Caio
— Aonde você vai?
— Sair ué! — Sophia parece afoita com algo.
— Ela vai sair com alguns amigos: a Karen, Mel, Renan e o Pedro. Você se lembra do Pedro? — Manuela me encara enquanto guarda os talheres na gaveta do armário.
— Lembro-me de não gostar dele! — digo.
— Pai! — Sophia me repreende com um sorriso lindo no rosto. Eu sabia que alguma coisa estava diferente.
— Esse garoto não tinha ido embora? — Eu juro que pensei ter me livrado desse moleque.
— É, mas voltou. E ele está lindo, alto com olhos da cor do céu. — Sophia suspira.
— Você ainda quer sair? Acho bom ficar quieta — Manuela cochicha.
— Acho melhor ainda você subir, trocar de roupa e ir assistir desenho com sua irmã.
— Assistir desenho, pai? Fala sério!
— Leia um livro então — digo, deixando Sophia emburrada. — Qual o problema em fazer companhia a sua irmã e assistir um pouco de desenho com ela?
— Pai... Eu vou sair com meus amigos. Não é justo eu ficar em casa em pleno sábado à tarde!
— Injusto é eu ver minha filha cair nas lábias desse garoto novamente.
Ela bufa, e Manuela resolve intervir:
— Caio, o Pedro é um ótimo menino e você sabe disso.
— Amor, a única coisa que eu sei...
— Pai, a Karen está me esperando. Mãe, posso? — Sophia implora a Manuela, que me encara. Resolvo ceder. Nada de contrariar minha amada.
— Vai, filha.
— Amor! — Faço um charme.
Sophia sai toda feliz cantarolando e dizendo que nos ama.
— Caio, por que você implica tanto com o Pedro?
— Eu não implicava quando ele estava longe — digo, rindo. — Não é que eu não goste, eu só não gosto dele perto dela.
Minutos depois Manuela pega o celular e confere suas mensagens. Em seguida, sorri e me olha.
— Por que você está com esse sorrisinho aí? — pergunto, desconfiado.
— A Sophia quer saber se elas e os amigos podem vir para cá.
— O que houve com o shopping? — pergunto, frustrado. Não sei se quero ver de perto minha filha ao lado daquele garoto.
— Não sei. Ela só está perguntando isso! — Manuela dá de ombros e volta a cozinhar.
— O Pedro vem?
— Sim, e um dos pedidos dela é que você não dê pití!
— Como é que é? — Mas que porra é essa? — Eu não dou pití! — Digo, enfático.
— Amor, é melhor termos ela perto do que aprontando por aí.
Respiro fundo, tentando afastar qualquer pensamento que me faça querer cometer um assassinato.
— Caio?
— O quê? Ah, ok! Eu só não prometo que vou ficar de que boca fechada.
— Você não vai fazer nada, não é? — Ela para o que está fazendo para me fuzilar nos olhos.
— Amor, você precisa ver o meu lado também.
— Só promete para mim que não vai aprontar nada.
Fico pensativo, mas para minha surpresa, Manuela solta uma que eu não esperava:
— Ou você se comporta, ou farei greve!
— Greve? — Encaro-a, assustado.
— Sim, greve!
— Mas greve de que exatamente?
— Greve! Seu cassetete não verá minhas algemas por um mês.
— UM MÊS! — O desespero faz parte de mim agora. — Manuela, meu amor, você não precisa ser tão radical. — Me aproximo dela.
— Você escolhe! — ela diz, decidida, e quando ela fala desse jeito é batata. Não gosto nem de lembrar da última vez que rolou greve de sexo aqui em casa. Foi logo depois que a Alice nasceu.
Melhor nem lembrar!
— Manuela, isso é golpe baixo.
— Está em suas mãos! — Ela sorri, pois sabe que eu cederei.
— Ok! Eu prometo me comportar. — Digo, muito contrariado.
Vejo Manuela sorrir enquanto responde Sophia e, ao passar por mim, ela solta uma gargalhada. Eu me movo e a prendo contra a parede ficando bem próximo de seus lábios. Seu rosto ruboriza. Como é bom ver que mesmo depois de tantos anos juntos eu ainda mexo com ela.
— Vai ter troco! — Aperto mais ainda seu corpo contra a parede.
— Hum... E você vai fazer o quê? — Ela aproxima seus lábios dos meus.
— Posso deixar você pegando fogo até você ceder!
— Vai ter que se esforçar bastante pra isso. — Ela sorri maliciosamente.
Mordo o lóbulo de sua orelha para depois distribuir beijos por seu pescoço. Aperto sua bunda, pressionando-a em direção ao meu corpo. Manuela fica tensa e eu sei que quando ela trava é para não resistir, mas eu também sei como mudar isso. Beijo Manuela sugando deliciosamente sua boca e dando leves mordidas em seu lábio inferior. Em seguida, agarro seu seio esquerdo e beijo-o por cima de sua blusa, segurando suas mãos em cima de sua cabeça.
— Caio, Alice está na sala. Sua irmã deve estar chegando e teremos adolescentes fervorosos aqui, será que você pode parar?
Manuela sabe o quanto mexe comigo e o quanto não consigo ficar sem ela, mas como ela mesma disse, teremos adolescentes com muito mais hormônios à solta. Não posso ficar com minha tocha acesa. Preciso apagar a deles.
Felipe e Fernanda chegam como dois pombinhos.
— Olá, família! — Fernanda nos dá um forte abraço, depois é Felipe que também nos cumprimenta.
— E aí, irmão, beleza?
— Qual é a boa cara? — pergunto.
— Oi, cunhadinho — Manuela diz.
— A boa é curtir a noite e o jantar. E vocês o que andam fazendo? Sem ser filhos? — Felipe solta uma gargalhada.
— Começou o palhaço com suas brincadeirinhas idiotas — digo, dando um riso sem graça.
— A boa é que termos companhia para o jantar.
— Sério. De quem? — Fernanda pergunta.
— Sophia e alguns amigos — respondo.
— "Amigos" ou "namorado"? — Felipe pergunta, fazendo aspas com os dedos. — Fiquei sabendo que o tampinha está de novo no Rio.
— Isso é o que vamos descobrir — digo ao ver, pela porta da cozinha, Sophia entrar de braços dados com Karen e Mel. Atrás delas, vêm Renan conversando animado com o garoto que voltará a perturbar minhas noites de sono, principalmente quando Sophia estiver na rua.
ESTÁ A LER
Meu raio de sol 2 (DEGUSTAÇÃO)
ChickLitDesde a infância, Pedro e Sophia nunca esconderam de ninguém o carinho que sentiam um pelo outro, até quando a mudança de país fez eles se afastarem. Agora, Pedro está de volta, disposto a enfrentar o passado e correr atrás do tempo perdido para rec...