Prólogo

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Amanda Teixeira

Há 3 anos minha vida mudou completamente o rumo.

Meu pai sofria de leucemia fazia um bom tempo, ele começou apenas tomando remédios, mas logo sua rotina virou quimioterapia, exames e dietas, depois de um tempo seu quadro se agravou. Eu, apenas com 13 anos, vi meu pai desfinhar, até que um dia eu fui retirada mais cedo da escola pela minha avó. Foi só eu olhar para sua expressão abatida para eu entender que ele havia partido.

Depois disso, tudo aconteceu muito rápido.

As malas da minha mãe ficaram prontas junto as minhas. Mas não ficamos juntas. Ela, em apenas uma semana depois do enterro, me deixou em frente a casa da minha avó e foi embora. Até hoje lembro a sua desculpa.

– Filha, a mamãe vai precisar fazer uma viajem curta, mas não posso te levar. Vai ser por pouco tempo, prometo. Você vai continuar em sua escola e com seus amigos, a vovó está ansiosa para ficar contigo, fez aqueles churros que você ama. Eu volto pra te buscar, está bem? Te amo muito.

O que na verdade, e que eu entendi depois de algum tempo, minha mãe queria recomeçar, e como ela faria isso com uma filha de 13 anos abatida ao seu lado e que é a cara cuspida do seu ex marido?

Não a julgo, mas não faria igual.

E eu acho que minha mãe não tem noção de tempo, já que se passaram 3 anos e sua  "viajem curta" ainda não acabou...

Quer dizer, acabou sim.

Ontem, enquanto eu tentava dar banho no Esnobe, um dos 6 gatos da minha avó - ela gosta de pegar gatos abandonados que encontra na rua - ouvi minha avó muito animada ao telefone, muito mais animada que o normal. Segundos depois veio a notícia.

– Sua mãe, querida. Ela está em um hotel aqui perto, irá passar aqui amanhã pela tarde.

Quero dizer que eu quase, sem querer, afogava o Esnobe dentro da bacia que eu o banhava. Estou com três marcas de garras em meu braço por isso.

Pelo celular, minha mãe comentou brevemente que tem uma novidade para nos contar, o que me fez ficar mais ansiosa do que já estou.

Humor e piadas.

Eu e dona Maria das Graças, vulgo minha avó, decidimos arrumar o quarto de hóspedes para a minha mãe, mesmo que ela não passe a noite aqui, acho que estamos fazendo isso mais para nos distrair da notícia recente.

Eu não sei o que pensar. Não tenho raiva da minha mãe, mas não tem como não guardar recentimentos.

Poxa, eu tinha acabado de perder um pai e acabei perdendo uma mãe também.

– Essa cabecinha está pensando demais.

Minha avó me cutuca me tirando de um bilhão de pensamentos.
Dou apenas um sorriso fraco.
Estávamos agilizando as coisas já que fomos avisadas um pouco em cima da hora.

– Está com saudades dela?

Ela pergunta.

Ajeito a coluna parando de colocar o lençol de elástico no colchão.

– Estou. - confesso. –  Não sei qual vai ser a minha reação quando a ver.

O que é verdade.

O que eu vou falar?

"Oi mãe! Lembrou que tem filha, né?"

– Eu também estou com saudade dela e por isso quero que esteja tudo prefeito.

Eu via o brilho no olhar da minha avó, ela com certeza estava mais ansiosa que eu, dava para notar pela quantidade de vezes que ela limpou a cômoda.

Sinceramente Apaixonados - Meu Meio Irmão // REPUBLICANDO Onde as histórias ganham vida. Descobre agora