CAPÍTULO VIII DA ARTE DAS MUDANÇAS

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meia vitória. Isso poderia ser um engodo para te fulminar por

completo. Permanece de sobreaviso, mesmo depois de obteres

todas as aparências de uma vitória completa.

VI. Sabendo que uma cidade, por menor que seja, está bem

fortificada e tem munições e víveres em abundância, evita sitiá-Ia.

Se só fores informado da situação depois de começado o cerco,

não te obstines em prossegui-Io. Corres o risco de ver todas as

tuas forças fracassarem contra essa praça, e serás constrangido

a abandoná-Ia vergonhosamente.

VII. Não desprezes nenhuma pequena vantagem que puderes obter

de forma segura e sem nenhuma perda. Essas pequenas

vantagens, quando negligenciadas, geram prejuízos irreparáveis.

VIII. Antes de pensar em conseguir alguma vantagem, compara-a com

o trabalho, a fadiga, as despesas e as perdas humanas e de

munições que ela poderá ocasionar. Avalia se poderás conservá-

Ia facilmente. Só depois de ponderar é que te decidirás a

aproveitar ou a abandonar tal vantagem, guiando-te por uma

sábia prudência.

IX. Nas ocasiões em que for necessário tomar imediatamente uma

decisão, não esperes as ordens do príncipe. Se tiveres que

desobedecer ordens recebidas, não hesites, age sem medo. A

principal intenção do príncipe que te colocou à frente dos

exércitos é venceres o inimigo. Se ele tivesse previsto as

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circunstâncias em que te encontras, certamente tomaria a

decisão que queres tomar.

Essas são as nove variáveis ou nove circunstâncias principais que

devem te engajar a mudar o comando ou a posição de teu exército, a mudar a

situação, a ir ou vir, a atacar ou se defender, a agir ou permanecer em repouso.

Um bom general não deve jamais dizer: Aconteça o que acontecer, farei tal

coisa. Irei lá, atacarei o inimigo, sitiarei tal praça. Somente as circunstâncias

devem ditar a conduta. Ele não deve ater-se a um sistema geral, nem a uma

maneira única de comandar. Cada dia, cada ocasião, cada circunstância requer

uma aplicação particular dos mesmos princípios. Os princípios são bons em si

mesmos; sua aplicação os torna amiúde nefastos.

O general deve conhecer a arte das mudanças. Se ele se fixa em um

conhecimento vago de certos princípios, em uma aplicação rotineira das regras

da arte bélica, se seus métodos de comando são inflexíveis, se examina as

situações de acordo com esquemas prévios, se toma suas resoluções de

maneira mecânica, é indigno de comandar.

A Arte da GuerraWhere stories live. Discover now