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C

amila

— Você então conheceu meu neto!? — O senhor Dantas disse tão simpático que não tive coragem de dizer "desprazer."

— Já.

— Conheceu? Essa doida quase me mata. — O cara tinha os olhos azuis como o começo do anoitecer, cabelos castanhos, sedosos e levemente ondulados, rosto quadrado e másculo com um furinho no queixo. Parecia aqueles artistas de cinema de tão bonito. Mas bastou abrir a boca e já ficou feio. Além do olhar de superioridade. O cara era um jumento de tão grosso.

Desculpa jumentinhos.

— Ele tava a contra mão, ainda bem que consegui desviá à tempo. — Só estava respondendo com educação em consideração ao avô dele que era um homem muito respeitável. Ele provava que nem todos os ricos eram iguais. Existiam casos raros feito ele.

— Que irresponsabilidade, meu filho!

— Irresponsabilidade é andar por aí com esse lixo enferrujado.

— Ítalo! — seu avô o repreendeu.

— Já vô ino, hein, sinhô... Seu Jairo. Tenho muito serviço.

— Até a próxima, bom trabalho menina.

— Brigadinha.

Acenei e fui para o carro. Ouvi quando ele disse para o seu neto horrendo:

— Menina de ouro essa, decente, trabalhadora.

Entrei na mercearia e entreguei a mercadoria.

— Aí Camila, leve esses torresmos pra sua mãe — dona Edite me deu um saquinho. Eu já tinha me empanturrado deles. Eles deixavam lá no balcão como tira-gosto para os bêbados. E eu aproveitava, porque onde tinha comida de graça, eu não desperdiçava a chance.

— Valeu, ela vai ficá contente, são daqui — puxei minha orelha e dei um beijo bem demorado em sua bochecha, fazendo ela rir. — Faz tempo que nós num mata porco, só temo dois agora. E os seus torresmo são os melhor. Mas não diz pa minha mãe que eu disse isso não, viu!?

— Pode deixar, minha filha. Vá pro seu serviço, vá.

Quando saí vi meu noivo encostado na sua caminhonete. Ele sorriu pra mim e eu corri em sua direção. Pulei em cima dele e ele me segurou.



Como eu amava aquele homem. Não era só por que era meu noivo não, mas Jonatas era o melhor homem do mundo, depois do meu pai, claro. Além de lindo, era muito trabalhador. Um morenasso. Ele trabalhava na fazenda do senhor Dantas.

A gente se beijou sem se importar que ambos estávamos suados do trabalho pesado. Não gostava muito que ele me visse assim, mas ele fazia questão de cruzar os mesmos caminhos que eu pra que a gente se visse durante o dia.



— Saudades, amor — ele disse.

— Muitas saudade amô.

Fiz uma careta quando atrás dele vi o engomadinho em cima do cavalo me olhando de uma forma estranha. O ignorei e ele assentiu para algo que o avô disse.

Ficamos pouco tempo ali, ainda tinha algumas entregas para fazer. Chamei meu noivo para ir almoçar na minha casa.

Eu compro (Disponível até 29/05)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora