Capitulo 1: O Segredo

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"Vocês não podem conta a ninguém". Aquela frase ressoava na minha mente, como uma onda que bate incansavelmente nas pedras. Eu sabia que era importante guardar o segredo. Eu e Ash nunca havíamos contado a ninguém. Era um juramento que tínhamos feito a nossa mãe em seu leito de morte. Nem todos do nosso povo eram amistosos, se as pessoas erradas soubessem do segredo uma guerra poderia ser desencadeada. 

-Prometemos – Dizemos os dois em uníssono

- Amo vocês meus peixinhos. Ajudem seu pai a governar, um dia tudo isso será de vocês e iram precisar proteger seu povo. – A voz dela estava fraca, não era mais com que estávamos acostumados.

Sem conseguir dizer mais nada, ela pousou sua mão sobre a nossa, deixando o frágil cristal na palma de minha mão. Fechando seus olhos, descansou para sempre. Nós precisávamos proteger esse segredo. A cada dezoito anos o herdeiro fica com o governo do reino e daqui quatro anos será eu e Ash dividiremos o trono por sermos gêmeos ambos devem assumir.


°°°°


4 anos depois.


- Eu vou fazer você engolir bolhas Syrena. Sou mais rápido que você. - Gritou Ash telepaticamente em minha cabeça, enquanto passava por mim nadando.

- Nós somos gêmeos nossa velocidade é mesma. - Respondi.

A vantagem de você morar no fundo mar é que não precisa se comunicar como aqueles humanos que abrem a boca o tempo todo para falar, eles denominam o que fazemos de telepatia, mas é mais como enviar ondas sonoras.

- Quem chegar por último na ponte do castelo é uma tartaruga velha. - E sorrindo ele saiu em disparada pela minha frente.

Ambos tínhamos a calda verde da cor de nossos olhos e dependendo da luz elas variavam nos tons. Eu sabia que não seria justo roubar, mas nós nunca levávamos disputas a sério. Com apenas um chamado Vix minha golfinha que ganhei de aniversário aos quinze ostras, apareceu na minha frente.

- Pronta para uma corrida Vix? - Acariciei o corpo cinza dela e me segurei na dorsa. - Quem é a tartaruga agora Ash?

Meu irmão me olhou surpreso ao ver que eu o ultrapassei. Normalmente sempre perdia nossas corridas. Não gosto de nadar rápido, você não percebe os movimentos das algas ou os raios de sol que intercalam fracos no fundo do mar ou até mesmo os pequenos peixes que transitam em nosso reino. Eu era apaixonada por tudo aquilo. Meu irmão pelo contrário adorava o mundo humano e sua "fascinante" forma de viver como ele descrevia, para mim não passam de assassinos sem calda que poluem nossas águas.

- Obrigada Vix, foi uma ótima corrida - Joguei um petisco de camarão para agradá-la e saiu pelas águas.

- Não me lembro de ter adicionado trapaça nos nossos termos de corrida - Falou Ash, fazendo aquela expressão falsa de desentendido enquanto ergue apenas a sobrancelha esquerda.

- Não possuímos termos de corrida, supere a perda irmãozinho. - Dando uma piscada joguei minha calda em seu rosto.

- Syrena pare. - Falou meu irmão rindo - Vamos para o castelo porque hoje teremos Fiesta.

- E lá vem você dar uma de mexicano humano. E para de rebolar essa calda, vou ficar traumatizada. - Revirei meus olhos e sai a sua frente, em direção a nosso castelo. 

Ele possuía três torres, meu quarto ficava na primeira torre. Era cinza como um golfinho, porém sua entrada era feita de uma ponte de ostras de diversas cores. Ao entrar avistava-se o trono feito de ouro, onde meu pai estava sentado naquele exato momento com um olhar preocupado em direção as vastas águas.

NOVAS ÁGUASWhere stories live. Discover now