Capítulo 1 - Olhos azuis

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Will Narrando

Já escutou aquela pergunta que todo mundo faz quando se está prestes a começar o último ano do ensino médio? Aquela que é bem famosinha? Já lembrou, né?! " Qual profissão você vai seguir ?"

Suspirei.

- Eu não faço a mínima ideia do que eu quero ser.. - Sussurrei para mim mesmo me levantando da cama.

- Willian, venha jantar ! - Mamãe gritou lá debaixo.

- Já vou!

Desci as escadas correndo e faltando alguns não muitos degraus, eu driblei o corrimão e pulei para o centro da parte debaixo.

- Pare de fazer essas coisas de criança. Você já é um homem! - Ela reclamou.

Fiz lhe uma careta assim que mamãe se virou para ir a cozinha.

O jantar estava muito bom mas logo fiquei sem fome quando os comentários à mesa começaram.

- E então, filho, já escolheu a faculdade que quer entrar? - Esse foi meu pai, Paulo, quem perguntou.

- Pai, falta um ano ainda... para quê pensar nisso agora? - Perguntei.

Seus olhos cor de mel me fitaram.

- Um ano passa rápido.. quanto antes puder pensar nisso, melhor, não?!

Suspirei.

- Eu não quero pensar nisso por enquanto, okay ? - Falei enfiando mais uma garfada de salada na boca.

- Mas, por que não? É do seu futuro que estamos falando...

Não aguentei. Foi a gota d'água. Larguei o garfo e a faca em cima da mesa, afastei a cadeira e me levantei.

- Perdi a fome. - Falei já saindo dali.

- Mas, você mal comeu.. - Mamãe disse encarando meu prato cheio.

- Pois é... - E fui para o quarto escutando no caminho minha mãe e meu pai começarem uma discussão.

Chegando na porta, eu suspirei.

"Esse lugar me sufoca." Pensei.

Peguei um guarda chuva depois de notar que nevava ao passar por uma janela, e em seguida coloquei um casaco bem grosso. Saí pela frente já que a cozinha ficava lá nos fundos.

Era noite e ventava um pouquinho, mas isso não incomodou nenhum pouco, estava muito feliz em pegar um ar puro. Abri o guarda-chuva e comecei minha caminhada.

Não sei quantos minutos se passaram, mas eu só queria continuar lá fora, onde a neve caía graciosamente.

Parei numa pequena e deserta ponte acima de um lago congelado que na primavera se tornava uma vista muito bonita.

A neve quase não caía direito, mas os poucos flocos que deixavam o céu eram algo digno de se parar para assistir.

Talvez você que esteja lendo, me ache estranho por ficar parado observando coisas assim, meu caro leitor, mas flocos de neve sempre me encantaram pelo fato de serem feitos da mesma coisa, mas nenhum ser igual ao outro.

Peguei um na mão assim que o mesmo caiu e o observei até que virasse água e desaparecesse. Foi nesse momento que escutei passos se aproximando.

Alguém cujo rosto eu não podia ver graças ao guarda-chuva que usava se aproximou.

Eu observei até que a pessoa jogasse o guarda-chuva no chão.

Era uma garota, pelo menos foi o que presumi pelo tamanho dos cabelos já que mal dava para ver seu rosto naquela escuridão da noite e na falta de postes naquela ponte. Acho que ela não percebeu que eu estava ali também.

Fiquei observando a garota em silêncio até notar o que ela estava prestes a fazer. Tinha se sentado no muro de proteção da ponte e em seguida tentava ficar em pé ali.

Meu coração acelerou quando ela deu um passo a frente para mais perto do nada.

- Ei! - Eu gritei correndo até ela e largando meu guarda-chuva no chão.

Eu só sei que ela se virou para mim, me viu, ficou assustada e tentou pular dali imediatamente, mas eu fui mais rápido e a rodeei com os dois braços sua cintura a puxando para mim.

O resultado daquela loucura toda é que a garota caiu em cima de mim e eu caí bruscamente no chão.

Minha respiração era acelerada, mas logo parou quando ela tentou se levantar e seus olhos ficaram na mesma altura dos meus. Eram azuis. Seus olhos eram azuis, mais azuis que o oceano mesmo naquela escuridão toda.

Trazendo me a realidade no segundo seguinte, ela se levantou num pulo, pegou o guarda chuva e saiu correndo desaparecendo na escuridão da noite.

O Mistério Dos Flocos De Neve (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora