2 - Genus

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Capítulo 2 – Família.

The Wild One saía estourando pelo som do meu Impala enquanto eu apenas gritava e cantava junto. Sabia aonde ir para conseguir informações de Nicolau, e que eles me dariam casos de vampiros para matar e descarregar a minha raiva, o que era essencial no meu estado. Papai sempre foi amigo de alguns caçadores de um bar da estrada, eu me lembro do caminho mesmo que o tempo tenha passado, Kansas sempre foi um lugar tão merda que as estradas de barro do interior não mudavam. A música acabou e então Lips Like Sugar começou a tocar, aquela era uma canção maravilhosa, e eu adorava que meu pai tenha me passado seu bom gosto para a música.

No retrovisor do carro havia uma foto de mamãe e papai juntos, eu tinha que me manter focada mesmo passando da idade, meu foco era a vingança dos meus pais. Vinte e cinco anos e eu estava na estrada. Nessa idade algumas mulheres estão pensando em casar e ter filhos, não é? Se bem que depois de tanta reviravolta na sociedade eu duvido muito que tenha gente que ainda pense assim, então eu não tinha com o que me importar.

Estacionei o carro na frente do bar de estrada que parecia fechado, mas eu não duvidaria que tinha gente ali. Os donos costumavam morar ali, e eu espero que ainda façam isso. Desliguei a música e saí do carro sentindo o sol contra a minha pele, acabei sorrindo, algumas criaturas não podiam sentir aquele mesmo calor. Eu precisava parar de fazer piadas sobre vampiros, não era a coisa mais legal do mundo com os coitadinhos.

Só que não.

Andei até a entrada do bar, uma porta de madeira bem gasta, lembro muito de passar por ela correndo quando eu tinha meus quinze anos de idade e vivia ali com papai. Empurrei a mesma me certificando de que não havia ninguém do lado de dentro e caminhei até a mesa de bilhar sorrateiramente, tinha um idiota dormindo nela.

– Eu acho que você não é o Sam. – comentei baixinho apenas para mim.

Sam era uma das pessoas que eu esperava que ainda morasse ali. Dei um passo para trás pronta para me virar e descer o degrau normalmente, mas minhas costas bateram contra o cano de alguma coisa e eu tive que respirar fundo.

– Que seja um rifle por favor. – Sussurrei mais para mim mesma do que para a pessoa que estivesse atrás de mim.

Não esperava ser recebida com um bolo e uma faixa escrita "seja bem-vinda" o povo dali nem devia se lembrar do meu rosto mais.

– Pro seu azar é sim. – Era a voz de uma menina.

Eu tinha que dar um jeito de me virar, era apenas uma criança, ela não puxaria o gatilho, não é? Respirei fundo e dei um sorriso de canto.

– Você deveria prestar atenção. Quando se coloca um rifle nas costas de alguém fica fácil, – me virei de uma vez retirando a arma de suas mãos e a jogando longe logo depois – fazer isso.

Era uma menina loira em torno dos quinze anos, eu não me lembrava dela, não lembrava de nenhuma menina loira morando por essas bandas.

– Fique longe dela. – Olhei para trás novamente vendo um senhor bem mais velho que eu com uma pistola apontada na minha direção.

A menina correu para ele sem pensar duas vezes, e eu fiquei ali olhando para ele. Era o tio Charlie, mas ele não me daria a oportunidade de dizer quem eu era. Quem eu queria enganar, já faziam mais de dez anos que eu não andava ali, eles nunca viram nem a minha sombra mais. Me viram como adolescente e agora não me surpreende não se lembrarem de mim quando já sou uma mulher.

– Olhe eu... – levantei as mãos soltando o rifle tentando achar uma maneira de dizer que eu era uma antiga amiga que ele não estava conseguindo lembrar.

Sanguinem (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now