6 - Masha Flammoc

Começar do início
                                    

No interior do prédio, havia um silencioso elevador movido por um sistema hidráulico e alimentado por energia ígnea, a mesma distribuída e utilizada em todas as províncias do estado de Durkheim. Ilya e Halle tomaram o elevador a partir do pátio central que terminava no alto em uma cobertura de vidro e estrutura metálica.

– Se prepara, frangote, porque você vai babar. – disse Halle excitado.

– Hein?

– A Masha é a pesquisadora mais gata de toda a universidade.

– Certo, e daí?

– Daí que você vai babar, moleque! – disse Halle sacudindo Ilya pelos ombros.

Ilya rolava os olhos se perguntando se era possível alguém ser mais inconveniente que Bremmen.

A entrada do laboratório era restrita. Os estudantes apresentavam seus crachás e anotavam seus dados no livro de registros. O porteiro chamou pelo interfone.

– Srta. Flammoc? Aqui estão os senhores Bremmen e Gregorvich para vê-la. – após uma pausa – Perfeitamente. Podem entrar.

Ilya passou pelas duas pesadas portas de madeira e um cheiro estranho invadiu suas narinas.

– Cheiroso, não? – zombou Halle.

Havia uma dezena de pessoas ali, estudantes, pesquisadores e professores. No centro do salão, algumas máquinas circundadas de muitos fios e mangueiras. Um monte de coisas que Ilya sequer conseguia supor o que era. De trás de uma daquelas geringonças, surgiu uma moça sorridente. Ela vestia um jaleco verde, botas grossas, capacete e óculos protetores. Não era um traje muito feminino, mas ainda assim sua beleza era notável. Os cabelos negros e lisos, da mesma cor de seus olhos, que sorriam junto com os lábios, deixaram o rapaz um pouco abobado.

– Oi, Masha. Esse aqui é o Ilya Gregorvich, o geniozinho da matemática de quem lhe falei.

– Olá, Ilya, como vai? – indagou Masha fazendo o coração de ambos bater mais forte.

– Tudo bem, quero dizer, quase...

Masha ergueu as sobrancelhas como se perguntasse qual era o problema.

Ilya tirou os óculos do bolso do sobretudo e os ofereceu à moça.

– Parecem comuns, digo, um desenho peculiar, mas comuns.

– Sim, mas de duas uma: isso não é exatamente comum ou meu amigo Ilya está sofrendo alucinações.

– Bem, verifiquemos. – Masha seguiu para o canto do laboratório no qual havia uma máquina com a aparência de um forno. Introduziu os óculos, fechou a porta e ligou alguns botões.

Ilya sentiu os pelos de sua nuca se arrepiarem – O que é isso? – Ilya perguntou curioso.

– Um manômetro. Vai medir a existência de energia manótica e seu comportamento ao receber diversos feixes de extratos manóticos. Isso vai levar uns minutos...

A máquina zumbiu e houve um silêncio constrangedor. Masha observou Ilya com cuidado, como se realizasse um exame. O rapaz desviou o olhar e corou. Halle tomou coragem para suas investidas.

– Então, moça linda, – começou Halle – que tal minha proposta de exploração na tumba de Emzimer-von?

– Vai ser não, de novo, Bremmen.

– Barzinho?

– Não.

– Jantar? – ele sorria.

Ela não sorria – Não, Bremmen, ano que vem, quem sabe?

Halle sorriu. Aquilo já era um progresso.

Os Óculos Indesejados de Ilya GregorvichOnde histórias criam vida. Descubra agora