Ações e reações

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Maya

Ele não me entendia e era nítido em seus olhos o quanto aquilo o perturbava.

Gostaria de gritar com ele, de apontar o dedo no meio de sua expressão convicta. Eu estava pronta para a briga, porém, assim como a firmeza estava em sua expressão, também estava o medo. Ele temia pelas minhas escolhas, temia pelo acaso e eu o entendia. Mas não concordava.

Dias e mais dias se passaram e evitamos esse assunto ao máximo, ele sempre acabava com a expressão contorcida ao conversar sobre armas.

Então, eu resolvi agir.

Adrian era meu amor, minha paixão, meu porto seguro, mas ele nunca foi e nunca seria dono das minhas escolhas. No dia seguinte a nossa discussão, eu me matriculei em um curso de defesa pessoal, oferecida por policiais de Chicago. Essa parte em si, não incomodava tanto Adrian. Ele até me ajudava com alguns movimentos, mas eu via a dor em seus olhos por me ver tão empolgada.

No curso, haviam várias mulheres, a maioria delas guardava uma história horripilante de agressão, não só por homens, mas também por mulheres. Ali, estávamos aprendendo a nos proteger de qualquer um mal intencionado. Eu amava a energia daquelas mulheres, a força que passavam. Mesmo que não se conhecessem, não faltavam gritos de incentivos umas as outras. Aquilo me deu esperança.

Eu tinha esperança de superar completamente os meus traumas, esperança de estar preparada para os dois homens que eu sabia que viriam atrás de mim.

Tudo estava muito silencioso, calmo.

Eu havia mexido com Jack e com Nathan e sabia que isso não era pouca coisa, os dois tinham ligações com o que eu chamava de "submundo de Chicago", ligações pesadas. Bastava pouca distração da minha parte para ser pega.

Meses depois de todo o horror do sequestro, eu já me sentia melhor. Agora eu fazia não só defesa pessoal, como krav maga.

A única coisa que ainda faltava, eram as aulas de tiro. Eu seria capaz de atirar em Jack de novo se necessário, e precisava estar preparada para isso. Com esse pensamento martelando minha mente, estacionei meu carro e peguei minha bolsa que estava no banco do carona.

Adrian já estava em casa e hoje ele não fugiria das minhas insistências.

***

— Maya, eu não quero discutir isso de novo.

Adrian estava sentado em seu escritório, haviam pilhas de papéis organizados à sua esquerda e pastas à direita. Havia tanto para cuidar, que logo ele precisaria de uma assistente pessoal, além da profissional.

Sinceramente, eu entendia sua posição. Adrian estava sobrecarregado com a sua empresa, preocupado que a polícia não conseguia achar Jack e estressado por não conseguir se entender comigo. Gostaria de tonar tudo mais fácil, mas não conseguia. Não poderia apenas me calar quando me sentia tão insatisfeita.

— Adrian, não estou pedindo para matar ninguém, mas que droga! Você não consegue entender que eu preciso disso para me sentir segura? Não vou suportar passar por aquilo de novo sem saber me defender! — espalmei as duas mãos na mesa de vidro.

Ele fechou os olhos e respirou fundo, afrouxando a gravata e abrindo alguns botões de sua camisa azul marinho.

— Maya... Não é necessário. Você já sabe lutar, já sabe desarmar uma pessoa melhor do que eu! Eu entendo o seu medo, entendo...Só que, isso não vai acontecer de novo. Ninguém irá pegá-la novamente. — garantiu-me.

Minha Segunda Chance (Finalizada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora