Prólogo

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Ilhas de Summerset, Firsthold – 2E, 486.

O chão tremeu quando Rei Orgnum pisou na areia da praia de Firsthold. Atrás dele vinha uma frota de mais de setenta navios feitos de uma madeira alva, carregando o exército Maomer ao seu destino. Esperando, de frente para o mar, o rei das Ilhas de Summerset, Hidellith esperava montado em cima de seu Welwa de cor branca e armadura prateada, os seus oponentes chegarem a praia.

- Meu rei, porque não atacamos agora? Apenas o navio de Orgnum está atracado na praia. – Disse um dos generais do Exército de Alinor. – Podemos acabar com essa batalha antes mesmo dela começar.

- Ele é um rei. – Disse Istyar, um dos generais do Exército de Alinor. – Nosso Rei jamais o atacaria de uma forma tão baixa.

Hidellith continuou observando o mar cor de esmeralda, apenas confirmando com um breve aceno de cabeça as palavras de seu general.

E então o Exército de Summerset esperou cada um dos navios de guerra atracar na areia dourada da praia. O sol do entardecer e alongou e o dia ficou turvo, pintado de vermelho, como se soubesse que naquele dia o sangue de milhares de elfos, que já foram irmãos uma vez, seria derramado. E de fato fora, quando o ultimo soldado do último navio, desembarcou na praia, Hidellith deu a ordem do avanço. O Sábio Rei sabia que está seria mais uma tentativa inútil dos Maomer em invadir Summerset e sabia que todos aqueles elfos de pele alva estavam ali, apenas para o deleite de um louco que uma vez fora seu mais leal amigo.

Hidellith avançou montado em cima de seu Welwa, a seu lado direito ia Istyar, o Intocável. O barulho das duas tropas avançando era poderoso, e quando se encontraram, o som de metal se chocando com metal – e com carne e ossos também – foi ainda mais avassalador

No calor da batalha, os caminhos de Hidellith e Orgnum se cruzaram. O Rei Serpente lutava com uma lança de um metro e meio e vestia uma armadura feita de um metal azul-escuro que apenas os Ayleids sabiam manejar, seu elmo era liso e deixava apenas uma fenda de formato em "Y" na face, cada detalhe de sua armadura era incrustrado com uma serpente marinha, assim como a capa branca que lhe era presa as costas. Já Hidellith empunhava sua espada longa, feita de um material dourado claro, era fina e leve, esbelta como o elfo que a empunhava, a armadura do Rei de Alinor era dourada-claro, quase branca, estampava uma águia em seu peito e também era feita do mesmo material da armadura da armadura de Orgnum.

Quando o olhar dos reis se cruzaram, um avançou em direção ao outro. Orgnum removeu seu elmo e o largou na areia, pois Hidellith não utilizava um. Alguns elfos que batalhavam arduamente perceberam o que estava para acontecer, muitos jogaram suas armas no chão e param para observar duas das entidades mais poderosas de Nirn. Quando a espada de Hidellith chocou-se contra a lança de Orgnum e uma onda de poder emanou do choque, todos os elfos, sejam eles Altmers ou Maomers deixaram suas armas de lado por um breve momento e observaram o choque dos dois Reis. Muitos diziam que Orgnum era a encarnação Deus Serpente Satakal e que por isso os mares o obedeciam. Já sobre Hidellith era dito que talvez ele fosse descendente direto dos oito Divinos, por isso o tamanho era seu poder.

- Hidelith! Seu bastardo. – Esbravejava Orgnum enquanto desferia uma série de estocadas que eram desviadas pela espada-longa de Hidellith. – Porque me traístes?

- Você sabe o motivo. – Retrucou o Rei Sábio, enquanto dançava com sua espada. – Jamais concordaria com o que você desejava fazer.

- Eu ainda desejo. - Orgnum parou por um instante, e olhou seu antigo amigo nos olhos. – Eu poderia ter dado uma vida nova a ela! – Gritou o Maomer, com uma voz de mil trovões. - Porque me impede de ver novamente a mulher que amo?

As palavras do Rei Serpente machucaram fundo o peito de Hidellith. Sua expressão se tornou sombria, e seus olhos demonstravam a raiva que crescia dentro dele.

- Você jamais irá fazer tal atrocidade! – Hidellith desferiu um ataque na diagonal mirando o peito de Orgnum, que defendeu por pouco. – Eu nunca permitirei que reviva a minha amada!

O Rei Sábio enfureceu-se com as palavras do outro Rei e avançou ferozmente, bailava com sua espada e desferia golpes com tamanha habilidade e perspicácia que Orgnum mal podia defender-se. Aos poucos, o Rei Serpente ia cansando, utilizando todas as suas reservas de energia para se equiparar a força e resistência de Hidellith, sua Magicka ia se desvaindo e seus pés já não eram mais firmes.

Istyar, o Primeiro General de Alinor e membro da guarda pessoal do Rei gargalhava enquanto trucidava seus inimigos. Muitos avançavam contra ele com espadas, mas estas eram desviadas de seu alvo quando chegavam perto demais. Outro atacavam o elfo com magias poderosas, mas o gelo derretia, as chamas se apagavam e os raios desvaneciam ao chegarem perto de Istyar, o Intocável. Todos em Alinor sabiam do poder do elfo, que uma vez fora um Psjiic, mas renunciara por questões misteriosas a posição de alto nível que possuía na Ordem. Todos sabiam também, que não era sabio ficar perto de Istyar, pois um de seus títulos era "Aquele que Sonha Com a Morte" e, de fato, Istyar possuía a habilidade única de, utilizando Ilusão e Misticismo, criar uma ilusão ou quem sabe, uma realidade alternativa, onde qualquer coisa que ele deseja-se aconteceria. Não era real, é claro, mas era real o suficiente para que qualquer dano infligido a outras pessoas no "sonho" de Istyar, fosse transmitido a pessoal fielmente. Porém, haviam duas grandes desvantagens na habilidade de Istyar, a primeira é: Essa habilidade só pode ser utilizada quando ele estiver em sério risco de morte e ou estiver morrendo. A segunda é a mais terrível condição imposta pelo destino: Em seu modo "Sonhador", Istyar não distingue amigo de inimigo, família de desconhecido, inocente de culpado, o único desejo de Istyar é matar da forma mais dolorosa possível qualquer um que esteja na sua frente. Por esses motivos, Istyar utiliza um colar de prata negra encantada com um simples encanto: Contrair-se em uma velocidade e força incrível para decapitar o elfo a qualquer sinal de que sua maldição esteja se apossando de sua mente.

Depois de cinco horas de uma batalha sangrenta, onde o sangue sagrado dos primeiros habitantes de Nirn foi derramado impiedosamente, Orgnum ordenou a retirada de suas tropas, de volta aos navios, magos de prontidão utilizaram magias para empurrar os navios alvos de volta alto mar. Dos setenta navios que atracaram na praia Alinor apenas vinte e dois voltaram a alto mar. Orgnum não contava entretanto que Hidellith prepara uma frota de navios para persegui-los e destruí-los em alto mar. Escondido na curva da praia, cinquenta e dois navios da Frota Real de Alinor vieram rapidamente a perseguir os inimigos. Arpões gigantes era disparado nos cascos dos navios perseguidos e magos lançavam feitiços de Destruição, principalmente de fogo, nas velas dos navios de Orgnum, mas poucos cederam pois a madeira alva era extremamente resistente. Em alto mar, os Maomer tinham vantagem: Seus navios eram mais velozes e mais resistentes e seus marinheiros eram muito superiores comparados aos de Alinor. Por quase cinco dias, a frota de Alinor perseguiu os Maomer. Foi quando ao longe avistaram terra e navios vindo na direção contraria a deles: Era uma emboscada, mais trinta navios Maomer se juntaram os que restaram para destruir a frota de Alinor em um massacre em alto mar. Todos os navios de Alinor foram destruídos e seus tripulantes capturados ou mortos, exceto por um, o mais atrasado de todos percebeu a armadilha e abandonando seus companheiros deu a ordem de voltar a Alinor. Esse navio era o único que possuía um capitão forasteiro, Avik era o nome do Redguard que comandava aquele navio e, graças aos seus muitos anos de mar, ele conseguiu voltar a Alinor e avisar sobre a emboscada.

Acabou-se então uma das mais sangrentas batalhas entre os elfos. Milhares de vidas foram perdidas e nenhum dos dois lados se considerou vencedor. A praia agora era cravejada por pontos dourados e azuis, elfos mortos em poças de sangue que tonalizavam de escarlate a areia dourada

Sentado em uma pedra, vendo os médicos atenderem os feridos, tanto Altmers quanto Maomers, Hidellith disse à Istyar que estava de pé a seu lado.

- Quantos mais tem que morrer para aquele louco saciar sua sede de vingança?

- É uma pergunta sem resposta, meu Rei. – Disse Istyar sem tirar os olhos do horizonte.

Um minuto de silencio se estendeu longamente, parecendo uma eternidade.

- Eu percebi você gargalhando enquanto matava, Istyar. – Disse o Rei Sábio. – A morte de antigos irmãos lhe proporciona tanto prazer assim?

- Daqui a nove meses, meu Rei, eu serei pai. – E um sorriso sincero se alojou nos lábios do elfo. 

O Conto de IstyarWhere stories live. Discover now