Um Mero início- o começo da trilha

93 4 5
                                    



Foi de início um conjunto deturpado de pensamentos...

Quem era eu no meio de toda essa bagunça do mundo estranho Baú? Era um desmanche em formas coladas a perfeição do redondo lá fora?

Queria ser mais ... Queria a tangente em que o lúdico ultrapassa a inconsistência, transformando tudo em liquido vermelho e meros coágulos em tecido de pele.

E como trataria isso em todo esse colapso nervoso que nos encontramos...a pergunta ainda sem resposta...

Eu, Nataliah Gardeni, hoje mais conhecida como Lust Queen, era uma menina de 18 anos, com uma cabeça à frente do meu tempo. Nunca fui de me envolver emocionalmente em doses exaustivas em relacionamentos. A paixão era sempre avassaladora, mas amor, não era o foco de cada dia. Nunca imaginei e nem esperei um homem, ou uma mulher em cima de um cavalo branco ou que eu descesse pelo castelo e desse o beijo esperado para o acordar.

A minha busca real sempre foi em prol do que me fizesse sentir liberta...mas liberta de tudo e até de mim mesma... e a única certeza que tinha é que minha caminhada seria árdua, pois encontrar a minha real essência era algo que não encontrava em livros e dicionários, mas esperava saber o que havia dentro de mim que ansiava tanto sair.

Em meados de 2008, já estava em meus completos 18 anos, era estudante de curso técnico em montagem de microcomputadores, o curso era repleto de homens, eu a única mulher. Sempre me dei muito bem com amigos homens, até porque a maioria eram realmente amigos, não me interessavam como namorados ou afins, e pra mim era indiferente se um dia em meio a um papo surgisse um beijo e desse beijo acabasse em uma "ficada"... Mas meu interesse maior não era e até hoje não é. Sou bissexual, e isso até hoje ainda paira meio confuso pra mim, não pelo preconceito, mas sim por ver que a sociedade impõem um parâmetro tênue do que é ser normal desde sempre, e isso deveras me irrita.

Eu sempre trouxe comigo o pensamento que o desejo se sente pelo ser humano, a conexão é dada entre olhares e toques e não pelo o que se leva de diferente entre o meio de suas pernas.

Eu sou apaixonada pelo o humano, pela vida e sou louca...sim, sou louca, já admiti isso a mim mesma desde meus 13 anos quando tive minha primeira namorada, e vi que o "normal" da sociedade não era cabível para mim.

Mas ao longo dos anos vi que mesmo sendo um tanto quanto diferente, ainda não estava completa e minha busca ainda não havia chegado ao fim... eu era resistente a algo, só me restava saber ao quê.

Como disse, minhas amizades eram normalmente mais duradouras com homens, e fiz muitos amigos bons nesse curso, um deles se tornou em um espaço de tempo um verdadeiro confidente.

Sabe quando você não sente medo de contar e abrir o seu tudo para alguém, pois sabe que mesmo aquele sabendo o seu tudo ele saberá compreender e nunca lhe julgará por ser quem você escolheu ser? Sim, digo escolher ser, pois todos temos escolhas na vida, eu fiz a minha quando decidi ser quem sou hoje, e a minha vida sempre foi repleta de decisões. Tanto quando decidi com 11 anos colocar o primeiro cigarro na boca, quanto quando decidi que com 13 anos iria namorar uma menina da escola e ninguém teria nada a ver com isso, fiz a minha escolha. E com 18 decidi que Douglas seria meu braço direito, seria meus olhos quando eu estivesse cega e seria minhas mãos para tatear no escuro e afastar os que poderiam me fazer o mau.

Douglas e eu conversávamos sobre inúmeros assuntos, um sabia de cor sobre a vida e trajetória do outro. Ele me conhecia do avesso, mais até mesmo que do que eu, eu cria veemente que também o conhecia por completo, mas algo ainda era um mistério naquele homem de 35 anos... Sim meus queridos, 35 anos...nunca tive paciência pra meninos e meninas, nem para amizade e nem para me relacionar. Meus amigos sempre eram de 28 anos para mais.

A cada conversa com Douglas me trazia uma sensação que com suas mãos poderia encontrar a esfinge dourada que procurava. Sim, pode me perguntar; fui apaixonada por ele? Não, ele era um amigo, um ótimo amigo, e mesmo com tudo que nos ocorreu nos anos seguintes nunca amei Douglas e sim o cuidar dele por mim...irei explicar isso mais tarde, a questão do cuidar.


Minha amizade com Douglas foi se fortalecendo com o passar do tempo, gostávamos de beber uma cerveja depois do curso, era nosso momento de desvencilhar de tudo e somente rir ou as vezes até chorar. Era quase um mantra, estudo depois cerveja ou um vinho e risadas.

E eu em meio aquelas conversas me perguntava numa constância: aonde será que isso tudo chegará? Quando será que irá terminar? Mal sabia eu que Eu, Nataliah, estava apenas no começo... caminhando para um abismo sem fim...um mero inicio.


Douglas e eu cada vez mais próximos, nem imaginávamos o que nos aguardava, talvez ele sim, mas eu não, só esperava e esperava... mas sabia que algo estava por vir e esse viria de cavalo, mas não em cavalo branco... e sim envolto de crina negra.

Num sábado resolvemos nos encontrar e trabalhar em nosso mantra, algumas cervejas e uma boa conversa. Ao desligar o telefone, vi que aquela sensação de espera estava talvez perto do findar. Não sei explicar porque, mas foi isso que senti.

Como sempre a conversa se estendeu por horas, e voavam...nem vi que já havia me excedido nos copos de cerveja e que já ria além da conta.

Foi então que a pergunta a mim veio e eu soltei como se fosse uma " vamos tomar mais uma?"...Mas não foi essa a pergunta, e então foi ai que percebi que a partir da pergunta mais besta e simples eu começaria meu mundo.

E assim surgiu o tudo!

Vamos começar a história? Entre, sente-se e entregue-se!

A Chegada Da LuxúriaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora