Eve

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"Just a litle dream..."

Quando se é jovem e inocente tudo parece ser mais simples.
Quando se é jovem e solitária cair numa rotina triste e vazia é tão inevitável quanto estudar pra uma prova em cima da hora mesmo sabendo que seu desinteresse irá fazê-la desistir antes mesmo de tentar começar.

Quando se é jovem.... Bom, não há muita escapatória. Tudo sempre vai de mal a pior, problemas surgem de todos os lados e quanto mais fundo e o poço maior a vontade de desistir de tudo.

Eu já estive lá, diversas vezes desejei o melhor da vida e por diversas vezes tive o gostinho do pior.

O melhor raramente durava, tinhas dias que estar registrado viva era o pior dos castigos. Perder era como... Como ter algo arrancado de si, ou, como sonhar tão alto e cair de cara no chão, acordando desesperado.

É, ser jovem é viver um inferno diário e quer saber, o melhor a se fazer é mandar a vida ir se fuder, principalmente depois de descobrir que está com câncer e as chances de se curar é 1 em 10.

Eu ganhei, perdi, perdi e parei de ganhar mas acho que o melhor de ter perdido tanto foi tudo o que aconteceu depois.

Eu não lembro exatamente a idade que eu tinha quando o vi pela primeira vez.

Estava em nova York, num desses eventos pequenos que poucos conhecem mas que ocorrem anualmente, trazendo diversas culturas e variedades absurdas de pessoas com gostos peculiares.

Vestia um daqueles vestidos floridos tirado do fundo do guarda roupa da mãe, sapatilha preta e o cabelo preso num rabo de cavalo. Parecia o desastre vivo perambulando perdida em meio a diversidade.

Numa área específica para livros de romance e ficção havia um rapaz daqueles que a gente vê em filme, usava roupas pretas e coturno. Magrelo, estranho, branquelas.  O tipo de nerdão que todo mundo conhece mas não faz muita questão disso.

Erick parecia um sonho em meio a tanta tragédia, seu sorriso transparecia em seus olhos brilhantes. Acho que não foi difícil me apaixonar por um cara assim.

Era ele quem estava lá nas horas boas e ruins.

Era ele quem estava lá contando piadas idiotas nas fisioterapias tornando tudo menos doloroso.

Foi ele quem olhou para alguém esquecida.

E foi a ele que eu entreguei meu corpo e alma.

Seria difícil imaginar uma vida sem ele nela. Imagino que num mundo cheio de caos, era ele o cara chamado de herói que salvava a todos das trevas.

Era ele e deveria continuar sendo.

Ele veio depois de Peety e ficou pra trás depois de Dexter.

O que havia mudado?

Estar tão longe causava tristeza e estar tão perto dele ainda me causava arrepios.

Eu acreditei que o tinha perdido.

Foi numa noite qualquer pouco tempo depois que conheci Dexter, estava deitada no sofá ao lado da minha mãe e recebi uma mensagem com o nome da pessoa que jurei esquecer.

"Sinto saudades, alguma chance de voltar?"

Ignorei a mensagem assim como as outras, Eric decidiu acabar com tudo e foi depois disso que desisti de tentar...

Meu maior medo nunca foi encarar a pressão de um relacionamento a distância e sim perder mais do que eu já havia perdido.

Era ele, o garoto rodeado de livros a quem me entreguei.

Era ele a quem confiei o meu maior segredo.

Era ele o cara que jurei nunca deixar pra trás.

Mas também, era ele o cara que terminou por mensagem depois de jurar sempre me amar.

Não posso julgar alguém por querer se afastar. As vezes eu também queria poder me afastar de mim mesma.

Ainda assim, não era ele quem estava comigo quando eu mais precisei.

Nunca foi Peety, não era o Eric, e depois de tudo, não seria Dexter.

Depois de mergulhar num poço profundo e escuro encarei o pior de mim. Não havia luz muito menos uma escada que pudesse me levar de volta.

Foi ali naquela pior fase que encarei o melhor de mim, a única que poderia me trazer conforto e a única que nunca iria me abandonar.

All Star AzulWhere stories live. Discover now