PRÓLOGO

847 33 14
                                    



Não aguentava mais! Estava totalmente esbaforida após tanto correr, mas não podia parar... Teria que ultrapassar seu próprio limite em 10, 30, 50 100 vezes mais do que normalmente lhe seria.

As sombras não poderiam mais lhe ocultar, o sol despontava em fúria como se anunciando o inferno pelo qual estaria para viver. Precisava continuar... continuar... continu... Magrí não conseguia mais ouvir o mundo ao seu redor, ou seus próprios pensamentos. Ouvia apenas a própria respiração alta e entrecortada e as palpitações que estavam cada vez mais altas e rápidas. Ela sabia que precisava se focar no objetivo, teria que concentrar todas as forças. A audição já estava prejudicada, as sensações corpóreas lhe indicavam deficiência também, afinal, já não sentia a dor que até poucos instantes atrás sentia em suas articulações, músculos, ossos, tendões, agora era a visão. Tudo estava ficando embaçado... Não! Tinha que ser forte! Precisava ser forte por mais àquele instante. Estava quase lá... quase... Enfim, Magrí não mais suportou. O corpo já não lhe respondia e, embora ainda consciente, entrou em síncope. Como se ela fosse o objeto de arremesso, caiu quase que em desnorteio sobre a árida terra. Embora não conseguisse ouvir, ver e sentir adequadamente o que estava afora, percebeu que não estava sozinha. Parecera que alguém lhe amparou. Mas o que estava acontecendo?

Ao acordar a outrora atleta do colégio Elite fitou o seu redor reparando que estava em um hospital. Em uma veia periférica recebia algum tipo de medicamento que, dali, não conseguiu observar o que era. Uma moça jovem, usando jaleco, aproximou-se de si lhe atraindo a atenção e logo a questionou, sorridente:

- Bom dia querida! É muito bom tê-la de volta! – Por um instante a profissional pareceu analisar a garota, que nada respondeu. Em troca, apenas manteve a expressão sisuda, com uma leve curiosidade representada pela abertura ocular. Então prosseguiu: - O que te fez correr tanto a ponto de chegar a exaustão? Sabia que você podia ter danificado fibras musculares de forma irreversível, incluindo de músculos responsáveis pelas funções de pulmão e coração? Por sorte, nada de muito grave lhe aconteceu... Seus pais estão muito preocupados com você! Por sorte a encontramos com os documentos, senão, nem saberíamos quem é...

Magrí ainda a fitava sisudamente. Ao abrir a boca para falar algo, não conseguiu nada emitir. Algo havia feito com que sua voz não saísse. O que poderia estar acontecendo? A talvez médica, ou enfermeira, a olhava de forma compadecida parecendo esperar por essa reação dela. Mas, a verdade é que, de nada sabia! Magrí não se lembrava do porquê de tanto agito de sua parte. Nunca fora assim! Nada havia feito com que ela perdesse o controle drástico sobre si mesma. O que poderia ter feito com que ela corresse de forma tão desesperada? Sua memória estava prejudicada! Precisaria reavaliar seus passos e, para começar, precisava sair brevemente daquele lugar.

***

MAGRÍ em: Droga de Memória [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora