- Sei que não. Mas se continuar nesse ritmo isso pode mudar. - pagou a conta, se levantando em seguida e pegou meu braço. - Vamos?

Acho que respirei aliviada. O segui para fora, e de repente comecei a respirar melhor. Ele me olhou de esguelha, e eu me apoiei melhor em seu braço.

- Acho que descobri uma ou duas coisas sobre você. - disse, parando de andar e pousando suas mãos em minha cintura.

- Ah, é? - arqueei minha sobrancelha para ele. Seu polegar deslizou sobre ela suavemente.

- Você fica desconfortável em lugares luxuosos.

- Jura? - ele riu diante do meu imenso sarcasmo, e continuou.

- E é uma mentirosa terrível.

Sorri, afundando o rosto em seu peito e inspirando seu cheiro ali.
Ele cheirava como a minha perdição.
Me afastei, encarando seu rosto que me olhava como se eu fosse algum tipo de presente surpresa.

- Acho que devemos ir para casa.

- Eu fui péssimo não fui? - fez uma careta em desgosto.

- Nada que eu não pudesse suportar. - o provoquei, e ele riu, prendendo meu rosto, transformando meus lábios num biquinho e beijando levemente.
Merda! Eu estava prestes a perder meu controle.

- Como eu disse, uma mentirosa terrível. - murmurou, depois abriu a porta para mim.
Deslizei para o interior do carro, sentindo meu pulso acelerado e uma vontade de pular nele a qualquer momento. Mas mantive o controle. Eu precisava manter o controle.

Ele dirigiu concentrado pelas avenidas calmas, e já era tarde o bastante para a maioria das pessoas estarem no aconchego de suas camas.

Quando atravessamos a porta da sala, tudo estava silencioso. Apenas a varanda estava iluminada. E provavelmente, Jocelin já dormia.
Joguei minha bolsa sobre o sofá e tirei meus saltos imediatamente. Meus dedinhos agradeceram. Nickolas se jogou ao meu lado e me fitou por longos minutos, enquanto eu massageava meus dedos vermelhos.

- Me desculpe por hoje, Eve. Eu sou um merda quando se trata dessas coisas, e eu nunca dei muita importância pra isso, então... - virei, olhando para seu rosto cansado.

Confesso que esse Nickolas que era gentil e pedia desculpas, ainda me assustava.

- Tudo bem, Nickolas. Não foi tão ruim. - sorri para tranquiliza-lo.
Ele bufou.

- Péssima mentirosa, lembra?

- Estou falando sério. - garanti, tocando sua mão, e ele virou a palma, envolvendo meus dedos.

- Você é a primeira garota que eu levo a um encontro, e acabo de fazer ele ser um enorme desastre.
Ele estava mesmo chateado por isso, e era tão engraçado vê-lo inseguro feito um adolescente apaixonado.

- Essa "garota" que já é mãe da sua filha. - lembrei, dando um leve aperto em sua mão.
Seus olhos me analisaram por segundos, até ele se inclinar e deixar um beijo no meu maxilar.

- Se você tiver um pouco de paciência, eu posso melhorar. - ofereceu, com seus olhos azuis sobre mim.

- Prometo tentar... - murmurei, amolecida pelo carinho dos seus dedos em minha nuca.
Encarei sua boca à centímetros da minha, e suspirei, sem me conter e puxei ele pela gravata, colando meus lábios nos dele.
Sua boca envolveu a minha com vontade, e sua língua deslizou contra a minha, me fazendo agarrar seus ombros com mais força e me afundar contra ele.
Ouvi ele suspirar baixinho e seus dedos cavaram em minha cintura, me inclinando no sofá e me cobrindo com seu corpo quente. Sua boca escorregou para o meu pescoço, mordiscando a pele dali e me fazendo soltar um murmúrio que me envergonhou.
Ele sempre foi bom assim. Disso eu lembrava...
Sua boca voltou a buscar a minha e eu enrolei meus dedos em seu cabelo, sentindo ele controlar seu peso sobre mim, até se afastar, me olhando devagar.

IntocávelWhere stories live. Discover now