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Oito meses haviam se passado, e o soldado invernal acompanhava a arma V97 todos os dias, observando pela janela do quarto. Ele ainda não sabia os poderes da criança. E não saberia tão cedo, já que os poderes só se manifestarão a partir dos 5 anos de idade.

Brixton, Londres. 13 de agosto de 1992.

Os pais da arma V97 estavam siando de casa, e o soldado estava em sua posição, na janela da criança. Ele esquivou-se um pouco para trás da janela, para que não fosse visto. Quando ele observou que os pais estavam longe, ele entrou no quarto da criança, a qual estava no berço. Com certeza, ela não estava sozinha na casa, então ele tomaria muito cuidado para não ser visto. Isso não seria um problema para um soldado treinado como ele.

Ele andou um pouco pra fora do quarto, para observar onde estaria a pessoa que cuidava do bebê. Essa pessoa era uma mulher jovem, aparentava uns 35 anos. Fora contratada quando a arma V97 estava com 4 meses. A babá estava na sala, dobrando roupas recém recolhidas do varal. O soldado voltou para o quarto, observando tudo o que ele já havia observado oito meses atrás. Apenas algumas pequenas coisas mudaram no local. Uma toalha brancas estava dobrada em cima da cômoda. Na toalha, estava bordado "Avea". O soldado deduziu que esse era o nome da arma V97. Avea Denski.

Ele estava com a toalha na mão, observando aquele nome, quando ouviu um pequeno gemido. Vinha do berço. Uma voz tão baixa quanto um sussurro. Ele aproximou-se, delicadamente, e encontrou um par de olhos castanhos claros, uma cor parecida com mel, arregalados. O bebê estava coberto com cobertores nos tons de rosa e verde, um pequeno gorro branco na cabeça e uma chupeta. O soldado encarava a criatura, com um olhar sério, frio e vazio. A criança o olhou e, logo em seguida, fez um gesto inesperado. Ao contrário de ter medo e começar a chorar, a criança largou a chupeta e sorriu, fazendo gestos para que o soldado a pegasse no colo. Ele ficou sem reação. Não sabia o que fazer, só encarava a criança à sua frente. Ele esticou sua mão e, com seu dedo indicador, tocou a mão da criança que, na mesma hora, segurou firme o dedo do soldado. Ele olhou para aquele gesto, olhou seu dedo sendo segurado por uma pequena mão, tão pequena que mal fechava em torno de seu dedo. Logo em seguida, olhou para o rosto da criança. Ela estava o encarando, séria, mas sem esboçar nenhuma reação de medo. Era como se a criança estivesse olhando dentro de sua alma. Ele ficou a olhando por questão segundos, que pareceram horas.

Um barulho de passos na escada fez com que o soldado acordasse de seus devaneios. Ele rapidamente tirou o dedo da mão da arma V97 e saiu pela janela. Correu para sua moto e voltou para a base. Precisava descansar.

Base da Hidra, Kensington, Londres. 13 de agosto de 1992.

Quando chegou na base, o soldado deixou sua moto estacionada no lugar de sempre e fora em direção ao banheiro. Quando estava a alguns passos do banheiro, Lukin apareceu à sua frente.

-Soldado! Vejo que voltou mais cedo hoje. Relatório da missão do dia 13 de agosto de 1992.

O soldado não respondera. Apenas encarou o homem à sua frente.

-Soldado? -Lukin o encarou com um olhar curioso- Descobriu algo novo, algo diferente? Relatório da missão do dia 13 de agosto de 1992. -Ele repetiu.

O soldado custara à responder. Não queria falar que havia feito contato com a criança. Mas não deveria mentir para seu respectivo chefe.

-A arma V97 chama-se Avea. Avea Denski.

-Só isso? Você demorou oito meses para descobrir o nome da arma, soldado? Oito meses para descobrir uma informação inútil?! Estou cansando de ser generoso com você, soldado. Eu deixo você fazer seus horários, deixo você livre por aí, lhe dou comida boa, direito à banhos, e você não faz o mínimo que lhe peço. Você não consegue coletar informações suficientes da arma V97. Qual o poder dela? É uma simples tarefa!

-Eu disse ao senhor que só poderemos saber quando ela for maior.

-Você tem certeza, soldado? Acho que se você se esforçar um pouco mais, podemos acelerar essa descoberta.

O soldado não falou nada. Apenas continuava olhando para Lukin.

-Nada a mais para me contar, soldado?

-Não, senhor. -Lukin o encarou por alguns segundos.

-Ok. -Lukin deu as costas ao soldado, liberando o caminho.

-Senhor? -o soldado o chamou. Por que estava escondendo uma informação de seu chefe? Não fazia sentido. Seu objetivo era fornecer todas as informações possíveis coletadas.

-Sim?

-Tenho mais uma informação.

Lukin deu meia volta e voltou para a frente do soldado, o qual ainda não havia se movimentado.

-Diga, soldado.

-Eu entrei novamente no quarto na arma V97. Ela estava no berço e... eu a toquei. Encostei minha mão na dela.

-E? Algum sinal de poder?

-Não exatamente... apenas senti algo estranho quando encostei em sua mão. Talvez seu poder tenha a ver com a mente.

-Muito bem, soldado. Uma boa descoberta. Por que não me contou antes? -Ao mesmo tempo que Lukin parecia compreensivo e sereno, ele transparecia um ar de ameaça.

-Estava tentando lembrar de mais detalhes, senhor. E queria ter certeza do que estou falando.

-Certo... vou deixá-lo tomar seu banho. Obrigado pelas informações, soldado.

O soldado ficou observando o homem desaparecer à sua frente. Assim que se viu sozinho novamente no corredor, o soldado entrou no banheiro. Enquanto estava tomando seu banho, estava relembrando do acontecido. O que era a sensação que havia sentido ao encostar na arma V97? Por que ela agiu tão normal e sem medo na sua presença? Talvez seus poderes já estivessem aparecendo. Algo relacionado a mente? Provavelmente. E por que o soldado não havia contado o ocorrido na primeira vez que Lukin o questionou? Mas tudo bem. Tudo estava resolvido. Lukin já tinha mais uma informação. Amanhã seria um novo dia, e mais dias virão. Dias observando a arma V97, observando a rotina da casa e dos moradores. O soldado terminou seu banho e redirecionou-se para seu respectivamente quarto.

Sentando-se em sua cama, começou a questionar-se o por que de estar sendo melhor tratado. Nunca tivera um lugar como esse para dormir. Nunca era deixado tomar banho. Era sempre um objeto de luta e/ou experiências. Mas desde quando a arma V97 nascera, começou a ser tratado muito melhor. Bom, talvez fosse porque estava se saindo muito bem em sua missão. O soldado deitou-se e parou de pensar nesse assunto. Ele não tinha permissão para isso. Pensar. Sua única função era sua missão.

You're My Mission (Bucky Barnes Fanfic)Where stories live. Discover now