O terno marcava sutilmente os músculos, dando asas a minha imaginação.
- Olá, Srta. Chase. – A voz rouca, baixa e grossa torna-se a mais bela melodia. A forma que meu nome deixou seus lábios, fizeram arrepiar-me.
Percebo que acabo de analisar o corpo de um possível cliente. Muito gostoso, por sinal. Após suas palavras, corro meus olhos para cima, o mais rápido que posso. Preciso ver seu rosto.
Quando por fim olhei para o seu rosto, senti um leve incômodo entre as pernas.
Senhor, que homem lindo!
Petrificada. Essa palavra defina o momento. Fiquei parada analisando cada centímetro do homem à minha frente.
Pare de ficar pensando nisso, Eveline! Repreendo-me.
O bonitão exibe um sorrisinho prepotente no rosto, não exibe seus dentes, apenas a boca contorcida, formando a oitava maravilha do mundo. O seu rosto másculo e com traços de tirar o folego, combinados com uma barba bem feita, o deixava sexy como o inferno. E esse olhar? Acho que vou desmaiar! As sobrancelhas grossas davam o ar de malvado, imagina esse homem na cama.
Eveline, pare com isso! Perceba para onde seus pensamentos à levaram.
Foda-se, eu não estou morta! E um homem assim deve ser apreciado.
Além de lindo, cheiroso e gostoso, o bonitão é intrometido e metido a sabichão. Alguém fala pra ele que eu não pedi sua opinião. Obrigada.
Após comprar a agenda, eu o vejo caminhar para fora da livraria, seu rosto vermelho de raiva, combinando com a vermelhidão causada pelo tapa. Ele sai acompanhado de outro cara, muito gato. Não tanto quanto ele. Acompanho os dois com o olhar até que sumam de minhas vistas.
- Meu Deus! Meu Deus! - Jeanne vem praticamente correndo e saltitando em minha direção. - O que foi que aconteceu aqui, senhorita Chase?
- Nada! - Dou de ombros e olho para o livro à minha frente.
- Desembucha logo, mulher! Como assim nada? Você deu um tapa nele! - Jeanne fala toda animada e fico vermelha de vergonha. Com a adrenalina indo embora percebo o que eu realmente fiz.
- Meu Deus, o que eu fiz? – Pergunto para ninguém aparente.
- Me fala o que aconteceu aqui, depois você se lamenta.
- Não aconteceu nada, ele só se meteu onde não devia. - Bufo ao lembrar de sua intromissão.
- Pelo visto o lugar que ele deveria ter se intrometido era no meio dessas tuas pernas. - Ela dá um sorriso sacana. Jeanne sendo Jeanne.
- Bem que eu queria. - Sussurro.
- Eu ouvi, sua safada! - Ela joga a cabeça para trás, rindo. - Sobre o jantar de hoje, mudança de planos... - Ela começa a dizer, mas eu a interrompo.
- Precisamos beber! - Apoio a cabeça na mesa.
- Uou! Eveline Santa Chase querendo beber em plena segunda? - Ela fala debochada e bate palmas. - Que isso, hein!
- Primeiro: eu não tenho santa no meu nome. Segundo: sei que vou me arrepender disso. Terceiro: apenas concorde e cale a boca.
- Foi mal, gatinha! - Ela bagunça meus cabelos.
- Para com isso, sua chata! - Dou vários tapas em suas mãos.
- Nossa! Parei! - Levanta as mãos em rendição. - Até as oito. - Pisca saindo rebolando até o seu balcão, onde encontra-se uma pequena fila.
Tento voltar a ler, mas as letras se embaralham e formam uma escrita grega e estranha. Por falar em grego, qual será o nome daquele deus? Fecho o livro, guardo-o na primeira gaveta do caixa e pego um papel e uma caneta. Eu sei que isso pode até ser infantil, mas não consigo deixar de pensar naquele rosto e naqueles olhos amendoados. Eu tenho uma queda por olhos azuis, iguais aos de Pierre, mas aquele marrom brilhante, me cativou. Deixo minha mente vaguear e escrevo os nomes que me vem à mente.
Com o pedaço de papel cheio, risco os nomes, todos eles. Nenhum parece combinar com ele. Fico mordendo a ponta da caneta, tentando forçar o meu sorriso à sair de meu rosto. Está vendo? Preciso de uma cerveja.
As seis horas, minhas coisas já estão devidamente arrumadas e guardadas. Despeço-me de minha amiga e vou embora.
**
- Você está parecendo uma freira! - Jeanne me analisa da porta.
- E você está apenas de roupa íntima. - Retruco.
- Que culpa tenho, se você é adiantada! - Ela dá de ombros.
- Já são oito e quinze. Você está atrasada.
- Que seja! - Joga o cabelo loiro para trás.
- Vai me deixar entrar ou não? - Ergo uma sobrancelha, questionando-a.
- Passa, freira! – bufa, batendo a porta atrás de mim.
- Você vai assim? - Ela aponta o dedo para mim e faz uma careta.
- Vou, algum problema? - Pergunto e logo me arrependo de ter proferido tais palavras.
- Sim, temos um problemão. - Aponta para mim. - Você vai tirar essa sua roupa de freira, nenhum cara vai sequer te olhar desse jeito. – Puxa-me pela mão, levando-me em direção ao seu quarto. - Tira essa roupa de freira. – Diz, entrando no pequeno closet.
- Para de falar freira. Está me incomodando! - Sento-me na cama. - E não estou usando uma roupa de freira. Elas usam hábito e não calça e blusa.
- Minha amiga, então vai lá, mostra esse seu modelito para elas, garanto que vão amar. - Fala de dentro do closet. - Toma aqui esse vestido! – Diz, jogando em minha direção um pedaço de pano vermelho. - É pra vestir! Anda logo ou vamos ficar mais atrasadas.
- Olha só quem se importa com o horário! - Falo irônica e minha amiga dá de ombros. Levanto-me da cama e começo a me despir, passo o pedaço de pano pela cabeça; ele cai perfeitamente em meu corpo, moldando-o. E por incrível que pareça, é maior do que pensei, vai até a um palmo do joelho. - Desde quando você tem roupas longas assim?
- Você está muito engraçadinha pro meu gosto, Eve! - Minha amiga diz, vestindo a blusa. - Mas respondendo sua pergunta, comprei de fogo e ainda nem tive coragem de usar, é muito tampado. Gosto das pernas de fora.
- Você acha isso aqui tampado? - Pergunto incrédula, mas conheço Jê à tempos e sei que se pudesse ela sairia de casa apenas usando suas lingeries da Victoria Secrets.
Paro em frente ao espelho, o vestido vermelho de frente única, uma fina alça o prende em meu pescoço, o tecido parece faltar na parte da frente, puxo o pano para o lado, afim de tampar as laterais dos meus seios. Eu odeio esse tal de sutiã, se pudesse ficava sem. E não estava com aquela blusa à toa, ela tinha um tecido mais pesado, não mostrava nada.
- Eveline safadinha, saindo de casa sem sutiã! - Jê me encara.
- Você sabe o que penso sobre, então. - Dou de ombros.
- Toma aqui. - Ela me entrega um daqueles sutiãs de silicone que só cobrem a frente do seio. Decido aceitar, né! Melhor isso do que sair com os bicos do seios marcados pelo fino tecido.
- Podemos ir? - Ela pergunta assim que acabo de colocar os saltos que me emprestou.
- Claro, mas algo me diz que não vamos em um barzinho. - Digo e juntas caminhamos para sair do apartamento.
- Tenho o lugar perfeito em mente. - Ela me dá um sorriso diabólico e eu me pergunto por que estou fazendo isso. Lembrei!
**
Eu nunca tinha vindo em um lugar assim, essa boate é enorme e parece ter muito mais pessoas que o permitido. Entramos direito, a doida da Jeanne saiu me arrastando, cochichou no ouvido do segurança e logo estávamos dentro. Nossas pulseiras douradas nos davam livre acesso pela área VIP, sem pagar uma fortuna. Me deu uma vontade de rir da cara de quem aguardava na fila.
- Vamos beber algo para aquecer. - Jê e eu demos as mãos, juntas atravessamos o local em busca do bar; eu estava perdidinha, mas Jeanne não. Ela conhecia o lugar.
- Eu quero uma água! - Peço ao barman.
- Não acredito que você vai beber água! - Jê bufa.
- Atravessamos a cidade, temos um longo caminho para percorrer, então, acho que uma de nós tem que ficar sóbria. - Falo séria, minha amiga segura minha cabeça e me faz olhar em seus olhos azuis.
- Moço, ela não quer água não! Obrigada. - Ela fala com o barman. - Hello! A gente pega um táxi ou podemos ir nos divertir na casa de algum gostoso. - Seus olhos brilham. - A lata velha vai ficar bem, ninguém vai roubar aquilo.
- Para de chamar a Lisa de lata velha. - Falo e minha amiga ri. Ela acha idiota a minha mania de colocar nome à tudo. - E você sabe que não curto ménage! - Sorrio.
- Ei! - Recebo um tapa no braço. - Não pensei em ménage, só pensei que o cara gostoso poderia ter um amigo e uma casa com dois quartos.
- Sei, viu? Você não me engana, Ok?
- Pelo menos eu tentei. - Ela se apoia no balcão. - Queremos quatro doses de tequila. - Ela pede ao barman. - Você disse que queria beber, então é para isso que viemos.
Não sei por que confio em Jeanne. A droga da bebida me fez ficar alegre demais; dancei muito e acabei beijando um cara bonitinho. Meus pés doíam devido ao salto, eu estava com calor e alguns fios de cabelo estavam grudados em minha testa.
Estou sentada no bar da área VIP, que é bem melhor que o lá de baixo. Rodo o canudinho dentro do meu drink azul, o guarda chuva pequeno ainda estava na borda do copo comprido. Achei uma gracinha. Continuo, batendo o canudo nos cubos de gelo, fazendo-os irem ao fundo do copo.
- Uma cerveja. - Essa voz me faz paralisar, viro o meu rosto olho para a pista de dança lá em baixo. Vejo Jeanne pulando ao som de uma música eletrônica gostosa de se ouvir. Olho de soslaio, vejo o barman entregar a cerveja ao dito cujo. E ao invés dele se afastar, ele vem para perto de mim, ele estava à três bancos de distância. Meus olhos se fecham ao sentirem aquele perfume gosto adentrar minhas narinas. - Não é que a mocinha dos livros sabe curtir. - Ouço sua voz rouca ao pé de meu ouvido e depois recebo uma cheirada. Seu nariz encosta em minha pele e eu me arrepio. Demoro um tempinho para me recuperar e enfim me virar para o bonitão.
- Você é sempre intrometido assim? - Viro totalmente o meu corpo para ele. Cruzo as pernas novamente e o vejo dar uma analisada em mim e depois leva a cerveja aos lábios, sorrindo.
- Na maioria das vezes não. - Ele faz uma pausa. - Mas quando uma coisa me intriga e atiça minha curiosidade, sim, eu sou intrometido.
- Posso saber, qual o motivo de se interessar em intrometer nos meus assuntos? - Pergunto e bebo um pouquinho da minha bebida.
- Por que uma mulher bonita como você, prefere um cara fictício à um gostoso de pele, osso e um pau doido para comer vocês. - Ele fala com tanta naturalidade, que me espanto. Seus olhos estão gravados em mim.
- Mulheres como eu? - Pergunto. - O que você quis dizer com isso?
- Sim, como você. - Ele dá de ombros, bebendo sua cerveja. Céus, como queria ser essa garrafa de vidro. - Qual o problema com vocês? Desilusão amorosa? Falta de sexo? - Ele ri. Vejo seus dentes brancos sendo exibidos em um sorriso de tirar o fôlego. - Duvido que seja a falta de sexo, vocês são gatas, aposto que conseguem o cara que quiserem e ainda o coloca de quatro.
- Por que um cara como você. - Uso suas palavras. - Tem interesse em mulheres como eu? Vocês gostam de uma transa enlouquecedora em todos os cantos da casa de uma qualquer ou em algum abatedouro de vadias. - Falo e ele ri. - Pode se dizer, que não é totalmente desilusão amorosa, mas, sim, o medo de se entregar mais uma vez e acabar com a porra do coração partido. Os homens dos livros fazem burradas, mas acabam voltando para suas respectivas amadas. E são felizes. Pronto. Simples assim e ainda compensam tudo com uma boa foda.
- Uau! Estou impressionado. - Ele me olha surpreso. Aproveito para analisá-lo, Ele está com uma blusa cinza escura, uma jaqueta de couro preta, um jeans escuro e coturnos. Como assim? Esse cara fica lindo de qualquer jeito. - Creio eu, que, se vocês mulheres, que amamos tanto, não fossem ciumentas e não ficassem no nosso pé vinte e quatro horas por dia, isso poderia sem diferente! Homens não gostam de ser pressionados. Podemos foder todas, mas se amamos vocês, acredite nisso. É você que me terá em sua cama no final das contas. - Ele diz encarando meus olhos, vejo um brilho intenso no seu. - E simplesmente não aguentamos tudo isso, podemos lidar com a pressão do trabalho, mas não com pressão de mulher. Sobre a transa enlouquecedora em todos os cantos da casa, quem não gosta? Não tem sensação melhor do que foder na cozinha ou na varanda. Experimentei para saber do que digo. - Ele para de falar para me analisar e chupar o líquido do meu copo com o canudinho. - O problema é que vocês esperam que o cara se apaixone na mesma velocidade que vocês, mas isso demora. Mas quando a boceta é certa, acontece, mas em seu tempo. E sei que vocês fantasiam ser comidas loucamente por um CEO experiente e que depois ele irá cair de quatro. Existem esses CEOs por aí, mas dificilmente se entregam somente a uma.
- E o papo da boceta certa? - Ergo a sobrancelha para ele.
- Não funciona, somos imunes a esse tipo de coisa. - Ele diz e eu rio.
- Nunca perdi tanto tempo da minha vida ouvido tanta besteira. Uma atrás da outra. - Acabo com o resto do líquido do copo e me levanto do banco. - Passar bem.
- Ei! - Segura o meu braço quando começo a passar por ele. - Ainde você vai?
- Embora. Com licença. - Olho para meu braço, na esperança que ele se toque e me solte.
- Você prefere ir embora e se acabar com a ajuda de um vibrador, do que ficar aqui, bebendo e na minha companhia. Garanto que não vou avançar o sinal agora. Mas posso te dar uma amostra do que você terá mais tarde.
- Você tem um ego, hein! - Rio de sua cara confusa. - Esse seu papinho não funciona comigo. Vai atrás de alguém que te queira. Agora, Tchau. - Puxo o meu braço de seu aperto e ele me deixa ir, mas diz:
- Você ainda vai cair nesse meu papinho, e juro que vou te deixar viciada em mim. - Ele sorri, malicioso. - Você ainda vai implorar para ter o meu pau nessa sua bocetinha. - Me afasto logo, antes de deixar me levar por esse intrometido cheio de si.
- Me desculpe! - Digo ao esbarrar no amigo do intrometido.
- Você está bem? - Pergunta.
- Com licença. - Saio em disparada ao andar de baixo, mas antes de sumir, olho para trás e percebo que aqueles olhos castanhos estão me acompanhando. Ele sopra um beijo e depois sorri.
Puta merda!
Saio atrás de Jeanne, mas ela está se atracando com um cara, decido não interromper. E na curiosidade, acabo olhando para cima, e lá estão aqueles olhos castanhos focados em mim. Como uma águia mirando sua presa. Após pagar o que consumi, saio dessa balada. Não pretendo colocar os pés aqui, nunca mais.
Sinto uma tontura, mas não é por causa do álcool ingerido e sim pelo tesão absurdo que estou sentindo. Não sinto isso desde que conheci Pierre.r
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Simplesmente Irresistível
RomanceO cheiro de café inundava o ambiente. Sempre que sentia esse cheiro, sentia-me em casa. Não há nada melhor. Nunca houve. Pelo menos era assim que eu pensava. Até sentir o cheiro "dele". Um cheiro de homem, com algo almíscarado. Era um misto. Sim...