capítulo 2 : O sucrilhos estrelado

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"Um par de sapatos pode realizar seu sonho" - filme Cinderela

Passei a andar com Kaya todos os dias.
O palácio inteiro já apostava que um dia eu e ela virariamos casal quando crescessemos.
Só o que os funcionários da família real não sabiam que Kaya nunca sonha com a coroa e nem com a vida na realeza.
Diferentemente das outras garotas que sonhavam comigo, com a coroa e titulo de princesa, ela sonha em ser médica.
Durante as visitas que eu fizera a casa dos Schwartz-miller, encontrara uns objetos que lembrava a profissão dos sonhos dela: um jaleco e um toscopio no quarto dela.
- isso faz do seu sonho? - perguntei uma vez a Kaya.
Ela tinha me encarado antes de responder a minha pergunta é pegou o toscopio para colocar em si mesma no pescoço dela, para me mostrar um vislumbre do sonho dela.
- Sim, faz. - respondeu.
Se Kaya queria ser médica , isso que me fez pensar que ela queria ficar longe dos holofotes que a vida na realeza traria para ela e tiraria sua normalidade, se desejasse ser uma princesa de Liechtenstein.
Depois dessa conversa e da visita a casa dela, esqueci o assunto por completo por um tempo.
Então na manhã de ontem eu tinha convidado Kaya para passar um tempo comigo.
Decidimos brincar no jardim palacial de escalar árvores.
Pela minha surpresa, Kaya era muito habilidosa em escaladas. Não me admira que uma ruiva de 9 anos e de olhos castanhos fosse melhor em educação física do que eu na escola.
O professor Alexander tinha dito a todos os alunos, inclusive a mim, se espelhar em Kaya , se quiserem ganhar boas notas. Agora eu percebo que deveria ter levado a sério a orientação do professor na prática de exercícios físicos nas aulas de educação física na escola.
Depois de brincar juntos no jardim do palácio, Kaya e eu tínhamos decido tomar um lanche e fomos para a cozinha do palácio.
Helga nos olha com total surpresa quando nos dois chegamos ao local e seus olhos seguiram nossas mãos sujas de poeira.
Temendo um discurso sobre lavar as mãos antes de comer após brincar num jardim que certamente orgulharia a mãe de Kaya vindo de Helga, eu e ela fomos na pia lavar as nossas mãos.
- Valeu por evitar a fúria da sua governanta. - disse Kaya enquanto ela secava as mãos dela.
Sorri para ela, quase minha melhor amiga.
- gesto de cavalheirismo. - digo , triunfante.
Kaya me olhou chocada e riu enquanto voltava para o local onde Helga estava, de pé nos esperando.
- Quem diria que os romances do século XX não morreram?- sussurrou, em choque de brincadeira enquanto eu e ela chegamos perto de Helga.
A governanta nos olhou antes de fazer uma pergunta:
- Estão com fome? Suponho que brincar tanto no jardim e escalar em árvores deixam pré adolescentes esfomeados. -disse ela.
Kaya olhou para Helga, percebendo que seu estômago está perto de acordar.
- Helga, você tem alguns sucrilhos e leite para que eu e a vossa alteza real Evan pudéssemos comer?- perguntou.
Olho para Kaya, totalmente surpreso.
Ela nunca tinha me chamado de vossa alteza real nas visitas que faz com os pais dela aos meus pais e isso mostra quão educada é.
Mas isso também explica o porque de ela levar uma vida normal sem estigma de realeza, no qual sou preso por ser um príncipe e tem de lidar com holofotes enquanto ela é uma plebeia de 9 anos e com sonho de ser uma médica.
Os olhos de Helga brilham com o pedido de Kaya.
- temos sim, senhorita Schwartz-miller. - disse ela.
Solto uma risadinha ao brincar com a cara de Kaya quando Helga a chama desse jeito.
Ela é uma pequena senhorita e eu não pude deixar de rir da cara dela.
- Se você está rindo das pequenas madames como nós, saiba que você sempre será Vossa Alteza Real . - disse Kaya entre linhas.
Encaro a, surpreso e sem palavras na minha boca.
Kaya era boa com palavras e significados que ninguém iria entender por um dia como esse.
Fomos para a mesa e uns criados trouxeram tigelas e colheres. Me sento em uma das seis cadeiras enquanto Kaya se senta na minha frente.
Helga traz uma caixa de Estrelinhas e a jarra de leite.
Nesse palácio, além da governanta Helga , trabalham o assessor de imprensa da família real Mark Russellfort e o motorista Darrell Montclair, que me leva todos os dias para o colégio onde eu e Kaya estudamos juntos no 5° ano.
Pego a caixa e boto uma porção de Estrelinhas na minha tigela e passo a caixa para Kaya educadamente.
Ela pega a caixa da minha mão e coloca o sucrilhos na tigela.
Coloco leite em cima do meu sucrilhos e passo a jarra para Kaya, que pega ela toda agradecida.
Mexo meu sucrilhos todo quieto e o silêncio reina o palácio.
Kaya destrói o silêncio imediatamente.
- Sabia que se você comesse uma porção de Estrelinhas , você pode pedir um desejo e disser qual é o seu maior sonho? - perguntou.
Olho para Kaya, surpreso com sua teoria.
Será que eu poderia pedir algo as estrelas em forma de sucrilhos?
Sim , você pode pedir! , disse meu inconsciente, animado.
Fico pensativo no que eu poderia pedir as estrelas.
Pego uma porção de Estrelinhas e fecho os olhos antes de fazer o pedido e comer.
Mas antes de comer a porção que peguei na colher, faço uma pergunta a Kaya.
- como é isso? - indago.
Ela me olha antes de responder minha pergunta e explicar a teoria estrelar.
- bom , vou te mostrar. Observe me, por favor. - sugeriu.
Largo minha porção de sucrilhos em forma de estrelas para observar Kaya me mostrar a teoria dos sonhos.
Ela pega uma porção de Estrelinhas, já banhada a leite e fecha os olhos para pedir algo as estrelas.
- Eu desejo e sonho ser médica. Quero ser hemato-oncologista. Quero cuidar de pacientes com câncer e ajudar na busca pela cura da doença. - disse e come o sucrilhos.
Isso explica o porque de Kaya querer ser uma garota normal como médica e o porque de ela querer uma vida longe dos holofotes sem ser ligada a romances da realeza.
Quero dizer, no começo do ano 2000 , Kaya terá de 10 anos e sempre será uma garotinha enquanto eu viro um adolescente de 11 anos.
Deixando as amabilidades de lado, pego uma porção, seguindo orientação de Kaya e fecho os olhos.
- Eu desejo no futuro uma namorada e me casar com alguém que eu amo um dia quando eu for adulto. - digo.
Kaya fica totalmente surpresa com o sonho que eu tenho.
Ela não fazia ideia que eu seguiria as leis da realeza.
Pela as leis da realeza, se um dia eu me casasse com a pessoa certa, eu teria que gerar um filho homem para herdar uma coroa e titulo de príncipe.
Um dia eu seria Rei de Liechtenstein caso eu perdesse meu pai ou minha mãe.
- como assim?- perguntou Kaya, interrompendo minhas reflexões.
Olho para ela antes de responder a pergunta.
Se Kaya entendesse as leis da monarquia, ela teria sacrificado seu nome e seus sonhos.
Fico lívido ao pensar que eu tiraria os sonhos dela de ser se eu me apaixonasse por ela se fosse um adolescente.
- bom, sabia que existe regras sobre o casamento real? - perguntei.
Os olhos de Kaya piscaram confusos e sem entender o que é aquela bula papal que meu pai realmente inventou.
- não. Explica. - disse ela.
Suspiro, parecendo um garotinho que perdera numa corrida de Crash Bandicot no Playstation para uma menina esperta.
- Sabe que meu bisavô foi príncipe de Liechtenstein e se casou com a princesa da Noruega? - perguntei.
Ela assentiu, entendendo o que estou querendo dizer.
Eu nunca tinha contado as histórias da realeza para Kaya.
- bom , ele fez uma regra ao meu avô, pai do meu pai, que na época que era um príncipe. - digo.
Kaya ainda me olhava com curiosidade.
Acho que a professora de história da nossa escola, Susie, nunca foi de contar histórias de monarquias para os nossos colegas do quinto ano na escola, pois esse não era seu assunto predileto.
- E que regra era essa? - perguntou ela , ainda curiosa.
Olho para Kaya antes de formular uma resposta.
Será que ela realmente entenderia que se eu me casasse com uma plebeia como ela, a plebeia teria que sacrificar seu nome e abrir mão dos sonhos dela para se tornar uma princesa e gerar filho homem para dar continuidade a linhagem monárquica?
Isso eu precisava descobrir.
- A regra era que se meu pai se casasse com uma plebeia, a garota sem ascendência aristocrata entre a realeza, teria que abrir a mão do seu sonho e sacrificar o próprio nome para se tornar uma princesa. - respondi.
Pela primeira vez em 9 anos, Kaya fica sem palavras.
Ela está pensando que a minha mãe fez por meu pai ao conhece-lo e ao se casar com ele.
Minha mãe nunca tinha imaginado que um príncipe entrara na sua vida e nem tinha pensado que contos de fadas realmente existem para ela.
- O que sua mãe era antes de conhecer seu pai na época que ela era uma plebeia? - perguntou Kaya.
Olho para ela antes de responder a pergunta dela.
Eu tinha certeza que me lembrava qual era a profissão de minha mãe antes de sua vida virar de pernas para o ar quando meu pai entrou nela e a transformar em uma princesa.
- Minha mãe era professora de educação infantil quando conheceu meu pai. Ele estava na escola onde havia um congresso sobre educação e conheceu ela. Charlotte nunca tinha imaginado que um príncipe mudaria sua vida. Um mês depois, eles começaram a sair juntos e surgiram holofotes para cima dela. Ela ficara conhecida como A Namorada do Príncipe Friedrich. Aquilo a marcou por um tempo. Por causa dos holofotes que seguiam Charlotte, o Conselho dos Professores de Vaduz, sugeriram que ela pedisse demissão na Kindergarten school e se dedicar ao príncipe. Então, Charlotte pediu demissão na Kindergarten school e largou o trabalho. Um ano depois do namoro, meu pai pediu ela em casamento. Charlotte aceitou e passou 9 meses estudando as leis da realeza e se preparando para o principado. - explico a Kaya.
Ela fica totalmente surpresa com o discurso mais longo que eu já dei na vida dela.
Pude ver um milhão de perguntas nos olhos dela.
Foi a primeira vez que eu contei a história de amor entre meu pai e minha mãe a ela.
- Mas ela treinou muito para ser princesa? - perguntou Kaya.
Existem nesse palácio tutores que podem ensinar alguém sobre a vida na realeza.
Isso é, se a pessoa quisesse virar uma princesa.
- Sim, treinou. Um ano depois dos treinos , Charlotte se casou com meu pai e se tornou Princesa Regente de Vaduz e de Liechtenstein. - digo a Kaya.
Minha mãe é muito querida pelo o povo de Vaduz e Liechtenstein.
As garotas querem ser como ela se a monarquia tivesse um herdeiro da coroa para se casar um dia.
Kaya era diferente das meninas que sonham com uma vida na realeza.
Seu amor por medicina surgiu porque a madrinha de batismo dela era uma médica renomada mundialmente que cuidou da sua mãe, Christine.
A obstetra dra. Maggie Beatrice Cartwright.
E a própria Kaya quer seguir os passos da madrinha.
- Como é aquela lei em que seus pais tinha obrigação de dar um filho homem para continuar a linhagem monárquica? - perguntou.
Ninguém, nem mesmo Kaya, tinha me perguntado isso.
Ela está entendendo um pouco as leis monárquicas que nunca sabia que existiam.
Posso dar um pouco de aula de direito monárquico para Kaya aprender um pouco sobre a realeza, uma vez que ela não conhece tanto a família real desse país nórdico.
- bom depois que a pessoa se casa com alguém da realeza e obtém título monárquico, ela tem obrigação junto com príncipe de gerar o filho homem para continuar a linhagem monárquica para que o país tenha novo Rei caso que sucessor morresse. Foi assim que aconteceu com meu avô. Ele morreu um ano depois do casamento do meu pai e meu pai tinha herdado coroa de Rei.
Ele e Charlotte tiveram essa tarefa difícil de gerar um herdeiro da coroa. Ficaram grávidos no Natal. Nessa época do ano, ninguém sabia qual era o sexo do bebê. Se fosse menina, o Parlamento discutiria sobre mudar as regras da realeza e fazer uma herdeira assumir coroa de Rainha e se casar com um plebeu, fazendo com que o rapaz sacrifice o próprio nome, assumindo título de príncipe e mais tarde, Rei. Mas isso também obrigaria o rapaz gerar um herdeiro homem para herdar o título da mãe na realeza. - respondo.
Kaya me encara, finalmente entendendo a lei dos herdeiros da monarquia.
Uma pergunta surge na mente dela enquanto ela me examina.
Humm... o que Kaya está pensando.
- E aquela lei que o parlamento Liechtensteinense discutia sobre se Charlotte gerasse uma herdeira da coroa nunca foi mudada? - perguntou.
Eu assenti, confirmando, sabendo que eu sou o príncipe herdeiro da coroa Liechtensteinense.
Kaya olhou para a janela do palácio e percebeu que estava anoitecendo.
Eu me levanto da mesa e espero ela se levantar.
Levo Kaya até a porta de entrada do palácio.
Sebastian, o guarda, estava no carrinho de golf para levar ela até o portão do palácio.
O palácio fica ao lado da casa dos Schwartz-miller, sem dúvida alguma.
Isso porque minha família e a família de Kaya somos vizinhos.
- Eu adorei conhecer você muito e saber sobre si mesmo. Isso é muito importante para nossa amizade. - disse ela.
Sorri, satisfeito em apresentar um pouco da minha história e da minha vida a Kaya.
Eu beijo a bochecha dela e ela cora lindamente.
- até mais , Kaya. - digo.
Ela corre para o carrinho de golf que Sebastian dirigia e me olha.
Encaro a antes de me despedir dela.
- Até mais, Evan. - disse Kaya.
Sebastian a leva para o portão automático e abre ele para ela.
Kaya sai do palácio e corre para sua casa.
Eu fecho a porta da entrada do salão palacial e me sento no chão. Um dia nossa amizade pode se distanciar.









Dilemas Da Realeza: Depois De Conhecer KayaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora