- A coisinha é você. – Olhei para a bendita que estava me implicando desde o inicio da noite, puxei o grampo de mantinha meu cabelo preso e passei sem dizer nada.

Agora não tinha mais volta. Um frio percorreu meu corpo... Começou pelos cabelos, passando por cada pedaço de mim e depois se alojou em meu estômago. Quantas vezes eu tinha feito aquilo. Era bom ser admirada novamente. Sentir-se desejada, embora soubesse que se pertencia a um homem somente. Isso era novo.

Antes você é desejada e depois precisa contar com a sorte de que aquele que te escolha ao menos não tenha um mau hálito e nem te trate como um verme. Depois que passei a ser stripper e a poder escolher as coisas mudam um pouco.

Enquanto a música tocava, eu não tinha para quem me exibir. Imaginando que o Davi ainda estava em seu escritório dancei para mim. E para as invejosas de plantão.

Dancei como nunca havia dançado em minha vida. Ninguém dança para sim mesmo. Dança-se por obrigação, por dinheiro por tudo, menos por si mesmo. E hoje eu dancei com amor.

Enquanto eu dançava, vários homens se aproximavam de colocavam suas notas e seus sorrisos. Era sinal que estava funcionando.

Apenas um não sorriu... Quase caí da cadeira quando me deparei com o olhar do Davi se aproximando de mim. Minha sorte é que a música terminou naquele exato momento. Fiz um breve agradecimento e voltei para o camarim com o coração apertado.

Assim que cheguei peguei o robe e vesti. As outras garotas aplaudiram e logo começaram a se cobrir. Mesmo sem olhar para trás e agora me abaixando, através do espelho eu sabia que aí vinha merda.

- O que foi isso que acabou de acontecer?

- Uma dança. – Comecei atirar o salto de dança e trocar pelo meu e a vestir minha roupa anterior.

- Não brinca comigo Luana. Não vai gostar de me ver mais nervoso do que estou.

- Pois não devia. – Quem estava em volta foi parando para presenciar a cena. – Porque é isso que eu faço se esqueceu? Eu danço. Sou uma stripper e quando me conheceu... – Pensei bem, eu não precisa me expor na frente de certas sirigaitas, - Bem... Você conhece minha vida.

- Pelo que sei até minutos atrás você ainda era minha esposa e eu não sei o que aconteceu que eu saio da porra do escritório ouvindo gritos e assovios e vejo você praticamente pelada, se mostrando para um bando de... – Ele passou a mão nos cabelos. Estava vermelho de raiva.

- É assim que a gente se sustenta amor. A gente dança, mostra nossos corpos e os clientes pagam para isso. – Ele passou a mão sobre as minhas maquiagens que estavam sobre a mesa e jogou todas pelo chão.

- Era isso que fazia. Não é mais. Agora é minha esposa. Não é para sair por aí se mostrando e se exibindo para qualquer um. - Todas ficaram em silencio. Ele se virou e ficou de costas. - Poxa vida o que mais quer de mim? Cancelei todos os meus compromissos de amanhã para vermos a tal casa. Nossa casa. Por que não pode ser como a esposa do meu irmão?

- Será que é porque você não é como seu irmão? Sabia que quando você estava sumido eu ia atrás de você e ele me tratava como uma princesa.

- Luana... – Se virou.

- Me desculpe. Eu só não queria que você ficasse me bancando sem... – Mal comecei a falar e um dos rapazes veio avisar que estava sendo chamado no bar.

Ele saiu sem dizer nada. A Bebel veio falar comigo, coisa que eu não esperava nunca vir dela.

- É pelo jeito o Davi está mesmo apaixonado. Até achei que fosse outra pessoa agora falando aqui. Se fosse você não agia como idiota e nem entrava em nossas provocações. Aproveite a sua oportunidade. Afinal não era isso que queria? Ser a mulher do chefe?

Marcas da AlmaWhere stories live. Discover now