— Tenta pelo menos fingir que tá se divertindo. — Samuel falou, ao pé do ouvido de Arthur, olhando ao redor com um sorriso aristocrático no rosto.

— Vou ver o que dá pra fazer. — Arthur respondeu, e se deparou com Samuel pescando duas taças de moscatel da bandeja de um dos garçons.

— Aqui, seu passaporte para sair da terra da coitadolândia. Vê se esquece todo esse drama envolvendo o Ricardo e o Gustavo e curte os comes e bebes de graça. E se qualquer coisa der errado, eu estou por perto. — Samuel disse, dando uma piscadela e se afastando deliberadamente de Arthur.

— Espera, aonde você vai?

— Você não percebeu o jeito que o garçom me olhou? Preciso pegar o número dele.

— Eu sei bem o que você quer pegar dele. — Arthur respondeu, dando o primeiro sorriso da noite.

— Você não pode me culpar de tentar. Eu ainda vou achar o grande amor da minha vida.

— Claro, você é o último romântico da face da Terra!

— Se comporta e tenta manter essa bundinha fogosa longe de problemas!

— Vai se ferrar! — Arthur disse em um sorriso, mais alto para que Samuel ouvisse ao longe, antes de vê-lo desaparecer na multidão.

Arthur olhou ao redor, percebendo que Ícaro seria uma boa companhia naquele momento. Porém, duvidava muito de que o veria por ali naquela noite. Não era como se Ícaro fosse a peça mais indispensável do tabuleiro, e ele era esperto o suficiente para entender isso e se manter fora da jogada. Algum dia, Arthur esperava aprender algumas coisas com ele.

Mas, por ora, Arthur se limitou a pegar outra taça de espumante, se dando conta de que a primeira havia acabado mais rápido do que gostaria. Aquela noite de dezembro estava especialmente quente, e o vento abafado do auge do verão não ajudava muito. Por isso, Arthur sentia uma sede como nunca antes, daquelas que faziam a garganta arranhar, ansiando por álcool em suas veias. Ele sabia que não podia culpar exclusivamente a meteorologia por isso, ainda mais quando o real motivo de seu descompasso acabava de chegar. Gustavo estava ainda mais bonito do que de costume, e Arthur tinha a convicção, até um minuto antes, de que aquilo era impossível. Suas bochechas arderam levemente, e o calor súbito que surgiu na região de sua cintura subiu de forma avassaladora por sua barriga, alvejando seu peito e deixando sua cabeça zonza.

— Arthur, que bom que você veio. — Ricardo disse, tirando Arthur do transe, e percebendo a reação nada amistosa que causou em seu filho. — Vem comigo, tem alguns amigos meus que querem conhecer o responsável por amolecer os corações frios dos alemães do Grupo Stier.

Ricardo passou a mão pelas costas de Arthur, guiando-o para longe de Gustavo, lançando um olhar triunfante sobre os ombros. Arthur foi levado até uma região menos movimentada, para além da badalação à beira da piscina e dos jogos de luzes brancas dançantes. Próximos a um dos bares, em uma região em que as mesas não estavam tão disputadas, estavam dois homens e uma mulher, os quais Arthur mais tarde descobriria serem donos de algumas das principais empresas do ramo financeiro do país. Em meio a uma conversa complexa com pessoas importantes, Arthur não deixava de se sentir um tanto intimidado. Talvez nunca tivesse se sentido tão deslocado na vida.

— Então quer dizer que temos aqui um dos nomes mais promissores do momento. — Um dos homens, alto o suficiente para fazer Arthur erguer seu queixo, abriu oficialmente os holofotes para o assistente.

— Não sei se é pra tanto, mas agradeço pelo elogio. — Arthur respondeu, cordial e tímido o suficiente para se arrepender disso logo depois. "Isso aqui é o mundo corporativo, Arthur. Nada de modéstia. Se quiser sobreviver a esse jogo, precisa aprender as regras".

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: May 20 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Proibido (Capítulos Atualizados)Where stories live. Discover now