Capítulo 05 - Parte II

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SAVANAH

Lânguida, perdida em luxúria e desejo e, acima de tudo, sem fôlego, entreabro os lábios para tomar um gole de oxigênio. Quando consigo, ganho de brinde algo inigualável, formidável, surprendente e indescritível que é o prazer de acomodar sua língua em minha boca.

   Consumida, vejo-me agarrando seus cabelos sedosos e a camisa por entre os dedos. Sua língua varre cada cantinho da minha boca guerreando contra a minha loucamente. Uma quentura que senti uma única vez e com a mesma pessoa, começa a se formar em meu ventre, assim como sinto líquidos quentes encharcarem minha calcinha.

   Sua boca deixa a minha e varre meu pescoço deixando minha cabeça pender pra trás.

   — Ah!  — gemo ao receber duas pequenas mordidas.

   E, então, escorando minha cabeça com a mão, ele retorna à minha boca.

    Ávida por algo que não consigo entender, puxo mais sua cabeça e me aperto mais em seu corpo. Então sinto algo que me deixa receosa, temerosa e aflita: uma protuberância dura na minha barriga que me leva a ofegar. Em seguida, várias questões surgem: o que estou fazendo? Como pude esquecer do mau que ele me fez? É isso que faz quando ele te machuca?

   Confusa, abro os olhos.

  —  Para! — murmuro empurrando-o.

   Ele me atende prontamente e me olha interrogativo. Entretanto, nada diz. Livre dele, tento me recompor expirando e inspirando profundamente e ele me acompanha.

   Após um silêncio constrangedor que se instalou, limpando, a garganta ele diz:

    — Então, vamos?

   Envergonhada pelas minhas ações me concentro apenas em descer os degraus cuidadosamente dessa vez sem limitar-me a olhar em sua direção. Escuto seus passos atrás de mim. Quando a descida enfim acaba, sinto sua presença ao meu lado.

   Olho de soslaio para Masalom no instante em que sua mão espalma nas minhas costas. Seu cheiro embriagador chega ao meu olfato.

   — O salão de refeições é por aqui. — aponta para um ponto à nossa direita.

   Em silêncio me ponho a andar guiada por sua mão que me aquece e eriça todos os pelos do meu corpo. Hipnotizada, deixei de observar os detalhes do lugar, uma vez que minha cabeça só conseguia reviver o beijo de instantes atrás.

   Não sei se demorou segundos, minutos ou horas para alcançarmos o tal salão, mas assim que conseguimos, o som de duas pessoas discutindo acaloradamente me faz acordar para a realidade.

    — Ah é? Você vai ver só, seu idiota! —  grita Sarah.

   Uma gargalhada masculina enche o local.

   — Vai fazer o quê, princesa? — pergunta irônico e sem fôlego.

    — Você vai ver o que eu vou fazer. —  ela soa maliciosa e traquina.

   Assim que eles entram no nosso campo de visão vejo a Sarah de pé e com uma jarra de suco roxo nas mãos, mas não por muito tempo uma vez que ela despeja todo o líquido na cabeça do homem que estava sentado gargalhando sem parar.

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