Colheita

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Capítulo 1⃣

Era um final de tarde fria e luminosa, onde o sol se punha atrás do horizonte, fazendo com que o céu adquirisse uma tonalidade de laranja que Annie amava. Apesar de parecer um simples domingo, aquela tarde se tornaria um de seus maiores pesadelos. Era dia de Colheita. Vestia um de seus melhores vestidos e encontrava-se perdida no meio de outras meninas entre 12 a 18 anos do Distrito 4. Suas mãos e suas pernas tremiam incontrolavelmente. Ela só queria estar em casa, junto a seu irmão e seu tio.

~o~

A voz de Chartwell era extremamente rouca, forte e estridente e ele continuava falando sobre o Distrito 13 que, por ter revoltado-se contra a Capital, não existia mais. Falava portanto de como nós deveriamos a respeitar, sorteando anualmente em cada Distrito dois tributos, um menino e uma menina, para um torneio televisionado que alimentava o entreterimento da Capital. O grande problema era que havia somente um vencedor, ou seja, apenas um adolescente saia da arena com vida. Como ganhar? Simples, mate as outras 23 crianças.
"Agora, vamos ver quem será a sortuda que terá a honra de participar de nossa 70 edição."
Chartwell caminhou em direção a uma bola de vidro onde centenas de papeis dobrados a preenchiam. Ele afundou sua mão, brincou com os papéis, fazendo com que o coração de Annie e, provavelmente, o do resto das meninas acelerace. Finalmente decidiu qual puxar, desdobrou o papel, contornou os lábios com a língua e finalmente leu: "Annie Cresta".
"Ufa", pensou Annie para si mesma. "Agora posso voltar para casa."
Chartwell teve que repetir mais uma vez seu nome para que Annie desse conta de que ela que havia sido chamada. Agora sim suas pernas estavam tremendo como nunca, e todas as meninas em sua volta a encaravam. Algumas com certa pena e outras contentes de não terem sido sorteadas. Annie andava como se estivesse carregando uma baleia em suas costas. Cada passo era uma luta.
"Venha, venha, menina. Não podemos perder tempo.", apressava Chartwell.
"Agora, os meninos."
Chartwell já estava do outro lado do palco, selecionando um papel que decidiria o menino que, provavelmente mataria Annie. Ela sabia que não tinha chance de voltar para casa. Nunca tinha treinado, era fraca e pequena, já havia chorado ao ver um passarinho morto e não fazia ideia de como segurar uma faca, ou um arco e felcha, ou qualquer arma.
"Jamie Adams"
Annie sentiu-se extremamente tonta. Definitivamente a sorte não estava em seu favor. Jamie era seu melhor amigo. Faziam sempre tudo juntos e eram inseparáveis. Ainda havia uma chance de algum adolescente se voltuntariar, o que era comum aqui, mas, infelizmente, ninguém se pronunciou. Annie não conseguia olhar nos olhos de seu melhor amigo. Tinha vontade de se descabelar, desabar ali mesmo e chorar como nunca havia chorado antes. Mas não podia, pelo menos não na frente das câmeras.
"Uma salva de palmas para nossos tributos dessa edição"
Ninguém bateu palma. Só os encararam. O único som vinha da boca dos familiares dos sorteados. Annie agora percebeu o quanto seu pequeno irmão, Will, estava chorando. Estava agarrado nos braços de seu tio Ben cujos olhos estavam vermelhos e lágrimas escorriam pela sua bochecha. Os pais de Jamie também choravam descontroladamente. Aquilo tudo era uma tragédia.
"Bom, apertem suas mãos, tributos e que a sorte esteja sempre em seu favor."

~o~

Annie foi levada a uma sala que apesar de pequena, possuia móveis de extrema elegância. As primeiras pessoas a visitá-la foram seu irmãozinho e seu tio. Will correu em desespero para seus braços e Annie o abraçou com toda sua força, sabendo que seria a última vez que o veria. Agora sim, ela chorava, esperniava e agarrava seu irmão. Seu tio acomodou-se no abraço entre os dois e soluçava sobre o ombro de sua sobrinha. Aquele abraço fazia Annie sentir-se aconchegante e assim ficaram por um bom tempo.
"Annie..."
"Sim, Will?"
" Promete que vai voltar para casa?"
"Will..."
"Annie, tente voltar para casa, para mim. Jure que não vai desistir e que em pouco tempo, tudo isso terá acabado e você estará brinando comigo na praia. Por favor Annie..."
Annie não disse nada. Não sabia se poderia prometer aquilo para seu irmão. Mesmo se tentasse, não havia nenhuma possibilidade de voltar para casa. Então, ela apenas o abraçou mais forte e, logo em seguida, um pacificador abriu a porta e os avisou que o tempo já havia esgotado. Eles se abraçaram uma última vez e, antes de sair, Will encarou seriamente sua irmã:
"Nunca desista, Annie.Tenha confiança em si mesma, força de vontade e até mesmo, fé. Sempre tenha fé." e o pacificador fechou a porta.

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oieeeeeee,
espero que tenham gostado💕
qualquer erro de português, me desculpem
😁
me digam oq acharam desse primeiro
capitulo e muito obrigada pela atenção
mts bjjs 😘😘
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