Cinco anos atrás
-Não é que eu não gosto dos nossos animais mãe, eu amo nossos cachorros, mas você sabe o quanto eu sempre quis ter um gato, ainda mais um preto, o que custa ficar com esse? Eu o achei perdido, nem precisar pagar por ele você vai precisar. - Eu implorava para minha mãe.
-Eu já disse que não Catarina, você sabe que gato preto dá azar, então está decidido, você não ficará com ele. - Dizia minha mãe rigorosamente.
Subi correndo para meu quarto com a caixa de papelão onde se encontrava aquele pequeno gatinho, o motivo da discussão com a minha mãe.
Tranquei a porta do quarto e abri a caixa devagar. Assim que olhei para aquele pequeno gato, senti algo, nada de ruim como azar, mas eu senti alguma coisa, eu sei disso.
-Vem cá pequeno gatinho. - Chamei ele. - Temos que arrumar um nome para você. - Digo pegando ele e o colocando na minha cama.
-Vamos ver. Eu vou falar alguns nomes e quando você me olhar, vou saber que é o nome que você quer. - Disse acariciando a pequena cabeça do bicho.
-Tempestade? Universo? Espera, esses nomes não parecem nomes. Scooby? Larry? - E o gato me olhou.
-Decidido, você agora é o pequeno Larry e nem minha mãe, nem ninguém vai nos separar. - Falo abraçando meu mais novo amigo.
-CATARINA, ABRA ESSA PORTA AGORA, EU NÃO QUERO VOCÊ PERTO DESSA PRAGA. - Gritou minha mãe batendo fortemente na porta.
Me levantei e fui em direção a porta. Com as mãos tremendo, abri a porta, revelando minha mãe enfurecida.
Discutimos mais uma vez e infelizmente eu não tive mérito algum nessa discussão.
Com muito custo, coloquei o Larry de volta na caixa e sai andando com ele pela rua. Quando já havia se passado um quarteirão da minha casa, um menino estava andando de bicicleta na calçada e vinha vindo muito rápido em minha direção. Com o pouco de reflexo que tenho, me joguei para o lado, onde bati as costas no poste que tinha aqui. Depois de soltar alguns palavrões, peguei a caixa com o Larry que havia caído e me levantei. Dei de frente com um cartaz de "procura-se" e por mais clichê que pareça, se tratava do Larry. Peguei meu celular e liguei para o número marcado que rapidamente atendeu.
-Alô. - Disse uma voz feminina e tristonha do outro lado da linha.
-Oi, eu liguei para dizer que encontrei o gato perdido.
-Jura? Onde você está? - Perguntou a garota, agora animada.
Passei o endereço de onde eu estava e ela me garantiu que em menos de cinco minutos já estaria aqui.
-Ok, vou estar a sua espera.
Depois que desliguei, me encostei no poste e fiquei fazendo carinho no Larry, que permanecia quieto. Em menos de cinco minutos a menina chegou.
-É você que está com a minha gata? - Perguntou.
-Nossa, pensei que o Larry era macho.
-Larry? - Perguntou confusa.
-É o nome que dei para ele, quer dizer, ela.
-Ela já tem um nome. - Sorriu.
-Posso saber qual é? - Pergunto um tanto curiosa.
-Se chama Esperança.
-Por que Esperança?- Estranho o nome.
-Porque a Esperança é a última que morre. - Explica rindo.
-Bem criativo. - Rio também.
-Então. Será que você poderia me dar ela?
-Ela quem?
-A Esperança.
-Ah sim, ela está aqui. - Digo envergonhada entregando o Larry/Esperança para a menina.
-Obrigada, estava com tantas saudades dela. - Falou tirando a pequena Esperança da caixa.
-Agora quem vai sentir saudades sou eu, me apeguei já.
-Desculpa, eu até te daria ela, mas ela é a minha melhor amiga. - Desculpou-se a garota.
-Tudo bem, mas mesmo que eu quisesse, minha mãe não deixou a Esperança ficar em casa, ela fala que gato preto dá azar. - Digo.
-Se você quiser, pode visitar ela às vezes. - Convida.
-Mesmo?
-Sim, quando quiser é só me ligar ou mandar mensagem, que então te mando o endereço e marcamos tudo certinho.
-Muito obrigada, você animou meu dia, qual é o seu nome? Vou salvar seu número aqui.
-Eu sou a Coral.
-Obrigada mesmo Coral. - Agradeço.
-Sem problemas, agora preciso ir, obrigada por me devolver a Esperança- Fala se virando e indo embora com a minha mais nova amiguinha no colo.
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Sete Vidas
RomanceEu como a maioria das pessoas já sonhei com o tal conto de fadas. Achei que tudo era perfeito e que todos tinham finais felizes. Ou seja, eu era iludida como muitos. Eu já havia desistido desse negócio de conto de fadas, para mim a vida parecia mais...