Parte 2

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Ao chegar a propriedade, acompanhado de guardas, viu a devastação que se encontrava o lugar. Onde houvera prósperas plantações, tinham apenas restos de algo que um dia fora rico.

— Meu Deus! – bradou agastado com a situação, olhando ao redor em busca de algum dos culpados. Quando avistou um homem escondido por entre um motim de madeiras, caminhou apressadamente até lá, pisando forte e tendo suas vestes caras sujas pelo lugar totalmente lamacento e destruído.

— Você! – gritou assustando o homem, que pensou estar tão bem camuflado, o fazendo pular de susto e sair correndo rumo a mata. Raviv não perdeu tempo, pôs-se a correr também, a justiça deveria ser cumprida! O físico do fugitivo era tão magricelo que Raviv não teve tantas dificuldades de o alcançar e segurar em seus punhos, o prendendo facilmente.

— Meu senhor, tenha misericórdia! – o homem implorou jogando-se ao chão.

— Onde estão os outros? – perguntou controlando-se, não queria assustar o homem, mas estava revoltado com a destruição deixada em seu campo de plantação.

— Não sei de nada, meu senhor! Não sei... – choramingava aos pés de Raviv, o fazendo sentir pena do homem. Ele estaria mentindo ou falando a verdade? Não teve tempo de avaliar as opções, pois um dos guardas chegou onde estavam e depositou um chute na barriga do homem que estava ajoelhado, em frente a Raviv, o fazendo se encolher de dor no chão.

— Vamos! Peguem esse verme!! – bradou o soldado, com raiva, enquanto outros se aproximavam. De repente, Raviv se pôs entre o homem, que ainda gemia de dor.

— Parem! – sua imponente voz ecoou nos ouvidos de quem estava próximo, e sem esperar uma resposta, abaixou-se e interrogou o homem.

— O que estava fazendo em minha propriedade?

— Se-senhor... – gaguejou sem fôlego. — Eu sentia fome, perdão, prometo que não o roubarei novamente.

Raviv levantou-se e suspirou cansado, estava óbvio que aquele não era o chefe do bando, apenas um pobre que sentia fome.

— Deixem-no – ordenou com a voz mortiça, virou-se para avaliar o estrago na plantação e ver o que seria necessário para começar tudo novamente. Os soldados não compreenderam, porém foram embora sem dizer nenhuma palavra e o homem vendo seu caso resolvido, fugiu pela densa mata que se estendia até o Rio Jordão.

Raviv passou o restante da tarde trabalhando e chegou em casa apenas ao anoitecer, cansado e com fome, pois não havia se alimentado. Comeu e adentrou em seus aposentos, seu único desejo no momento era descansar. Deitou a cabeça em seu tálamo e rapidamente foi levado por um pesado sono.

Raviv acordou suando frio durante a madrugada, havia tido um sonho.

Sonhou que estava observando suas vendas na feira da cidade e também suas muitas propriedades e plantações, uma a uma foram se tornando maiores e ele alegrava-se com esse crescimento, no entanto, de uma hora para outra, absolutamente tudo desmoronou, tudo se perdeu, estragou... ele começou a correr pela cidade em busca de uma resposta para sua falência, mas não encontrou ninguém que o pudesse ajudar ou responder suas dúvidas. O suor já tomava conta de suas costas, sua roupa o sufocava e sua boca estava seca, ele desejava água mais do que qualquer coisa, então encontrou um homem que não conseguiu distinguir suas feições, mas tinha um copo de água na mão e estendia a ele. Raviv correu feliz ao seu encontro, mas antes que alcançasse a mão desse sujeito, olhou para trás e viu que seus bens estavam todos intactos, sua propriedade mais próspera que nunca e uma bela jovem em frente a sua venda de tecidos, com um copo de água, também. Ele correu e bebeu avidamente dessa água, sorrindo feliz, no entanto, lembrou-se do homem, mas ao olhar para trás, ele não mais estava. Não deveria ser importante, mas Raviv sentiu um buraco em seu coração, como se faltasse algo.

A escolha de RavivDonde viven las historias. Descúbrelo ahora