Capítulo 1

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Recomeço

ANNA

Sou filha única, meu pai, um policial militar do tipo exemplar, minha mãe, uma dona de casa entediada.

Eles resolveram ficar juntos quando descobriram que minha mãe estava grávida.

Meus pais não gostavam de falar sobre essa parte da sua história, mas descobri por acaso que eles moravam em outra cidade, e se mudaram para São Paulo em fuga dos pais dela.

Péssima forma de começar uma vida!

Após meu nascimento, as coisas deterioram entre eles. Lembro da minha infância, das inúmeras cenas de brigas, discussões, louças quebradas, enfim, um pequeno inferno particular.

Na época, me refugiava no meu quarto, em meu mundo particular, embalado pelos meus sonhos com príncipes, princesas, e finais felizes para as histórias de amor.

O tempo passou, quando estava com 14 anos, meu pai descobriu que sua linda esposa o estava traindo. Na época, achei que aconteceria a terceira guerra mundial, mas, por fim, ele não a matou, nem ao seu amante, mas a abandonou.

Depois do que ela fez ao meu pai, e a mim indiretamente, não consegui novamente olhá-la de frente, então, diferentemente de muitos filhos, escolhi ficar com meu pai. Ele era muito atencioso, presente, preocupado comigo e muito, muito amoroso.

Fui muito feliz ao lado de meu pai, e durante os quatro anos que vivemos juntos, tive pouco ou quase nenhum contato com minha mãe. Apesar de não sermos grandes amigas, com o passar do tempo, descobri o quanto a amava e que sentia sua falta. Mas, ela não fazia questão de me ver, nem em meus aniversários. Então, conclui que esse era seu desejo, e decidi manter distância.

Eu tinha uma vida pacata, vivia basicamente para cuidar do meu pai. Não tinha muitas amigas, pouco saia, não tinha namorados.

Mas à medida que crescia, meu pai se tornava mais protetor e ciumento. Eu vivia em uma bolha, um casulo, onde ele poderia me controlar, proteger e se sentir seguro em relação a mim. Mas, infelizmente, o destino tinha outros planos para nós, e o tirou de mim no mesmo ano que completei 18 anos. Vi meu mundo desmoronar quando soube que tinha sido morto em um confronto com bandidos. Sem dúvida, esse foi o momento mais triste de minha vida.

Não tínhamos familiares próximos, eu nem sabia onde viviam. A única pessoa que poderia avisar era minha mãe. Não achei que ela se importaria muito, e de fato foi isso que aconteceu. Ela não foi ao enterro, e não me ofereceu apoio.

Depois desse episódio, nunca mais a procurei.

A única pessoa que pude contar foi uma grande amiga de escola, o nome dela é Simone. Ela tinha uma família maravilhosa que me ofereceu apoio na fase mais difícil.

Após a morte de meu pai, decidi que estava no momento de viver minha própria vida, e foi isso que fiz. Um tijolo após o outro, comecei a construir minha própria história.


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