Capítulo 2

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Precisava fingir que não sabia de nada, precisava fingir que estava tudo bem quando na verdade não está, talvez esse seja o real motivo para fugirmos tanto, o medo de Tracy e Eu lermos alguma revista de fofoca e descobrir tudo antes. No dia em que chorei com minha irmã inventei uma história qualquer para o motivo de tanto choro e desespero, até conselho ela me deu tão inocentemente.

Não sei o porquê, mas passei a observar mais vezes Hayley em seu quarto, principalmente quando abria a janela para fumar um cigarro, ela parecia estar sempre lendo algum livro ou estudando. Não havia visto Ela pessoalmente desde quando a mesma mandou Eu me ferrar, era sempre pela janela, nada mais que isso.

Havia saído com o pessoal para dar uma volta pela cidade, paramos próximos a um parque, eles queriam pixar alguns muros, mas eu estava fora disso, então preferi ficar sentada olhando enquanto eles aprontavam. Até Charlie anunciar algo que eu não havia entendido por conta dos fones de ouvido e em poucos instantes eles haviam corrido, na tentativa de levantar e pegar minha mochila que haviam pedido para eu levar não sei por qual motivo, um policial surgiu na minha frente e ao tirar o fone percebi o quanto estava encrencada.

- O que ia fazer? Ia correr também? - perguntou o policial.

- Não eu só ia... - tentei.

- Não pense em mentir garota, estava com aqueles garotos? - interrompeu-me com outra pergunta.

- E-Eu não estava fazendo nada, eu só ia... - tentei novamente.

- Nossa, mas o que está acontecendo aqui? - para minha surpresa Hayley surgiu de supetão com dois sorvetes em mãos.

- Conhece essa garota? - o outro policial perguntou a ela.

- Sim... - respondeu me olhando - Ela estava comigo, apenas tinha ido comprar esses sorvetes enquanto ela me esperava aqui, mas porque a abordagem? - eu não acreditei no que estava ouvindo, ela estava tentando livrar minha pele.

- Alguns garotos estavam pixando o muro e saíram correndo ao nos ver, sua amiga levantou no mesmo instante e isso soou suspeito, achei que fizesse parte deles. -explicou.- Essa mochila é sua?

- Não, ela saiu sem mochila comigo. - interferiu Hayley.

- Por uns instantes também pensei que fosse, vamos ver o que tem aqui. - ele abriu a mochila que por sinal estava cheia de sprays dentro dela- Olha só, estava perto de sua amiga, talvez jogaram quando nos viram, me desculpem o mal entendido. - ele sorriu.

- Isso aí não é meu. - indaguei indignada ao ver os sprays na minha mochila, não sabia que haviam feito isso.

- Claro que não é, você saiu sem mochila. - tentou concertar.

- Já sabemos que não é sua moça, fique tranqüila, como disse devem ter jogado perto de você quando correram. Cuidado moças, tenham uma boa noite. - disse nos liberando.

Ainda na frente do policial Hayley me entregou o sorvete que já estava derretendo e disse em tom alto "desculpa a demora" para que eles escutassem. Não havia entendido o porquê ela fez aquilo, porquê ela me ajudou quando podia ter me deixado lá se ferrar sozinha, afinal ela me avisou que eles não eram flor que se cheire. Andamos em silêncio uma ao lado da outra, ao dobrar a esquina tudo começou.

- Falta de aviso não foi não é? - Ela me olhava séria.

- Como sabia que estava ali? - perguntei a olhando.

- Estava sentada do outro lado do parque, quando te vi nessa situação Eu pensei se interferia ou não. - explicou.

- Obrigada! -disse envergonhada pela situação.

Que Sorte a Nossa (Romance Lésbico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora