Ela chamou a minha atenção e eu notei que era a hora de começar a falar alguma coisa, afinal fora eu que a trouxera até ali para conversar.

- Blue, me diga sua cor favorita. - Pedi, olhando o céu negro, sem nuvens e sem estrelas acima de nós.

- Minha cor favorita? - Ela riu e eu fui obrigado a olhá-la para contemplar seu sorriso encantador. Tudo nela era encantador demais para que não fosse contemplado. - Tudo bem. - Ela pareceu estranhar e desviou os olhos para os próprios pés que balançavam não conseguindo alcançar o chão. - Acho que é azul. - Deu de ombros, rindo um pouco. - E a sua? - Me olhou, fazendo com que sua imensidão azul me encontrasse novamente e era como se o mundo voltasse a fazer sentido.

- Vermelho. - Umedeci os lábios. - Mas azul também é uma cor encantadora. - Toquei seu queixo para que seu olhar não se perdesse no meu. Suas bochechas ficaram rosadas e eu sorri pelo gesto inocente da minha garota.

Eu disse minha garota? Isso ia dar muito errado.

- É, acho que é sim. - Ela pressionou os lábios e me olhou por sob os cílios.

- Muito bem. - Me afastei, voltando à posição inicial.

Pelo canto do olho vi que ela ainda estava na mesma posição, um pouco atordoada pelo momento anterior e meu coração se encheu de esperança. Se pensássemos menos, se sentíssemos mais, tudo seria melhor.

- O que mais gosta de fazer? - Tornei a perguntar, tendo uma ideia de qual seria a resposta.

- Fotografar. - Me virei para ela assim que senti seu olhar sobre mim e seu mar azul brilhava de satisfação.

- O quê? - Questionei.

- Principalmente natureza, coisas que me façam lembrar a situação que vivi. - Deu de ombros, olhando para frente, para nenhum lugar especificamente.

- É isso o que você quer para a sua vida? Ser fotógrafa? - Eu havia perguntado isso à ela poucos dias antes, será que havia mudado de ideia?

Ao vê-la rir, percebi que ela se lembrava que eu havia feito a pergunta e com certeza pensara sobre aquilo.

- Eu pensei sobre isso e sim. Quero viajar o mundo procurando coisas simples, significativas e mostrar ao mundo. - Suspirou, os pensamentos longes.

- Você é tão pura. - Murmurei.

Pensei que ela não havia ouvido, mas seu olhar encontrou o meu, o azul nublado de repente e eu senti meu coração acelerar. Mais uma vez, como a droga de um adolescente na puberdade.

- Senhor Hayes, isso não está certo... - Ela baixou a cabeça, negando.

- Blue. - Chamei, vendo-a me olhar. Me levantei e toquei suas mãos para ajudá-la a sair do balanço. Ficamos frente a frente, olhos nos olhos e eu me senti melhor para falar tudo o que precisava ser dito. - Esquecendo a ética, esquecendo tudo o que nos possa impedir de estar juntos, esquecendo o que possa ser anormal. Pense em você, uma vez eu quero que pense nas suas vontades, seus desejos, quero que me diga o que você quer. Sem censura. Me diga, Blue.


Blue

O que eu queria? Sem restrições, o que eu mais queria nesse mundo? Era difícil colocar em palavras tudo o que se passava na minha cabeça naquele momento. Eu o queria, queria muito, de todos os modos que se pode querer alguém. Queria de um jeito carnal, queria seu carinho, queria ser amada, queria ser mulher. Uma vez na vida, eu queria que Nicholas Hayes me mostrasse o que era ser mulher. Eu sabia que eu seria uma nos seus braços.

- E-Eu... - Pigarreei. - Eu quero você. Quero beijar você. Nick, eu te quero como nunca quis alguém antes.

Era verdade, a mais pura verdade. Eu nunca quis tanto alguém como queria Nicholas naquele momento. Eu queria aquele homem para mim, queria que a nossa bolha nunca se estourasse, que pudesse ser nós dois por uma eternidade.

BlueTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon