--- Perguntei o que você é? --- Repetiu me olhando nos olhos. Percebeu que eu não estava entendendo e, realmente, eu não conseguia entender nada perto dela. Não fazia a mínima ideia do que ela estava fazendo comigo e só fazia alguns minutos que estava em sua presença. Ela resolveu continuar.

--- Você veio até minha mesa sem ser convidado, sentou-se sem minha permissão e me disse que haviam lobos espreitando para agarrar algum cordeiro inocente, em outras palavras, acredito que nesta história eu seja o cordeiro inocente e entendi que você não era o lobo. Então, quem você é nesta história? --- Enche mais uma vez sua taça de vinho e volta a me encarar esperando uma resposta. Dou o meu melhor sorriso e tento voltar a ser o predador que sou.

--- Não gosto de lobos. Eles nunca atacam de frente, espreitam a vítima, nunca atacam sozinhos e na maioria das vezes não dão oportunidade de sua presa sobreviver. Eu não sei que bicho eu sou, mas com certeza não sou um lobo, pois lhe direi exatamente o que vai acontecer entre nós pelo tempo que estivermos juntos e o que esperar de mim, lhe dando assim a oportunidade de recusar.

--- E o que seria? --- Ela perguntou-me parecendo interessada, pensei comigo: Esta daí já estava na minha! --- Teremos uma noite de sexo sem compromisso, vou lhe proporcionar momentos únicos de prazer e diversão. Vou te fazer muito feliz, mas somente por uma noite. Não gosto e não quero compromisso com ninguém. Se não entende ou não concorda, nos separamos aqui. --- Disse tudo com a voz o mais firme possível. --- E então o que me diz?

--- Eu não sou um cordeiro inocente. --- Ela toma todo o conteúdo do seu copo de uma vez. --- Posso ser tudo, menos inocente. --- Se levanta e me estende a mão. --- Vamos?

Eu fiquei atônito, alguns segundos, mas vesti minha melhor máscara de homem que não se importa com nada, peguei sua mão e quando ia tocar em sua cintura, ela fez sinal de negativo. Fiquei surpreso, mas depois entendi que ela queria tanta proximidade quanto eu, ou seja, nenhuma. Mesmo com sua recusa, segurei em sua mão, senti que ela tentou puxar, mas apertei bem mais. Guiei-a até o estacionamento, abri a porta de minha BMW preta para que entrasse. Senti que estava receosa, então pus minha mão em sua costa a direcionando para o banco. Sua pele era muito macia, não via a hora de tê-la em meus braços. Como assim em meus braços? Será somente uma noite de sexo quente, como tantas outras. Me corrigi mentalmente. Entrei no banco do motorista e partir, para minha noite, que estava apenas começando.

Durante todo o trajeto, ela não falou nada, parecia perdida de novo em seus pensamentos. Ela olhava pela janela e nem por um momento me olhou. Se eu não tivesse certeza que expliquei tudo o que aconteceria conosco, eu pensaria que ela estava aqui obrigada ou algo deste tipo. Resolvi cortar o clima.

--- Quer escutar alguma música? Tem alguma preferência? --- Ela continuou olhando pela janela e fez apenas sinal de negativo. Continuei tentando quebrar o gelo. Sim, é isso mesmo, a mulher ao meu lado era uma linda gatinha gelada.

--- Ah! Esqueci de perguntar o seu nome. O meu nome é And... --- Antes que eu continuasse, ela me interrompeu.

--- Eu não preciso saber seu nome, uma vez que só será uma noite, bem como você não precisa saber o meu. E não se preocupe, eu não pretendo desistir de fazer sexo com você. Então, não precisa se esforçar para fazer gentilezas. Guarde-as para mulheres que realmente se importam com isso.

Decididamente, a maneira como ela falou comigo me irritou. Eu queria parar o carro ali mesmo e mostrar pra ela que quem está no controle sou eu e não ela. No entanto, resolvi entrar em seu jogo. Se era um ogro que ela queria ao invés de um cavalheiro, era exatamente isso que ela teria. O restante do caminho até meu apartamento foi feito em total silêncio.

Paramos em frente ao meu prédio e percebi que ela o olhou de cima abaixo. Quando, enfim, entramos na garagem submersa, parei o carro, mas ela nem esperou eu sair para abrir a porta, saiu por si mesma e me esperou em frente com os braços em volta de si. Peguei sua mão a força que, de novo, ela tentou puxar e de novo eu apertei com mais força. Fomos até o elevador privativo e o percurso também foi feito em total silêncio. Eu continuava sem entender nada, ela parecia estar ali contra a vontade. Lutando contra mim como uma gatinha rebelde.

Na escuridão de mim mesmaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora