Prefácio (Corrigido)

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Prefácio

Ao lado do arranjo de flores e orquídeas amarelas estava aquele que tinha uma displicente tarefa a cumprir. Com uma expressão carrancuda de quem desejava estar em qualquer outro lugar e os lábios apertados em uma linha reta, ele estava a esperar sua noiva.

Aquele dia esteve à espreita desde que dera sua palavra de que cumpriria o acordo absurdo ao qual fora designado, temera que aquele dia chegasse e com ele o fim da sua apreciada liberdade. E, como sempre soube que seria, o fatídico momento havia se feito presente e não poderia ser evitado.

– O carro chegou, meu irmão. – seu irmão mais novo, Jonathan, lhe sussurrou sem coragem para olhá-lo nos olhos.

– Querido, não deixe seu irmão ainda mais tenso. – Catarina pediu se aproximando e tocou no ombro do filho. – Eu nunca desejei vê um dos meus filhos infelizes, contudo você não é mais um menino, Andrew e sim um homem feito, dessa forma não há nada que eu possa fazer. Apenas desejo que possa enfrentar esse obstáculo em seu caminho e ser feliz, da melhor maneira que puder.

– Ela está prestes a entrar. – Hiorran o avisou apreensivo e Catarina suspirou e sorriu amarelo antes de se afastar abraçada a Jonny.

Andrew, por sua vez, soltou o ar que não sabia que segurava e fechou as mãos em punhos para esconder o tremor que as percorria.

– Não posso te ajudar a sair dessa, irmão, eu deveria ter pensado em você antes de ter aceitado esse acordo estúpido. Se quiser dizer não a isso, saiba que o apoiarei completamente.

– Não se atreva a continuar, eu já decidi que vou encarar essa.

Andrew respondeu sucinto e voltou-se para frente ao ouvir a música. Pôde ver entrando pela porta os padrinhos, a irmã dela, Daniela e dois casais de damas e pajés de honra. Quando uma moça ruiva apareceu de braços dados a Marcos Braga, o Backar sentiu um tremor de raiva o tomar inteiro o obrigando a respirar profundamente mais de uma vez.

Eles foram se aproximando e a cada passo mais próximos o moreno tomava uma longa respiração para acalmar-se. Não obstante, Marcos lhe sorria arrogante, as rugas abundantes ao redor dos envelhecidos olhos castanhos e a expressão exultante de quem vence uma batalha. Distraído com o olhar penetrante do seu algoz, Andrew demorou a notar a miúda figura vestida de noiva ao seu lado, quando o fez, porém, precisou soltar lentamente o ar que lhe restava.

A jovem a sua frente tinha uma pele azeitonada cremosa e suave, grandes e expressivos olhos verde-jade que pareciam iluminar, seu rosto arredondado possuía sardas por todo o pequeno nariz e seus lábios cheios eram perfeitamente contornados, como se houvessem sido esculpidos a mão caprichosamente. E ao fim, espessas e volumosas ondas de um vermelho vivo com finas mechas douradas que emolduravam esplendorosamente todo o seu belo rosto.

– Essa é Edna Braga, sua noiva.

Aquelas palavras, tão engenhosamente educadas e contidas, lhe retiraram daquele estranho transe. Durante a cerimônia Andrew manteve seus olhos no palco, ignorando completamente a mulher ao seu lado, e, ao início da festa, a deixou sozinha e se afastou.

Desejava acima de tudo uma bebida forte, algo que o mantivesse aéreo o suficiente para se esquecer que aquele era seu trágico casamento. Seus planos envolviam ficar completamente chapado e acordar somente na metade do dia seguinte para que aquele dia tivesse seu fim.

– Drew...

– Ouça bem o que digo, Jonathan e não estou sendo engraçadinho dessa vez, eu não quero esse olhar de pena que vocês estão fazendo, esse não é o meu velório. Agora me deixe sozinho, eu preciso beber.

Declarou afastando seu irmão mais novo e encaminhando-se para a mesa de bebidas.

– Você teve sorte, a garota parece um anjo. – o irmão tentou dispersar a tensão e Andrew o ignorou servindo-se de uma taça de Belvedere e degustando. – Falou algo com ela? Ao menos se apresentaram?

– Para que? Ela não é importante para mim, pouco me importo se está viva ou morta.

– Andrew, já pensou que essa garota também está sendo obrigada? E ela não está procurando bebidas para esquecer, pelo contrário, continua sorrindo para todos e os cumprimentando. – Jonny afirmou pacífico e Andrew bufou com sua declaração.

– Obrigada? Ela teria que dividir a herança dela com dois idiotas, casando comigo ela terá direito a metade dos meus bens. Claro, casamos com separação total, ainda assim aquela família asquerosa vai dá um jeito de se aproveitar de todo o meu dinheiro. Ela acaba de se tornar uma Backar, acha que ela está mesmo infeliz com isso? Abra seus olhos, Jonathan.

Foi a frase mais longa que chegara a dizer, até riu disso, ao contrário do mais novo que o fitava perplexo.

– Fala como se ela fosse uma completa vadia interesseira.

– E é o que ela é.

– É uma moça, Drew.

– Porra, para com esse apelido ridículo.

Serviu-se de mais uma taça e tomou com mais calma, saboreando o líquido seco e forte.

– Eu sei que é uma moça, mas cresceu naquela família, então não me venha dizer que ela é uma vítima porque não é.

– Ela me parece triste, já viu seus olhos? Essa moça não é feliz, irmão.

– Jonathan não se atreva a se aproximar dela, me escutou? Nenhum de nós vai se aproximar dela, quero ver quanto tempo ela vai suportar sem ser paparicada e eu sei que já sabia dos meus planos. Essa é a minha decisão, não faça nada para melhorar os dias dela aqui.

– Eu sei, irmão, você já havia dito isso, lembra? Até a mãe está proibida de ser próxima a garota, então não pense que me esqueci. Eu vou me manter distante, afinal o casamento é seu, a decisão é sua, assim como os outros eu irei respeitar, mas estarei de longe observando, Andrew, porque eu sei o quão cruel consegue ser e se passar dos limites com essa menina eu vou interferir. Desculpe, mas também é minha decisão.

Andrew apertou a taça de cristal em mãos e observou o irmão se afastar, ele não estava surpreso, Jonny sempre interferia quando as coisas ficavam sérias, porém sempre ficava de fora assistindo. Não esperou por aquilo, mas não iria permitir, estava disposto a fazer a vida daquela menina um inferno e faria, seu irmão mais novo não iria impedir.


A primeira vodka de luxo no mercado brasileiro. 

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12/05/2016

Corrigido em 30.09.2019

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