Capítulo 10

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SOPHIA

Sinto o sangue do meu corpo sumir por alguns instantes com a pergunta de Dominic.

O que eu respondo? Não posso dizer a verdade. Não quero falar que ele tem uma​ filha que é a sua cópia fiel. Ele não a quis, afinal me mandou abortar no dia em que o comuniquei que estava grávida.

Olho-o assustada, tentando formular uma resposta a qual pareça convincente.

— Morreu. — Falo rapidamente. — Quando eu estava no terceiro mês de gestação sofri um aborto espontâneo e infelizmente a criança faleceu.

Ele fica paralisado por alguns segundos, parecendo absorver a informação. Não o culpo, pois nem eu estou acreditando no que acabei de dizer.

— Meu filho morreu? — Pergunta incrédulo, passando os dedos entre os fios do cabelo negro como a noite.

— Sim. — Confirmo, com a cabeça baixa, incapaz de olhá-lo nos olhos, desejando sair de perto dele o mais rápido possível.

— Não pode ser, me diz que isso é mentira, Sophia. Por favor. — Implora com a voz embargada.

Vejo seus olhos ficarem levemente marejados. Uma bela encenação. Esse homem não quis a filha, a negou quando ela ainda estava em meu ventre.

— É a verdade, Dominic. — Digo, me levantando, pronta para nunca mais o vê-lo. — Seu tempo acabou, não me procure mais.

Saio andando rapidamente do café, como se estivesse fugindo da polícia. Tive medo de fraquejar quando vi seus belos olhos azuis ficarem marejados, tive vontade de abraçá-lo e dizer que tudo não se passava de uma mentira, mas o medo de acabar perdendo minha filha falou mais alto.

Quando estou prestes a entrar no prédio onde trabalho sinto alguém segurar levemente meu braço. Viro rapidamente, vendo que se trata de Dominic. Quando penso em protestar, ele me olha no fundo dos olhos, como se buscasse algo neles.

— Siga a sua vida assim como eu segui a minha. — Sussurro, dando alguns passos para trás.

— Desculpe.

Não posso me envolver em sua teia de ilusões novamente, mesmo que meu maldito coração implore pelo seu toque.

Adentro ao prédio, dessa vez ele não me segue, ao contrário, ficou parado no mesmo lugar me olhando enquanto eu me afastava.

Por mais que eu tente negar, ainda sou vulnerável ao Dominic, até mais do que imaginava.

Em modo automático caminho até minha mesa, sentando-me na mesma, soltando o ar que eu nem havia percebido que estava segurando. Ele não tinha que ter voltado, não tinha que me procurado, não tinha que perguntar da minha filha.

Desde que saí da vida de Dominic venho procurando a paz, e agora que as coisas estavam começando a se encaixarem novamente, ele ressurge em minha vida pronto para provocar um furacão.

— Senhorita Brant, está tudo bem? — Meu chefe pergunta ao se aproximar, aparentemente preocupado.

— Sim, senhor. Me desculpe. — Passo o dorso da mão em meu rosto, enxugando as lágrimas que eu sequer havia percebido.

— Tem certeza? — Arqueia a grossa sobrancelha, provavelmente não acreditando em minha resposta.

— Sim. — Tento sorrir.

Seu olhar me avalia por mais alguns segundos, antes de retornar para sua sala.

Sigo até o banheiro, jogando uma grande quantidade de água no rosto, aproveitando para retocar a maquiagem, tentando ficar o mais apresentável possível com os poucos produtos que havia em minha bolsa.

Você Não Soube Me Amar (Repostagem)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora