Capítulo 3 - Guilherme

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— Sr. Becker, não sabe quem eu encontrei perdida por aqui.

— Do que está falando, Otávio? – meu padrinho perguntou.

— Oi, pai.

Olhei para a porta imediatamente. "Cara, por essa eu não esperava!" Era ela que estava bem ali na minha frente. "Uau! Como ela está bonita!" "Caramba, ela é muito linda!" fui obrigado a pensar e isso também me pegou de surpresa. O Otávio estava olhando embasbacado para ela e dava para perceber que ele não conseguia tirar os olhos. Aquele é um grande artifício que ela devia usar a seu favor, a sua beleza era desconcertante.

Fiquei reparando no jeito que ela falava com o pai e a garota até me pareceu uma pessoa carinhosa, mas eu sabia que ela era falsa e aquela carinha angelical não me enganava. Era assim desde criança. "Mas é impossível deixar de olhar para ela, cara!" "Que droga, ela poderia ser feia!", pensei indignado. Vi quando o Otávio se despediu dando um beijo em sua bochecha e não entendi o porquê de toda aquela demonstração de carinho, ele havia conhecido aquela garota não fazia nem 5 minutos. E foi só quando ele saiu da sala que ela pareceu me notar e ficou parada com os olhos vidrados em mim. Meu padrinho apontou na minha direção e perguntou para ela:

— Lembra-se do Guilherme, filha? – ela pareceu não escutar e continuou me olhando de um jeito estranho. – Filha? Está me ouvindo? – Meu padrinho perguntou. – Só aí ela voltou a terra e piscou olhando para o pai.

— Sim, pai. Lembro vagamente de você, Guilherme. – disse olhando para mim novamente.

Aquilo eu já esperava, a pessoa mais egoísta do mundo não poderia mesmo lembrar de mim. Mas eu me lembrava dela. Eu me levantei indo na sua direção e ela me analisou de cima a baixo com um olhar que eu não identifiquei muito bem, mas parecia medo. "Será que eu a intimidei?" Aquilo era bom, porque eu queria mesmo que ela soubesse com quem estava lidando. Eu me aproximei e disse:

— Eu me lembro bem de você. – ela continuou olhando para mim sem falar nada e eu emendei: — Seu pai me disse que a sua mudança para cá é definitiva.

— Com certeza, agora a minha garotinha só sairá da minha casa quando for adulta. – foi meu padrinho quem respondeu.

Luana continuou muda e quando o seu pai foi atender ao telefone na mesa, ela olhou imediatamente para o chão e ficamos em silêncio. Eu não parei de encará-la, estava gostando de intimidá-la e percebi que ela estava desconfortável. "Ah, isso será interessante!" pensei me divertindo. No momento em que o meu padrinho se desculpou e saiu da sala, ela quase implorou para ir embora, mas ele insistiu para que a metidinha ficasse. Ela não queria ficar ali comigo e no instante em que ficamos sozinhos, ela se virou para mim e perguntou:

— Algum problema? – ela estava incomodada com o meu olhar e por isso resolvi provocá-la um pouco.

— Não, nenhum. Só estava pensando quando você irá resolver voltar a ficar com sua irmã e deixar seu pai sozinho novamente. – ela me encarou com olhos arregalados.

— Não pretendo ir a lugar algum, se é que isso é da sua conta. – ela era malcriada, o que não me surpreendeu. Senti vontade de rir, mas segurei porque não queria que ela pensasse que era uma brincadeira, até porque não era mesmo.

— Vamos ver até quando essa decisão vai durar! – disse de maneira ríspida e ela levantou seus olhos para mim e ergueu o queixo dizendo:

— Olha, sinceramente não estou entendendo por que está falando comigo desse jeito, você nem me conhece! Não nos vemos há quase 10 anos e você continua se comportando como a criança má que você era! – Ela estava brava. "Pelo visto não sou uma lembrança assim tão vaga. Que mentirosinha manipuladora essa menina é." pensei — Então, parece que você se lembra de mim e a única criança que tem aqui é você, garota! – ela me olhou boquiaberta e eu continuei: – E eu só estou dizendo a verdade, tão logo você mudar de ideia, você vai largar o seu pai aqui sozinho e vai voltar correndo para o colo da sua irmã. – ela levantou ainda mais o queixo e me fuzilando com os olhos, disse:

Love Is (NOT) Easy - EM REVISÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora