- Não tem problema. Quer conversar?

- Você tem certeza?

Ele me olha e respira profundamente.

- O que aconteceu, aconteceu, mas estamos no mesmo barco, e quanto mais sincronizados estivermos, melhor.

- Tudo bem. - respondo. - É que eu estou com muitas incertezas sobre o que vai acontecer.

- E alguém tem alguma certeza? - ele diz, já ofegando. - Pode parar de correr, por favor? Meus pulmões não foram feitos para isso.

- Tome Vodka.

- O que? - ele me pergunta.

- Vodka. - respondo. - Bebida incolor, teor alcoólico grande...

- Eu sei o que é Vodka. - Bernard responde. - Mas no que Vodka ajuda?

- Analgésico, te deixa mais forte e mais rápido.

- Você está falando sério?

- Claro. Pena que não temos aqui.

- Vladmir, depois conversaremos mais sobre o seu conceito sobre a Vodka, mas não é isso o que te preocupa agora, é?

- Não. O que me preocupa é se algum de vocês morrer.

- As pessoas morrem, não dá pra mudar isso.

- Gostaria de não ter que ver isso até a minha idade limite chegar.

- A Sophia sabe que você anda pensando essas coisas? - ele indaga.

- Não e, por favor, não conte à ela. - digo, exasperado.

Ele dá uma pequena risada.

- Tudo bem, tudo bem. Mas se concentre no hoje, e hoje estamos todos aqui.

- Até que você não é tão.... Como se diz mesmo?

- Idiota?

- Isso. Até que você não é tão idiota assim.

- Que bom que você aprecia minhas habilidades. Agora, quanto à Vodka...

- Experimente e depois opine. Regra n°1 sobre a Vodka. - digo, resoluto.

- All right. Até mais, Vladmir.

- Até, Bernard.

...

- Você e o Bernard conversaram? E sem agressividade?

Sophia parecia chocada.

- Estranho, não é? Mas de Vodka ele não sabe de nada.

- O que é Vodka? - ela pergunta

- Depois falamos sobre isso. Vamos só aproveitar o momento por enquanto.

- Até que eu te ensinei bem.

- Você não imagina o quanto, malen'kaya feya.

- Posso me acostumar com isso.

Encostado em seu corpo, finalmente aprecio o fato de estar vivo.

Anippe Mahlab

Faltam 40 minutos para a hora da fuga. Vibro em pura excitação e expectativa, assim, decido espairecer.

Acendo a iluminação noturna do quarto. Uma luz tênue toma o ambiente. Assopro a orelha dele três vezes, até ver o movimento que procuro.

Akira suspira e se move na cama, assim, percebo que ele está despertando. Me viro de frente para ele, segurando uma risada que luta para se libertar. Meus cabelos soltos caem sobre o travesseiro, e eu os ajeito antes que ele abra os olhos.

InfectedWhere stories live. Discover now