhou para Halle, depois para o oficial e hesitou.

– Vai logo, frangote! – Halle foi enfático.

Ilya primeiro andou rápido, depois saltou para atravessar o córrego. Escorregou, mas recobrou o equilíbrio apoiando uma das mãos no chão. Deu uma olhada para Halle e o oficial à distância. Levantou-se e prosseguiu, deixando-os para trás.


***

Halle estava nervoso, suas mãos suavam, mas não deixava transparecer.

– Boa tática. – comentou o oficial.

– Como nos encontrou?

Ele deu com os ombros, parecia relaxado, tinha até um sorrisinho cínico no canto da boca. – Já disse, esperava por vocês.

Os Óculos Indesejados de Ilya GregorvichWhere stories live. Discover now