- Como é? - perguntei sem entender.

- Seu pai deixou claro em testamento Taylor, que você assumiria de vez a empresa quando tivesse um pingo de responsabilidade, que é o que menos estou vendo aqui. Aguardarei as mudanças, as empresas ainda são suas, mas não poderá comandar por enquanto, até que tenha alguma posição firme. Com licença! - finalizou se retirando.

- Ele não pode fazer isso. - indaguei.

- Já está feito, são ordens do seu pai. - interferiu Victória.

- E Tracy cadê? - perguntei tirando a jaqueta.

- Está no quarto dela, diz estar decepcionada com você e não queria estar aqui pra te ver, deve estar melhor, vai lá falar com ela. - ela deu um sorriso de canto.

Abaixei a cabeça e subi para o quarto de Tracy, bati na porta algumas vezes até ela me responder e me deixar entrar. Abri a porta devagarinho entrando em seguida e encostando-a logo atrás de mim. Caminhei até a cama onde ela estava deitada e sentei na beirada.

- Mamãe devia ter te avisado que não quero conversar com ninguém. - resmungou sem sequer me olhar.

- Ela avisou, mas resolvi arriscar. - disse baixinho.

- O que pensa que está fazendo Taylor? Preferia quando tudo ainda era do papai e você não se interessava pelo dinheiro. - ela agora sentou-se me encarando - Antes eu me espelhava muito no papai, há um tempo atrás passei a me espelhar em você e é esse exemplo que você quer que eu siga?

- Não... - respondi quase num sussurro, estar levando sermão da minha irmã de 15 anos estava sendo como levar uma punhalada no peito.

- Não sei pelo que está passando afinal sequer se abre com a gente, mas creio que seja lá o que for essa não é a saída. - ela agora deixava as lágrimas percorrerem seu rosto - Por favor me deixa sozinha.

- Tracy não quero que me veja com esses olhos. - repreendi.

- O mundo inteiro está te vendo com esses olhos Taylor. - rebateu.

- Foda-se as pessoas! - exclamei.

- E quanto a nós? Está certa em não ligar pro que falam ou pensam de você, mas se importa pelo menos um pouco comigo ou com a mamãe? Estou sendo motivo de piada no colegio - confessou.

- Porque não me disse isso antes? - questionei a olhando com pesar.

- Porque começou depois que saiu esse arquivo sobre você, faz idéia de como é estar estudando e jogarem papéis bolados em cima do seu caderno e dizerem que sua irmã é uma drogada? Acho que não. - explicou.

- Vou no seu colégio resolver isso... - tentei.

- Não vai não. -interrompeu - Até porque essa é a verdade, e sinto lhe dizer, mas estou decepcionada com você, agora por favor sai do meu quarto. - Tracy levantou-se e abriu a porta.

Segurei as lágrimas que ali insistiam em querer cair, respirei fundo e me levantei caminhando devagar até a porta. E então sai, mas antes de ir para o meu quarto a olhei uma última vez.

- Me perdoe! - sussurrei a olhando, ela apenas balançou a cabeça e bateu a porta na minha cara.

Como Hayley havia dito, estou afastando todos a minha volta, foi então que passei a me perguntar o que estou fazendo comigo, o que estou fazendo com elas. Em seguida me tranquei em meu quarto , liguei o som alto e acendi um cigarro indo para a sacada e fitando a paisagem a minha frente.

                         *    *    *

Alguns dias se passaram e eu estava na mesma, hoje é aniversário de Hayley e eu queria ao menos poder estar ao lado dela, mas ela não me queria por perto. Pensei na possibilidade de lhe dar um presente e não sabia o que dar a ela, tive então a idéia de ir em uma concessionária e comprar um carro para ela. Como sabia que ela não gosta de muito luxo escolhi um dos melhores que havia na loja, mas que parecesse simples, assinei todos os papéis e pedi que lhe entregassem ainda hoje, dinheiro pra mim realmente não era problema, então foi fácil conseguir isso.

Que Sorte a Nossa (Romance Lésbico)Where stories live. Discover now