Capítulo dois

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Caio

— Aonde você vai?

— Sair ué! — Sophia parece afoita com algo.

— Ela vai sair com alguns amigos: a Karen, Mel, Renan e o Pedro. Você se lembra do Pedro? — Manuela me encara enquanto guarda os talheres na gaveta do armário.

— Lembro-me de não gostar dele! — digo.

— Pai! — Sophia me repreende com um sorriso lindo no rosto. Eu sabia que alguma coisa estava diferente.

— Esse garoto não tinha ido embora? — Eu juro que pensei ter me livrado desse moleque.

— É, mas voltou. E ele está lindo, alto com olhos da cor do céu. — Sophia suspira.

— Você ainda quer sair? Acho bom ficar quieta — Manuela cochicha.

— Acho melhor ainda você subir, trocar de roupa e ir assistir desenho com sua irmã.

— Assistir desenho, pai? Fala sério!

— Leia um livro então — digo, deixando Sophia emburrada. — Qual o problema em fazer companhia a sua irmã e assistir um pouco de desenho com ela?

— Pai... Eu vou sair com meus amigos. Não é justo eu ficar em casa em pleno sábado à tarde!

— Injusto é eu ver minha filha cair nas lábias desse garoto novamente.

Ela bufa, e Manuela resolve intervir:

— Caio, o Pedro é um ótimo menino e você sabe disso.

— Amor, a única coisa que eu sei...

— Pai, a Karen está me esperando. Mãe, posso? — Sophia implora a Manuela, que me encara. Resolvo ceder. Nada de contrariar minha amada.

— Vai, filha.

— Amor! — Faço um charme.

Sophia sai toda feliz cantarolando e dizendo que nos ama.

— Caio, por que você implica tanto com o Pedro?

— Eu não implicava quando ele estava longe — digo, rindo. — Não é que eu não goste, eu só não gosto dele perto dela.

Minutos depois Manuela pega o celular e confere suas mensagens. Em seguida, sorri e me olha.

— Por que você está com esse sorrisinho aí? — pergunto, desconfiado.

— A Sophia quer saber se elas e os amigos podem vir para cá.

— O que houve com o shopping? — pergunto, frustrado. Não sei se quero ver de perto minha filha ao lado daquele garoto.

— Não sei. Ela só está perguntando isso! — Manuela dá de ombros e volta a cozinhar.

— O Pedro vem?

— Sim, e um dos pedidos dela é que você não dê pití!

— Como é que é? — Mas que porra é essa? — Eu não dou pití! — Digo, enfático.

— Amor, é melhor termos ela perto do que aprontando por aí.

Respiro fundo, tentando afastar qualquer pensamento que me faça querer cometer um assassinato.

— Caio?

— O quê? Ah, ok! Eu só não prometo que vou ficar de que boca fechada.

— Você não vai fazer nada, não é? — Ela para o que está fazendo para me fuzilar nos olhos.

— Amor, você precisa ver o meu lado também.

— Só promete para mim que não vai aprontar nada.

Fico pensativo, mas para minha surpresa, Manuela solta uma que eu não esperava:

— Ou você se comporta, ou farei greve!

— Greve? — Encaro-a, assustado.

— Sim, greve!

— Mas greve de que exatamente?

— Greve! Seu cassetete não verá minhas algemas por um mês.

— UM MÊS! — O desespero faz parte de mim agora. — Manuela, meu amor, você não precisa ser tão radical. — Me aproximo dela.

— Você escolhe! — ela diz, decidida, e quando ela fala desse jeito é batata. Não gosto nem de lembrar da última vez que rolou greve de sexo aqui em casa. Foi logo depois que a Alice nasceu.

Melhor nem lembrar!

Manuela, isso é golpe baixo.

— Está em suas mãos! — Ela sorri, pois sabe que eu cederei.

— Ok! Eu prometo me comportar. — Digo, muito contrariado.

Vejo Manuela sorrir enquanto responde Sophia e, ao passar por mim, ela solta uma gargalhada. Eu me movo e a prendo contra a parede ficando bem próximo de seus lábios. Seu rosto ruboriza. Como é bom ver que mesmo depois de tantos anos juntos eu ainda mexo com ela.

— Vai ter troco! — Aperto mais ainda seu corpo contra a parede.

— Hum... E você vai fazer o quê? — Ela aproxima seus lábios dos meus.

— Posso deixar você pegando fogo até você ceder!

— Vai ter que se esforçar bastante pra isso. — Ela sorri maliciosamente.

Mordo o lóbulo de sua orelha para depois distribuir beijos por seu pescoço. Aperto sua bunda, pressionando-a em direção ao meu corpo. Manuela fica tensa e eu sei que quando ela trava é para não resistir, mas eu também sei como mudar isso. Beijo Manuela sugando deliciosamente sua boca e dando leves mordidas em seu lábio inferior. Em seguida, agarro seu seio esquerdo e beijo-o por cima de sua blusa, segurando suas mãos em cima de sua cabeça.

— Caio, Alice está na sala. Sua irmã deve estar chegando e teremos adolescentes fervorosos aqui, será que você pode parar?

Manuela sabe o quanto mexe comigo e o quanto não consigo ficar sem ela, mas como ela mesma disse, teremos adolescentes com muito mais hormônios à solta. Não posso ficar com minha tocha acesa. Preciso apagar a deles.

Felipe e Fernanda chegam como dois pombinhos.

— Olá, família! — Fernanda nos dá um forte abraço, depois é Felipe que também nos cumprimenta.

— E aí, irmão, beleza?

— Qual é a boa cara? — pergunto.

— Oi, cunhadinho — Manuela diz.

— A boa é curtir a noite e o jantar. E vocês o que andam fazendo? Sem ser filhos? — Felipe solta uma gargalhada.

— Começou o palhaço com suas brincadeirinhas idiotas — digo, dando um riso sem graça.

— A boa é que termos companhia para o jantar.

— Sério. De quem? — Fernanda pergunta.

— Sophia e alguns amigos — respondo.

— "Amigos" ou "namorado"? — Felipe pergunta, fazendo aspas com os dedos. — Fiquei sabendo que o tampinha está de novo no Rio.

— Isso é o que vamos descobrir — digo ao ver, pela porta da cozinha, Sophia entrar de braços dados com Karen e Mel. Atrás delas, vêm Renan conversando animado com o garoto que voltará a perturbar minhas noites de sono, principalmente quando Sophia estiver na rua.


Meu raio de sol 2 (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora