- E você gostaria de ser fotógrafa? - Questionou mais uma vez.

- Não. A fotografia é só um passatempo. - Umedeci os lábios enquanto via que agora estávamos parados em frente à minha casa.

Ele saiu abruptamente, seu humor mudando da água para o vinho. Sem dificuldade, ele me tinha nos braços pela vigésima vez naquele dia, assim como os meus pertences. Eu desejei ser carregada assim pelo resto dos meus dias, naquelas mãos quentes, naqueles braços fortes, naquele abraço másculo e... Droga, eu tinha que me controlar. Mas é que ele ficaria tão lindo em uma foto naquele momento e eu não conseguia tirar os olhos dele enquanto ele fitava a porta de entrada.

- Tem alguém na sua casa? - Ele questionou, sério. - Porque... Teria que conversar com a sua mãe sobre...

- Não, estou sozinha. - Disse, vendo que o carro dela não estava ali, como era previsto. - Minha mãe não fica muito em casa. Mas Marceline deve estar.

A minha constatação foi animada, mas é claro que Marceline poderia não gostar nada daquela minha nova amizade. Ela não sabia nada sobre essa minha paixão platônica e com certeza não teria muito a dizer, certo? Assim que ele me colocou no chão e tocou a campainha, eu senti uma ansiedade crescente dentro de mim.

E se minha mãe estivesse em casa? Se eles se sentassem pra conversar sobre os filhos e se apaixonassem? Minha mãe poderia casar com um homem por quem eu me sentia fisicamente atraída e aquilo era patético, no mínimo.

Ele me colocou no chão ao seu lado e não demorou para uma Marceline afobada atender à porta. Seus olhos passaram de mim ao senhor Hayes. Primeiro veio o susto, ela com certeza não esperava que eu chegasse com uma versão mais velha de Noah. Depois a confusão por toda a situação que se desenvolvia ali, por isso me apressei a explicar tudo.

- Marceline, esse é o senhor Hayes, pai do Noah. Mamãe está em casa?

- Muito prazer, senhor Hayes. - Ela estendeu a mão e ele, cordialmente, beijou os nós de seus dedos. Por que o meu coração estava tão acelerado de repente? As bochechas de Marceline coraram de imediato. Traidorazinha! - Sua mãe não está, menina. - Seus olhos bateram no meu pé enfaixado e suas mãos foram diretamente aos lábios. - Oh meu Deus, o que aconteceu? Por favor, entrem.

Eu ia entrando, mas congelei quando senti que não tinha mais o apoio de Nick. Olhei na sua direção confusa e vi que ele parecia sério, o cenho franzido, estava pensativo e não se mexeu nem mais um centímetro. Após uma análise minuciosa da minha casa, ele decidiu:

- Está tudo bem, senhora Marceline. Eu preciso ir. - Disse, olhando-a com os olhos em fendas. - Eu sinto muito, Blue. - Pediu, entregando meus pertences à Marceline e caminhando para longe dali, sem me olhar para trás nem mais uma vez, sem um beijo no rosto, sem um adeus apropriado. Apenas arrancou com o carro para longe dali.


Nicholas

Era claro que ela parecia alguém, ela era exatamente como uma das minhas amantes. Não conseguia acreditar que todo esse tempo Aimée havia escondido sua filha. Não que nós travássemos algum diálogo em nossos encontros casuais, mas... Droga, eu estava atraído pela filha dela. Isso era errado, muito errado.

Eu deveria ter percebido quando a garota me passou o endereço, sabia que o conhecia: era o mesmo endereço de Aimée, de quando tinha de buscá-la ou levá-la para casa. Agora eu tinha certeza de que eu era um idiota, porque além de amiga do meu filho, vinte anos mais nova do que eu, ela também era filha de Aimée. Era o ponto final que eu precisava para deixar para lá essa história de uma vez por todas.

Não iria me perdoar pelos toques naquela coxa lisa e torneada, não me perdoaria por desejar que eu pudesse tocar sua coxa dentro do carro, não me perdoaria por desejar tê-la em meus braços até o fim dos meus dias.

BlueWhere stories live. Discover now