No interior do prédio, havia um silencioso elevador movido por um sistema hidráulico e alimentado por energia ígnea, a mesma distribuída e utilizada em todas as províncias do estado de Durkheim. Ilya e Halle tomaram o elevador a partir do pátio central que terminava no alto em uma cobertura de vidro e estrutura metálica.
– Se prepara, frangote, porque você vai babar. – disse Halle excitado.
– Hein?
– A Masha é a pesquisadora mais gata de toda a universidade.
– Certo, e daí?
– Daí que você vai babar, moleque! – disse Halle sacudindo Ilya pelos ombros.
Ilya rolava os olhos se perguntando se era possível alguém ser mais inconveniente que Bremmen.
A entrada do laboratório era restrita. Os estudantes apresentavam seus crachás e anotavam seus dados no livro de registros. O porteiro chamou pelo interfone.
– Srta. Flammoc? Aqui estão os senhores Bremmen e Gregorvich para vê-la. – após uma pausa – Perfeitamente. Podem entrar.
Ilya passou pelas duas pesadas portas de madeira e um cheiro estranho invadiu suas narinas.
– Cheiroso, não? – zombou Halle.
Havia uma dezena de pessoas ali, estudantes, pesquisadores e professores. No centro do salão, algumas máquinas circundadas de muitos fios e mangueiras. Um monte de coisas que Ilya sequer conseguia supor o que era. De trás de uma daquelas geringonças, surgiu uma moça sorridente. Ela vestia um jaleco verde, botas grossas, capacete e óculos protetores. Não era um traje muito feminino, mas ainda assim sua beleza era notável. Os cabelos negros e lisos, da mesma cor de seus olhos, que sorriam junto com os lábios, deixaram o rapaz um pouco abobado.
– Oi, Masha. Esse aqui é o Ilya Gregorvich, o geniozinho da matemática de quem lhe falei.
– Olá, Ilya, como vai? – indagou Masha fazendo o coração de ambos bater mais forte.
– Tudo bem, quero dizer, quase...
Masha ergueu as sobrancelhas como se perguntasse qual era o problema.
Ilya tirou os óculos do bolso do sobretudo e os ofereceu à moça.
– Parecem comuns, digo, um desenho peculiar, mas comuns.
– Sim, mas de duas uma: isso não é exatamente comum ou meu amigo Ilya está sofrendo alucinações.
– Bem, verifiquemos. – Masha seguiu para o canto do laboratório no qual havia uma máquina com a aparência de um forno. Introduziu os óculos, fechou a porta e ligou alguns botões.
Ilya sentiu os pelos de sua nuca se arrepiarem – O que é isso? – Ilya perguntou curioso.
– Um manômetro. Vai medir a existência de energia manótica e seu comportamento ao receber diversos feixes de extratos manóticos. Isso vai levar uns minutos...
A máquina zumbiu e houve um silêncio constrangedor. Masha observou Ilya com cuidado, como se realizasse um exame. O rapaz desviou o olhar e corou. Halle tomou coragem para suas investidas.
– Então, moça linda, – começou Halle – que tal minha proposta de exploração na tumba de Emzimer-von?
– Vai ser não, de novo, Bremmen.
– Barzinho?
– Não.
– Jantar? – ele sorria.
Ela não sorria – Não, Bremmen, ano que vem, quem sabe?
Halle sorriu. Aquilo já era um progresso.
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Os Óculos Indesejados de Ilya Gregorvich
Science Fiction🏆 VENCEDOR "THE WATTY 2019" NA CATEGORIA FICÇÃO CIENTÍFICA 🏆 Ilya Gregorvich tem uma mente brilhante para matemática, pulou o ensino médio e foi convidado a ingressar na universidade. Sofre, em segredo, por ter uma doença terminal. Tudo que ele q...
6 - Masha Flammoc
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