Shoot Film

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O dois dias que se passaram depois do acidente de Liam foram um inferno na Terra.

Sem meios termos, Louis estava num processo terrível e interminável de gastar todo o seu tempo livre pensando naquele pequeno sorriso e a palavra 'Cuidado' sendo proferida por aqueles lábios que poderiam facilmente lhe arrancar a sanidade.

O mundo era mesmo um lugar cruel. Por que tinha de encontrá-lo numa estação de metrô? Por que tinha de passar pelo processo doloroso de constatar que ele realmente existia?

Ter o ator pornô existindo apenas atrás da tela de seu computador era uma coisa. Tê-lo visto a menos de dez metros de si era outra. Criava, inevitavelmente a vontade de tentar alcançá-lo, de correr atrás dele até que tivesse algum contato real... Criava a vontade de entregar-se de corpo e alma, como sempre imaginou e acreditou que nunca aconteceria.

Manter seus desejos homo-afetivos dentro de si estava tornando-se rapidamente uma tarefa dolorosa.

Mais do que sempre havia sido.

E quanto mais pensava nisso, mais aquele ingresso entre seus dedos parecia convidativo. Será que causaria algum mal, uma vez na vida, render-se aos prazeres da carne?

Se bem que, caso fizesse isso, não seria com Haz. Será que mesmo assim valeria a pena?

Sabia muito bem ter criado uma paixão platônica pelo menino que fazia filmes eróticos. Poderia ser ridículo... Na verdade: era ridículo. Pelo simples fato de não saber nada sobre a pessoa em si. Ok, se fosse colocar as cartas na mesa, havia apaixonado-se por uma criação que fez em cima da imagem do tatuado.

O que deixava as coisas ainda mais complicadas, já que em sua própria mente conturbada, ele era perfeito. Quais seriam as chances de o Haz real corresponder a todas essas expectativas?

De qualquer forma, porque Louis permanecia pensando nisso? Era apenas uma festa, caso realmente fosse, seria para encontrar alguém que aceitasse suprir suas necessidades e curiosidades físicas, certo? Não iria esperar por flores ou telefonemas no dia seguinte. Sabia muito bem como seria. E não sabia se estava preparado para algo assim.

Quer dizer, não que pensasse como uma mulher ou algo do gênero, mas era virgem... Não queria transar com um completo desconhecido, mas ao mesmo tempo sabia que não tinha chances de conseguir se meter num relacionamento sem que todos ao seu redor descobrissem sobre isso; ou seja: fora de cogitação.

O Tomlinson suspirou pela milésima vez. Tudo em sua vida parecia uma faca de dois gumes. Nenhuma opção era cem por cento viável e isso o chateava.

Provavelmente deixaria para decidir se iria ou não naquela maldita festa apenas quando já estivesse atrasado para ela. E ainda restavam algumas horas para tal.

Fechou os olhos, repetindo mentalmente a cena em que quase caía nas linhas do trem e que o moreno o notava.

Poderia viver naquele flashback para o resto de sua vida.

• •

A música alta preenchia todo o salão, com suas batidas que faziam os líquidos dentro dos copos de vidro tremerem devido às ondas sonoras.

O ar cheirava a cigarro, bebida, suor e libido. Os corpos contorciam-se ao ritmo da música, o roçar de membros e as expressões convidativas... Tudo ali parecia criar um ambiente propenso para o bom uso da sexualidade.

Homens, mulheres... Não importava muito. Os membros da boate não pareciam ter restrições de gênero; se não para eles mesmos, pelo menos não importavam-se com as preferencias dos outros. O Tomlinson ainda não conseguia entender bem como era estar num ambiente no qual as pessoas não importavam-se com os outros a não ser que estivessem interessados nos mesmos.

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