Acima de tudo

capitulo 1

Capitulo 1 * Sarah

Estava um lindo dia.Eu e minha irmã, Raquel, estávamos apostando uma corrida de bicicleta num parque perto da nossa casa, que sempre me esqueço o nome.Adoro ir a parques, como minha irmã também, me sinto bem lá, sinto como se pudesse esquecer de todas as lembranças ruins da minha vida e focar numa nova fase.

Afinal, já faz 5 anos que me livrei dos nazistas, porém, mesmo que eu queira e me esforce, não consigo esquecer as atrocidades que eu vi, presenciei coisas em um ano que muita gente teria a sorte de não ver em uma vida.Muita gente que se não for judeu na Alemanha, com os nazistas no comando. E o pior, é que o povo alemão apoia e incentiva do antissemitismo e a humilhação aos judeus, mas tenho esperança que isso logo irá acabar e eu voltarei para a Alemanha.Não moro mais lá, agora vivo na Polônia. Foi triste para mim ter que deixar meu melhor amigo, Franz, para trás, mas pelo menos aqui fiz uma melhor amiga maravilhosa que eu amo muito, Nastya, mas mesmo amando muito ela ainda, continuo sentindo saudades do Franz.

— Sabe, os judeus não podem mais irem a parques, não como nós. — Diz minha irmã, encontrando meus olhos com os seus, a luz do sol da tarde batendo na parte de trás de sua cabeça, quase impedindo de que pudesse olha-la.

Remexo a terra abaixo do balanço que estou sentada, Raquel está ao meu lado, levemente se balançando. Inspiro o ar do crepúsculo e deixo que as palavras que dissera sejam registradas em minha cabeça.Droga. Detesto isso, detesto esse controle que os alemães têm sobre os judeus, detesto isso, mas minha irmã fica me lembrando, mas sei que ela não faz por mal

— Não perguntei nada, Raquel. — Resmungo ao desviar meus olhos dos seus, sentindo minhas vistas queimarem pela luz do sol.

— Que simpatia. — Retruca ela com ironia em sua voz.

— Não sou miss simpatia.

— Que humor maravilhoso, não irei me contagiar com esse seu mau humor. — Dito isso, Raquel se levanta e sai transtornada do parque.

Fico então, ali, sozinha e solitária.Observando o pôr do sol durante uma meia hora e meia, pensando no que havia acontecido entre minha irmã e eu. Não podia ter descontado a raiva nela, não daquele jeito, a ponto de ela querer ir embora.Porém, acho que ela devia ter pensando antes de falar.Nem todo mundo gosta de recordar das suas lembranças tristes.Olho no meu relógio de pulso. São seis e meia, e só devo voltar para minha casa quando for sete horas. Mas mesmo o parque sendo perto de casa, acho melhor voltar.