Também cantamos músicas tradicionais e outras de algumas bandas famosas. A Mel, claro, foi a estrela. Tinha uma voz fantástica, mas o engraçado é que conseguia cantar também outro tipos de música, como ópera e country.
A Gabby ainda sugeriu dançarmos algumas coreografias ao som das canções da Mel, e quem estava interessado juntou-se à volta dela para aprender alguns passos.
Eu fui das poucas pessoas que não me deixei levar pela agitação. Tenho uma voz horrível e da última vez que tentei dançar música pop quase ceguei o Alex com o cotovelo, por isso deixei-me ficar sentada ma fogueira enquanto a Gabby e a Mel arrasavam.
Vi a Daiana a um canto. Ela estava a conversar com a Amanda, mas também não fora dançar. Já parecia ter superado o choque de ter morto a Christina. Ou ao menos esperava que sim.
- Não danças, Olhos Verdes?
- Não danças, Irritante? - Não me dei ao trabalho de desviar os olhos da multidão que dançava.
O Michael sentou-se ao meu lado. Não sabia o que esperar dele: tanto podia querer irritar-me ou confundir-me ainda mais com as suas conversas misteriosas. Qualquer uma das hipóteses não me agradava.
- Estás a pensar - concluiu ele de repente.
- Ena génio. Ouviste as minhas engrenagens cerebrais trabalhar foi?
- Não. É o olhar que fazes. Fixas um ponto e depois não desvias... E agora fez um efeito giro porque as chamas da fogueira estavam a refletir nos teus olhos verdes.
- Dedica-te à poesia, Michael. Não estou com paciência.
Ele não respondeu. Ficámos em silêncio até que de repente eu não aguentei mais e disse:
- Detesto este sítio. Quem me dera ir embora.
- Porquê tanto ódio?
- Não sei... Desde o momento que cheguei não gosto disto! Há qualquer coisa no ar... Só sei que se dependesse de mim, estaria em qualquer sítio no mundo menos aqui. - E depois resmunguei: - Bolas, já pareço a Maisie a falar.
Avistei-a num canto, sozinha, a ouvir música no iPad que entretanto fora buscar ao dormitório.
- E tu? - Perguntei ao Michael.
Ele encolheu os ombros.
- Eu não fui completamente sincero nas apresentações hoje de manhã - confessou ele. - Disse que vim cá para o Campo porque queria sair da cidade e vir para o ar livre e blábláblá. Na verdade é porque não tenho assim muitos amigos.
Primeiro a Daiana, agora o Michael. Mas que história era esta?!
- Mas... Porquê?
- Pah, também não me quero armar em vítima. Óbvio que não sou um esquisitoide qualquer que nunca falou com ninguém na vida. Mas a maioria da gente lá da turma não vai muito com a minha cara - O Michael sorriu. - Deve ter algo a ver com o facto de ter tirado a melhor nota da escola nos exames e não ter estudado mais do que 20 minutos.
- Impressionante - arqueei uma sobrancelha. Mas só o disse por ser a coisa apropriada a dizer: não achava um feito impressionante. Pelo menos a matemática, acontecia-me a mesma coisa.
- Limito-me a olhar para as páginas e fico logo a sabê-las de cor. - Ele encolheu os ombros. - Suponho que é inveja ou assim, mas a maioria da malta não quer saber de mim para nada. Foi por isso que quis vir cá para o Campo. Vi o folheto de publicidade no correio e achei que seria ótimo para conhecer gente que não me julgasse por causa da memória.De repente apercebi-me de uma coisa.
- Então... Foi por isso que antipatizaste tanto comigo?
Ele acenou que sim, um bocado reluntantemente.
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Campo de Férias
Mystery / ThrillerEra para ser um campo de férias normal, não era? Era para nos divertirmos e passarmos duas semanas inesquecíveis, não era? Era para conhecermos gente nova e aproveitarmos o Verao, não era? Mas então, porque é que morreram todos? *Esta história foi e...
Capítulo V
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