Prólogo

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*O livro "Doce Surpresa" começa a sua história no meio do livro "Doce Vingança", que se encontra disponível no meu perfil

Por Mariana

Depois de perder meu pai, minha virgindade e até meu coração era esperado que eu caísse na amargura. Mas eu nunca fui do tipo de pessoa medrosa ou que guarda rancor da vida. Sou grata por aprender com cada experiência e ter me transformado em quem eu sou. Talvez eu seja ingênua, talvez eu seja boa ou talvez eu apenas entenda que tudo tem seu tempo. Como esse sorvete derretendo no meio da língua. Vir a essa sorveteria faz com que eu me sinta um pouquinho perto de Filippo. Como se eu voltasse no tempo. Sinto esse sabor extremamente nostálgico e solto um pequeno gemido com sua lembrança dentro de mim.

Ele foi o bálsamo para o meu coração machucado. Achei que o sofrimento tornava as pessoas mais fortes, mas tudo tem um tempo para se curar. Ainda me sentia frágil e desprotegida quando conheci e cedi às investidas de Gustavo. Estava carente quando baixei a guarda e abri meu coração. E junto com ele, as pernas.

A verdade é que eu não pensava nisso até agora. Talvez estar me graduando e concluindo mais uma etapa da vida, fosse como fechar uma porta.

Havia sido uma semana apertada. Eu estudava e trabalhava, desde que meu pai morreu. E há poucos dias acabei de perder uma amiga. Sula, amada por todos. Apenas com onze anos e mudou a vida de cada um, o tempo que ficou entre nós. Minha apresentação falaria disso: da partida e como nos transformamos. A gente só deixa de ser uma coisa para se tornar outra, o problema é se apegar ao passado e não descobrir todas as possibilidades que nos é dada.

O celular vibrou mais uma vez e ao pegá-lo, minha bola de sorvete caiu.

_ Merda! _ levantei, tomando cuidado para não sujar meu vestido rosa e corri para a faculdade. Já estava atrasada e todos os artistas tinham essa fama de descaso. Mas não eu. Sempre fui boa menina: responsável, representante de turma e boa aluna.

Todos achavam que eu seria médica, mas já com trezes anos, havia escolhido o teatro. Foi um amor inevitável e aqui estou eu, com vinte quatro anos, me formando no meu primeiro e verdadeiro amor. Nada me tiraria do palco.

_ ONDE VOCÊ SE METEU? _ Malu corria com aquela cabeleira castanha e bagunçada na minha direção, seu rosto transfigurado em desespero que só brotava sob pressão quando algo era muito importante para ela. Sorri achando graça porque eu que era a brava da dupla. _ Tá rindo de que?

_ De você. Tá linda de beca. _ ela me abraçou e me puxou para que eu fosse me vestir para a colação.

Chegamos até aqui. Muitas vezes achei que não conseguiria, fiquei tentada em desistir no meio do caminho. Mas eu estava aqui, agora, recebendo o meu diploma e recém contratada para uma nova produção teatral ao lado de dois atores que sempre me serviram de inspiração.

Quando que eu imaginaria sair empregada na minha área assim que me graduasse? Embora nada tenha vindo fácil devo muito à Valentina, minha grande amiga e filha desses dois grandes atores que assistiram ao meu projeto final e se encantaram, desencadeando na proposta de trabalho.

O reitor discursava e eu viajava nas minhas lembranças, passando por todas as coisas que vivi ao longo daqueles quatro anos de universitária somado aos vinte anos de pessoa que eu tentava construir. Não era fácil tomar as escolhas certas, as vezes elas eram as mais dolorosas. Eu tinha uma tendência a abdicar de muitas coisas em prol do que eu amava, principalmente por pessoas que eu possuía uma relação de afeto. Na maioria das vezes eu me arrependia, mas não conseguia ser diferente. A honestidade era algo importante para mim. Embora nem sempre fosse importante para os outros. E viver no meio artístico, onde muitas vezes tinham me passado a perna, dificultava minha tentativa de ser alguém melhor.

Doce Surpresa, livro 02Onde as histórias ganham vida. Descobre agora