"Realidade"

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*Dipper*

"Olhei para trás com uma certa angústia. Wendy, Soos, Stanley, Stanford, Grenda, Candy, todos estavam lá parados ainda acenando. Estou um pouco triste de sair de Gravity Falls. Várias recordações se construiram neste lugar, como: Amigos, mistérios, primeiro amor, e até, urgh... meu primeiro beijo e etc. Mas por outro lado, tenho Mabel ao meu lado, e isso é tudo pra mi..."

Parei de escrever quando senti uma coisa molhada escorrendo sobre minha mão. Imediatamente larguei meu lápis, fechei meu livro e olhei para o lado. Mabel chorava abraçada a Waddles. Naquela hora meu coração apertou, senti vontade de chorar também. Era raro encontrar Mabel chorando, ela sempre estava feliz e sorridente.

- Mabel! O que houve?- segurei seu rosto, enquanto limpava suas lágrimas com meu polegar.- É por causa de Gravity Falls?

- Sim... - ela parecia pensativa na hora de falar, como se estivesse escolhendo as palavras certas, ou apenas se embolado mais nelas.-Também. Estou com medo. Eu tenho tanto medo da realidade. Tenho medo de crescer. Tenho medo das responsabilidades que me aguardam. Tenho medo de ser triste e nunca mais conseguir ser feliz. E principalmente tenho medo de te perder...- ela ia continuar falando, mas a interrompi.

- Mabel, eu estou aqui, e, enquanto eu estiver aqui, nada de ruim irá te acontecer. Eu te prometo!- falei, enquanto a abraçava.- Enquanto nós tivermos um ao outro tudo ficará bem. Você não se lembra? Nós somos os "Gêmeos do mistério".

- É verdade. Obrigada-concordou, enquanto limpava suas lágrimas com seu suéter.

Ela se encostou em meu braço. Á abracei, logo, depositei um beijo em sua testa. Waddles olhou para nossa cara como se entendesse tudo e ao mesmo tempo nada (??). Mabel acabou dormindo. Peguei meu livro e continuei escrevendo.

"... Mabel acabou de chorar em meu ombro. Ela tem medo da tal "realidade". Mal sabe ela que eu carrego o mesmo medo. Mas não se preocupe, maninha, eu não deixarei que nada de mal te aconteça, e vice versa. Afinal, eu te amo..."

Corei um pouco depois de ler o "eu te amo", nem percebi que havia escrito aquilo, resolvi apagar.

Me ajeitei naquele assento desconfortável, tentando não me mexer muito para não acordar Mabel.

Estava tentando pegar no sono, mas não conseguia de jeito algum. Lembrei de quando eu e Mabel éramos crianças, e que, quando eu não conseguia dormir ela ficava fazendo carinho na minha cabeça até eu pegar no sono. Muitas vezes aquilo acabava não funcionando, mas mesmo assim ela não parava. Houve uma época, em que, nós dois ficamos a madrugada inteira acordados; eu deitado em minha cama com os olhos arregalados; e Mabel que nem uma zumbi de tão cansada ao lado de minha cama me fazendo carinho. Desde desse dia eu fingia dormir pra minha irmãzinha não ter que passar por aquele sufoco. Bons tempos!

Senti que estava sorrindo pro nada.

Me lembro também, que, quando cheguei na escola as crianças me zoavam por causa da minha marca de nascença, eu sempre chegava em casa chorando por conta disso. Até que houve um dia em que, fiquei muito doente e tive que ficar em casa. Me lembro de Mabel entrando no quarto onde eu estava e perguntando:
"Ei, Dipper, aonde você deixa suas roupas?"

Apesar de achar a pergunta um tanto estranha respondi. Perguntei o por que daquela pergunta, e ela respondeu simplesmente :

"Hmmm. Nada."

No dia seguinte todos que antes zombavam de mim agora tinham medo. Eu até hoje não sei o que ela fez...

Acabo de perceber uma coisa: eu nunca cuidei da Mabel, ela que sempre cuidou de mim; e foi em meio a esse pensamento que eu consegui dormir....

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