Verdades sinceras, Verdades cruéis

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DEMOROU, MAS CHEGOU. DESCULPEM O ATRASO NOS CAPÍTULOS, TENTAREI SER MAIS PONTUAL POSSÍVEL. E AGORA, SEM MAIS DELONGAS, AO CAPÍTULO.
          BOA LEITURA!

Sempre senti que a neve parecia triste quando caía. Elas me lembravam as folhas que eram arrancadas pela força do vento, mas não da mesma maneira. As folhas pareciam contentes em serem sopradas de seus galhos, depois de sua duração, e atingirem o solo. Essa comparação foi um dos meus primeiros pensamentos ao pisar naquele chão congelado e era uma das minhas únicas companhias nas frias horas solitárias.

Emergida em pensamentos, eu constantemente ficava letárgica e entorpecida. Quando os deixava, tinha a sensação de acabar de acordar de um sonho. Um sonho do qual eu não sabia que participava.

Aquela era o mesmo sentimento que dominava-me ao encarar os dourados olhos de Lucian. Olhos dos quais eu não sabia o que sentia. Eu amava-os? Os odiava? Naquele momento eu sabia o que dizer. Queria explodir e avançar sobre ele com toda a ferocidade possível? Ou interrogá-lo diretamente? Contudo, para minha surpresa, peguei-me fitando-o calmamente, com os impulsos reprimidos. Simplesmente queria ouvir o que ele diria. Serviria de combustível para minhas próximas ações.

"Aonde pensa que vai, Blue?" Perguntou ele.

Eu o fitei. Ele realmente achava que eu o responderia obedientemente, após o que eu ouvira. Acaso, pensava Lucian que eu não o escutara sibilar tais palavras repulsivas?

"Onde você pensa que vou?" Respondi calmamente.

Ele me encarou seriamente e retrucou:

"Acaso não me ouviu chamá-la? Por que estava correndo para longe de casa?"

Ri tristemente de suas palavras.

"Qual casa? Uma mera diversão não possui casa, não é mesmo?"

Vi seus olhos estreitarem. Ele realmente não tinha sentido minha presença?

"Não fale o que não entende, Blue." A calma em suas palavras me injetaram adrenalina.

"O que eu não entendo? Realmente vai fazer esse jogo, Lucian? Vocês diz aos seus camaradas egocêntricos e idiotas o que bem entende e eu tenho a obrigação de ouvir e ficar conformada? Você pensa que sou o quê?!"

De fato, eu havia explodido.

Seu rosnado atingiu-me como um chicote gelado.

"Você não deveria ter saído de onde eu mandei. Isso apenas prova o quão desobediente você é." Seu tom suavizou um pouco "O que eu disse não diz respeito a nossa situação. Eu a escolhi..." meu rosnado o interrompeu.

"Você não deve terminar essa frase." Ele me fitou. Eu o encarei. "O quão tola fui eu por acreditar nisso. Saiba que não te culpa tanto quanto a mim mesma. Minha culpa sempre será um peso que me lembra que deveria ser firme como sempre, mas fraquejei. O pior que foi por alguém que que parece que nunca foi verdadeiro."

Ele permaneceu quieto, mas seus olhos brilhavam com fúria.

"Pouco me importa quem é, Lucian. Você, apesar de ser um Ancião que deveria ser tão sábio e justo, não consegue ver que seu orgulho e repúdio por outros lobos que não pertençam ao seu arcaíco método de pureza, um dia hão de ser a ruína de todos vocês. E no fim, toda organização e soberania vai se tornar nada. Vocês verão que não são melhores que qualquer outro lobo que nasce nas infinitas terras desse mundo".

Daquilo sabia. Papai estava certo, os conflitos por algo além de necessidade é um desperdício.

Depois de ter falado, pensei por um minuto que ele fosse avançar sobre mim, com as presas à mostra, mas não o fez. Ficou me fitando por um segundo e depois fechou seus olhos, quando os abriu encarou os meus sem desviar:

Lobos: Céu AzulOnde as histórias ganham vida. Descobre agora