Não falamos nada depois disso, tudo ficou em completo silêncio até chegarmos ao hospital e eu ser colocada na sala de exames. Poderia jurar que Nicholas ia embora, mas quando saí para esperar que os exames ficassem prontos, vi que ele estava sentado nas desconfortáveis poltronas.

Tirei meu celular intacto do bolso da calça e ajeitei a alça da câmera, também intacta, no meu ombro. Tinha algumas mensagens de meus amigos, mas nenhuma delas sobre meu estado de saúde. Acho que eles não foram avisados nem por Marceline e nem por Nicholas.

As portas vai-e-vem se abriram e por ali veio uma Marceline com as bochechas rosadas e a respiração ofegante. Mesmo parecendo cansada, ela não mediu esforços para correr na minha direção e isso chamou a atenção de Nicholas, que parecia entretido no celular.

Marceline me envolveu em um abraço forte e alguns lugares que ainda estavam doloridos pela pancada no chão latejaram, me fazendo gemer pela dor causada.

- Oh me desculpe, meu bem. - Ela pediu, acariciando meus braços e se afastando. - O que aconteceu? Sua mãe teve uma reunião de emergência, não poderá vir.

Nicholas se aproximou e meus olhos estavam fixos no seus por cima do ombro dela. Notando que eu estava distraída com algo, Marceline também se virou, encontrando Nicholas Hayes mais uma vez.

- Senhor Hayes, muito obrigada por salvar a minha menina mais uma vez, não sabe como eu e Aimée estamos gratas. - Ela o abraçou de ímpeto e eu arregalei os olhos, vendo um sorriso surgir na boca convidativa do pai do meu melhor amigo e em seguida seus braços a rodearem também.

- Eu sempre estou no lugar certo e no momento certo. Não faria diferente por uma garota tão especial como a Blue. - Ele disse, me olhando nos olhos enquanto se desfazia do abraço de Marceline.

Eu me senti violada e me preocupava o quanto eu gostava daquilo. Umedeci os lábios, cruzei os braços e virei o rosto para outro lado. Uma enfermeira se aproximava de nós com um sorriso simpático nos lábios.

- Aqui estão os resultados. - Ela me estendeu uma série de exames e eu os peguei. - O doutor vai chamá-los na sala quatro.

Agradecemos e fui me sentar com ambos, ficando entre eles. Um silêncio constrangedor se instalou e eu tratei de relatar aos meus amigos o ocorrido, dessa vez não podendo esconder sobre a parte do Hayes mais velho. Fechei os olhos ao ver a mensagem do meu melhor amigo, me sentindo a pior amiga de todos os tempos.

"Como assim o meu pai te salvou? Ele tava te seguindo ou algo do gênero? Que maluco, não é? hahahaha"

Mal sabia que tinha possibilidade do seu pai estar mesmo me seguindo. Umedeci os lábios e, antes de digitar qualquer mensagem, ouvi um chamado na sala quatro. Me levantei junto das duas pessoas ao meu lado. Marceline olhou com o cenho franzido para o meu salvador, mas não questionou e assim era melhor. Seria rude impedi-lo de ir, certo?

Quando o médico garantiu pela trigésima vez que não havia nada de errado comigo e que eu só deveria ficar de repouso pelo estresse do ocorrido, Marceline e Nicholas se deram por satisfeitos. Deu um remédio para caso eu tivesse de alguma dor e fui liberada.

- Como vocês vão para casa? - Nick perguntou quando estávamos do lado de fora do hospital.

- Hm, eu chamarei um táxi, foi assim que vim para cá, senhor Hayes. - Marceline disse, sorrindo de modo doce.

- Aceitem a minha carona.

- Senhor Hayes, está fazendo o bastante por essa família, não se incomode...

- Eu insisto. Gosto muito da Blue... - Então ele percebeu o que disse e arregalou os olhos antes de começar a gaguejar. - Ela faz bem ao meu menino. - Engoliu em seco e parecia que ali descia uma pedra grande e pontiaguda.

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