A ordem natural das coisas

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Escritório de ADM, Base 05. 04:05hs AM. Manaus.

- Posso ver o relatório? Vai fazer o curso aonde?

Laura me questiona na administração.

- Está aqui. Farei em Barbacena, minha família está toda lá!

Eu digo e ela afirma me devolvendo o papel.

- Quem vai levar o Hércules, Mounsher?

Ela questiona alto, o sargento Vitor que trabalhava em seu computador totalmente imerso, enquanto colocava café expresso no pequeno copo de isopor.

- Sei lá, tenente, os senhores que decidam...

- O que está no documento dela?

Laura questiona e me oferece um café.

- "... Para transporte pra curso/ O Lockheed C-130, vulgo Hércules: Tem a autorização de comando ás mãos com total responsabilidade militar de segurança, e capacitação comprovada por meio de patente: Segundo tenente Coverick / Segundo tenente Nogueira. Resumindo: Sei lá, tenente, os senhores que decidam."

Mounsher recita como um robô, parte do documento em que nós dois estávamos autorizados á pilotar e Laura ri com sua ironia.

- Você pode levar ela, Laura!

Eu digo e ela concorda.

- Bom, está vendo como foi fácil. Podem assinar o documento de identificação dela e bom, o resto vocês já sabem!!!

Ele se levanta da mesa, nos entrega uma pilha de documentos já bastante comum, e volta para seu computador. Fizemos tudo o que precisava, assinamos tudo e saímos da administração.

- Está segura para pilotar?

Eu questiono no corredor e ela me olha com a cara feia. Como se Laura pudesse ficar feia.

- Temos as mesmas horas de vôos.

- Isso não significa nada!

Eu digo e ela bufa.

- Estou segura, tenente, me sinto segura. Você e meus 80 fuzileiros chegarão em Minas com vida.

Ela diz mas ainda sim parece insegura.

- Matar todas as araras talvez não, mas á mim com essa TPM absurda, pelo amor de Deus! Está quase. Tomou seu remedinho não é?! Não vou ficar presa sete horas contigo, com você nesse humor...

Eu questiono e ela me olha com nojo.

- Cale a boca Coverick, seu imbecil!

- Aonde fará o curso?

Eu rio e questiono.

- Pirassununga.

- Se quiser passar a semana livre em Minas, me dá um toque no telefone. Vamos conhecer os bares de Minas Gerais, eu mesmo não conheço!

- Não, obrigada.

Ela diz sem demora.

- Que droga, vou ter que suportar o empata do Pedro sozinho...

Falo e ergo uma sobrancelha ainda sem olhar pra ela, e mesmo assim pude sentir seu olhar em mim. Eu me sentia á vontade com os dois e então convidei. Pelo menos teria para aonde correr quando minha família surtasse ao descobrir que não sobrou nada de mim mesmo, nada do que fui nos últimos anos.

- Preciso ir ali na administração... Seu ridículo!!!

E lá vai ela mudar o local do curso na última hora. Mulheres são todas iguais!

DVE - LIVRO 2 - DEGUSTAÇÃO! ESSE LIVRO FOI RETIRADO EM AGO/17Onde as histórias ganham vida. Descobre agora