Capítulo 1 sem título

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caso você pudesse voltar bastante no tempo, provavelmente irá encontrar uma pequena vila, esquecida no meio de tantas historias, envelhecida no meio das paginas amareladas, onde os gritos foram sufocados e as feridas tampadas.

Mas tudo começou com uma ovelha. Não parece muita coisa para se notar em meio a outras dezenas, mas quando você trabalha por muito tempo com algo, isso vira parte de você e você o sente da mesma forma que sente que todos os seu membros estão lá sem precisar movê-los. por isso o pastor estranhou, no meio do dia ele ficou com essa sensação de que algo faltava, e no fim do dia, durante a recontagem essa sensação foi confirmada.
A ovelha deve ter se desgarrado do rebanho enquanto pastava, não é comum, mas contece. Então o pastor, depois de guardar seu precioso rebanho, juntou seus filhos mais velhos e saíram pra procurar a ovelha, antes que ela pudesse se acidentar gravemente ou ficar perdida para sempre. E pela densa floresta eles foram, tendo cuidado redobrado a cada passo à medida que a escuridão se aprofundava ( é fácil torcer um tornozelo ou até mesmo quebrar uma perna quando não se olha para onde o próximo pé vai ).
E eles procuraram, procuraram até o espírito e o amor que eles nutriam pela ovelha não fosse mais que uma sombra de uma lembrança no passado distante.
Quando a esperança já havia feito suas malas, empacotado seus chapeus e vestidos, dado uma festa de despedida pros seus amigos e familiares e estava pronta pra abandonar aquela busca infernal esquecida por Deus, o mais moço dos três garotos gritou exigindo a atenção dos outros, quando se aproximaram da pequena fresta que as árvores abriam e onde o garoto os esperava, eles viram a ovelha, ou o que sobrou dela.
As árvores e arbustos da pequena clareira estava impossivelmente pintada de vermelho, pequenos tufos de lã espalhados sobre o vermelho como neve e entranhas esticadas e romoidas enfeitavam o topo das árvores como as bandeirolas nos dias santos enfeitavam a igreja e o mercado. E enquanto a cabeça ainda entendia a cena, os olhos se concentravam no foco principal, no meio daquele inferno escarlate, pendura em um unico toco de madeira enfiado no chão, estava a cabeça da ovelha, com os olhos meio abertos e com a lingua ainda escorrendo da boca.
Em segundo plano, camuflada em meio a tanto vermelho estava uma bola de borracha vermelha, tão pequena que teria passado desapercebida em meio ao horror, ou pelo menos teria sido julgada irrelevante, mas os olhos do velho pastor de ovelhas se ateram a ela como se fosse o unico ponto luminoso na mais escura das noites. Ele sabia muito bem quem era o dono daquela bola

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⏰ Last updated: Aug 30, 2016 ⏰

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