Às nove horas da noite, Max já estava exausto e caiu facilmente no sono enquanto eu o amamentava após o seu banho. Deixei-o dormindo no berço em segurança e fui para o chuveiro. Então deixei as lágrimas, que contive o dia inteiro, caírem livremente.

Já há algum tempo só me permitia chorar no banho, tinha alguma coisa na forma como as lágrimas se misturavam com a água que caia do chuveiro; que não fazia eu me sentir tão fraca. Quase como seu pudesse enganar a mim mesma e fingir que não estava chorando. Eu me sentia sozinha de uma forma que nunca me senti antes.

Meu choro não demorou muito, no entanto, sobretudo porque precisava ser madura por Max. E também por ter descoberto há muito tempo, que chorar trancada no banheiro, era um privilégio que mães de bebês pequenos não possuem.

Após o banho, fico sentada na beirada da cama, enrolada em uma toalha e ouvindo apenas a respiração suave de Max vindo do berço, enquanto penteio os meus cabelos com lentidão. Após longos minutos fazendo isso, abro a minha gaveta e vou direto para a minha camiseta favorita para dormir. Uma que havia sido do meu pai e que eu tinha colocado em minha mala para os dias melancólicos.

Gosto de pensar que ela ainda possui o seu cheiro e que vesti-la em dias em que me sinto mais solitária, equivale a ganhar um abraço seu. Ambas as coisas pareciam impossíveis, mas eu acredito piamente nas duas. Abraçando o meu próprio corpo, me debruço sobre o berço do meu bebê e toco o seu rosto. Mesmo dormindo, ele parece notar minha presença e um pequeno sorriso surge em seu rosto. É tão lindo quando ele faz isso e me traz uma paz indescritível.

Saio do quarto com a babá eletrônica na mão, embora a casa seja tão pequena que eu ouviria facilmente o seu choro, mesmo estando na sala. Depois de ligar a tevê em um volume aceitável, caminho com destino certo para a geladeira. Pego o pote de sorvete que trouxe para a casa junto com outras compras hoje à noite e volto para o sofá.

Eu deveria estar dormindo também, aproveitando o sono profundo de Max e recuperando o meu sono atrasado. Mas sei que não importa o quanto eu me revire na cama, não conseguirei dormir.

Eu me afago em meu pote de sorvete, como alguém faz com uma garrafa de tequila e mudo os canais por um tempo, procurando por um filme que não me faça chorar outra vez, quando ouço uma batida na porta. A princípio eu acho que estou delirando, que foi fruto da minha imaginação ou que a batida veio da tevê. Mas o barulho persiste mais algumas vezes, cada vez mais nítido, ganhando minha total atenção.

—Emma. — a voz de Damian chama do outro lado da porta — Emma... sou eu, Damian.

Meu coração não poderia saltar mais, nem se um fantasma estivesse batendo à porta e chamando pelo meu nome completo. O quê ele está fazendo aqui? E a essa hora?

—Emma. — ele insiste, a voz um pouco impaciente dessa vez — Abra por um minuto, por favor.

Ainda estou sentada no mesmo lugar, sem mexer um músculo sequer. Posso simplesmente fingir que não estou aqui, mesmo que meu carro esteja na garagem e a luz da tevê seja perfeitamente perceptível do lado de fora. Ele não sabe que não é educado aparecer sem avisar?

Tomo uma respiração profunda e caminho até a porta, quando decido por abri-la. Damian está parado com as duas mãos esticadas no batente. Os mesmos jeans escuros casuais e uma camiseta cinza dos Rolling Stones, juro que ele tem milhares delas. Seus olhos se levantam para mim, mas antes passam por todo meu corpo com lentidão. Pelo menos estou de camiseta hoje e ela com certeza cobre as partes importantes.

— Bonita camiseta. — ele diz com um meio sorriso. Meus olhos derivam para o ponto exato em que os seus estão agora, concentrados no símbolo do Pink Floyd ao centro. Meu pai era obcecado por essa banda, Damian e ele teriam muito assunto em comum.

Apenas Diga Que Me Ama/ Capítulos para degustaçãoHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin